V- Boletim: A ação empreendedora sob uma perspectiva bibliométrica

O artigo desenvolvido por Ávila et al. (2021) buscou identificar quais as principais estruturas conceituais estão sendo desenvolvidas acerca da ação empreendedora em âmbito internacional. Segundo os autores essa investigação mostra-se pertinente uma vez que há a literatura científica acerca do tema tem cada vez mais questionado a perspectiva individual do empreendedorismo, deslocando o foco de sua análise para a ação.

Para realização da pesquisa os autores recorreram ao método científico denominado bibliometria, técnica quantitativa que permite identificar, quantificar e descrever um campo de pesquisa. Diante disso, em meados de junho de 2021, os autores realizaram uma busca avançada de documentos na base de dados Web of Science que contivessem no título os seguintes termos: “entrepreneur* action” OR “action theory of entrepreneur”. Mediante a busca realizada, encontrou-se 71 documentos, sendo estes 68 artigos e 3 revisões que continham no título o termo “ação empreendedora” ou “teoria da ação empreendedora”. As referências foram organizadas através do EndNote Web. Já os dados foram analisados a partir das planilhas eletrônicas e gráficos sistematizados no Microsoft Excel e as redes e figuras geradas pelo VOSviewer, a partir dos downloads dos metadados disponíveis na Web of Science.

Os resultados acerca da tendência temporal da produção científica internacional revelaram que o campo começou a ser difundido no início dos anos 2000, atingindo um ápice de publicações entre os anos de 2018 a 2020, o que revela que os estudos sobre a ação empreendedora são recentes e ainda pouco explorados na literatura científica internacional, tendo uma taxa anual de crescimento de aproximadamente 12,69%. A pesquisa ainda revelou que dentre os 134 autores que têm se dedicado à temática da ação empreendedora, evidenciou-se que alguns são mais citados devido ao desenvolvimento de trabalhos seminais na área, sendo estes correspondentes a análise anterior, como os trabalhos de McMullen e Shepherd (2006) e Alvarez e Barney (2007).

Além disso, a fim de contribuir para a extensão do conhecimento da ação empreendedora e minimizar os efeitos causados pela falta de uma estrutura conceitual bem definida para o campo, foi proposta uma matriz de síntese a partir dos resultados encontrados na pesquisa. A matriz sustenta que a ação é um meio necessário para que o empreendedorismo realmente aconteça na prática, que a função de empreender não está somente e necessariamente atrelada à uma perspectiva individual podendo ser compreendida a partir de uma lógica coletiva. Do mesmo modo, pode emergir em diferentes âmbitos, empreendimentos e contextos, transcendendo a geração de ganhos econômicos e empresariais, impactando positivamente o contexto ambiental, ajudando na resolução de demandas públicas.

Assim, por meio de uma oportunidade a ser criada, explorada ou descoberta, os indivíduos realizam “intercâmbios inovativos e aventureiros” com suas redes de relacionamento, incluindo a sociedade em prol da geração de benefícios coletivos, sendo um processo decorrente de uma ação empreendedora.

O estudo ainda propôs como estudos futuros que sejam realizadas investigações acerca da ação empreendedora como o epicentro do empreendedorismo, visto que, é a partir de uma ação direcionada por um ou vários indivíduos que a prática do empreendedorismo acontece de fato. Além disso, propôs o desenvolvimento de estudos quantitativos, a fim de construírem escalas de mensuração para a ação empreendedora a serem validadas nos diferentes contextos em que essa possa emergir.

Referências: 

ÁVILA, M. A. et al. A AÇÃO EMPREENDEDORA SOB UMA PERSPECTIVA BIBLIOMÉTRICA. In: ANAIS DO XXIV SEMEAD, 2021, Evento online. Anais… Evento online: SEMEAD, 2021. p. 1-16.

X Boletim: Inovação no setor público

Inovação no setor público

 

A inovação no setor público se apresenta como uma alternativa para melhorias internas bem como para as disfunções burocráticas que deixam a administração pública engessada e lenta. Isto porque, a inovação é retratada como um método para promover a prestação de serviços públicos e a qualidade dos serviços que atendam o cidadão-cliente.

As discussões acerca da inovação nas instituições públicas estão em fase de amadurecimento, pois o campo ainda apresenta diversos desafios, seja pela cultura das organizações públicas ou até mesmo pelas legislações que instituem e regulam deliberadamente sem um grau de flexibilidade de como as atividades devem ser desenvolvidas. Com isso, Kattel et al. (2003) propõem pesquisas acerca da temática inovação na gestão pública, fazendo necessário compreender o contexto da inovação na esfera pública.

A inovação no setor público pode ser compreendida a partir de três aspectos principais. Os estudos schumpeterianos que apresentam a inovação como uma teoria realizada por agentes empreendedores e criativos para entender as transformações que ocorrem na sociedade (KATTEL et al., 2013). Consequentemente, temos a ideia de Schumpeter que propõe a “destruição criativa” (SCHUMPETER, 1961, p. 110) para o entendimento do crescimento econômico.

O segundo aspecto é conhecido pela teoria organizacional e apresenta o fenômeno da inovação sem distinção entre a sua aplicação no setor público para o setor privado (KATTEL et al., 2013), reverberando a ideia de que a inovação ocorre pelas mudanças expressivas nas tarefas principais das organizações.

A teoria autóctone define o último aspecto e se inicia no ano 2000 (KATTEL et al., 2013), com destaque para as tentativas de implantar a inovação na gestão pública. Dessa maneira, a distinção para a inovação no ambiente da administração pública deve ser desenvolvida a partir da legislação que define como os administradores públicos devem atuar.

Consoante a isso, fica cada vez mais explícita a preocupação e a necessidade do setor público em gerar e fortalecer o valor público e, em paralelo, desvencilhar-se da imagem de um aparato público de setor moroso e engessado.

Em tese, um dos principais objetivos da gestão pública é atender as necessidades e expectativas sociais (MORE, 1995). Dessa forma, os planos de ações governamentais precisam, necessariamente, gerar benefícios perceptíveis aos cidadãos (BRYSON; CROSBY; BLOOMBERG, 2014). Porém, a camada social diretamente beneficiada por ações governamentais não participa ativamente das decisões tomadas pelos gestores, o que afeta a efetividade do valor público e a ideia da inovação no serviço prestado (MORE, 1995).

Desta maneira, a inovação no setor público para ser efetiva, necessita da participação e envolvimento da sociedade. Além disso, as alianças estratégicas entre Estado, Mercado e Sociedade também podem contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que atendam as necessidades públicas e as mudanças necessárias para tornar a gestão pública mais dinâmica, inovadora e modernizada.

De certo, tentativas de implantar a inovação já foram percebidas no contexto da administração pública, mas há barreiras que precisam ser enfrentadas para a inovação no setor público ser objeto de pauta de projetos dos gestores públicos, o que evidencia a importância da participação civil na construção de ações inovadoras para serem implantadas nas organizações públicas.

Sendo assim, a inovação no setor público não pode ser concebida para gerar resultados imediatos, pois existem desafios a serem contornados para planejar ações inovadoras que vão ao encontro da finalidade da gestão pública, como é o caso das legislações acerca da atuação da administração pública. Outro ponto a ser destacado é que a inovação no contexto da esfera pública deve ocorrer a partir de uma integração de todos os agentes envolvidos nos diversos setores da sociedade, principalmente, dos sujeitos que mais dependem  dos serviços públicos.

  

 

Referências:

BRYSON, J. M.; CROSBY, B. C.; BLOOMBERG, L. Public Value Governance: moving beyond Traditional Public Administration and the New Public Management. Public Administration Review, v. 74, n. 4, p. 445-456, 2014.

 

KATTEL, R. et al. Can we measure public sector innovation? A literature review. Roterdã: Erasmus University Rotterdam, 2014.

 

MOORE, M. Creating public value: strategic management in government. Cambridge: Harvard University Press, 1995.

IX Boletim: Caso de sucesso sobre inovação no setor privado

Caso de sucesso sobre inovação no setor privado

 

A inovação é um dos agentes determinantes para o sucesso de uma empresa. Relacionada ao conceito de criatividade, inovar é a capacidade de analisar a situação e o mercado, assim como o que os consumidores buscam – conforto e praticidade – e então, transformar isso em realidade: produtos que atendam as demandas do cliente e gerem lucros para a empresa. De maneira sucinta, inovar é driblar a necessidade com criatividade (GLEDER SANTOS, 2016), criando novos produtos, métodos de produção, novas organizações ou novas fontes de matéria-prima.

Um exemplo de sucesso em inovação no setor privado é a própria história do empresário Wilson Giustino, fundador do CEBRAC, uma rede de franquias de cursos profissionalizantes que, só no ano de 2015, faturou R$180 milhões. Wilson Roberto Giustino começou a trabalhar ainda criança, aos 12 anos, segundo ele, por vontade própria e para “ter seu próprio dinheiro”. Após trabalhar em sua adolescência em um negócio de joias de seu primo, aos 20 anos resolveu abrir sua própria fábrica de joias para fornecer os produtos para o comércio da família. Mas, como nem tudo são flores – ou joias, no caso –, menos de dois anos depois, sua loja foi alvo de bandidos e o empreendedor perdeu tudo o que tinha. Após o assalto, veio o Plano Collor e confiscou parte de seus investimentos, fazendo-o vender bens pessoais e até mesmo a propriedade onde morava para honrar suas dívidas, que na época eram equivalentes a 1 milhão de reais.

Agora, vamos lembrar que foi em meados dos anos 1970 que surgiu no mercado da informática a empresa Microsoft, com seus fundadores Bill Gates e Paul Allen. A empresa Microsoft tinha como objetivo disponibilizar para outras empresas e pessoas físicas um sistema operacional, onde qualquer pessoa pudesse operar um computador e realizar tarefas simples como trabalhar com software de escritório e acessar a internet. Foi então que, por volta de 1980, Wilson recebeu a proposta de se tornar um vendedor de cursos de informática, e, sem nada a perder, abraçou a ideia e foi ali que sua história começou a mudar.

Vendo potencial na área dos cursos de informática, criou, em 1995 o CEBRAC, que naquele momento era chamado de Centro Brasileiro de Computação, e lucrou com isso durante vários anos. Porém, Giustino buscava mais. Analisando o mercado, que apesar de lucrativo, para ele não representava o futuro, resolveu inovar mais uma vez, e nasceu o Centro Brasileiro de Cursos, pioneiro dos tão conhecidos cursos de capacitação, oferecendo o primeiro curso livre de contabilidade e de secretariado informatizado, focado em adolescentes de classe média. A partir daí o sucesso foi tão grande que sua empresa crescia de forma exponencial, e os próprios professores queriam montar suas unidades CEBRAC, dando os primeiros passos para a empresa entrar no sistema de franchising (sistema de franquias).

Em 2006, o CEBRAC se filiou à Associação Brasileira de Franchising, e, no ano de 2012, a sede saiu da cidade de Botucatu, no interior de São Paulo, para Londrina, no Paraná, com direito a prédio próprio de oito andares para dar apoio a todas as unidades franqueadas. Em 2020, a empresa completou 25 anos, e mesmo durante o período de pandemia do Covid-19, onde várias outras empresas quebraram e fecharam suas portas, o CEBRAC não parou de crescer e inovar, investindo pesado nos cursos EAD, criando seu próprio método, o Pronline, unindo o presencial, online e ao vivo. Com o propósito de trazer um projeto que transforma a sociedade por meio da educação inovadora, priorizando o conhecimento como forma de transformar a situação social e econômica do país, no mesmo ano é lançado o CEBRAC Pro, oferecendo cursos profissionalizantes gratuitamente para jovens, adultos e familiares, com participação na rede pública de ensino, nas instituições religiosas e comunidades onde estão inseridas as franquias.

Hoje, com mais de 150 unidades distribuídas em todo o Brasil, o CEBRAC conta com mais de trinta premiações, entre elas o Selo de Excelência da ABF – Associação Brasileira de Franchising, por doze anos consecutivos, e o Prêmio Melhor Franquia do Brasil da Pequenas Empresas, Grandes Negócios – Multicampeã 5 Estrelas por vários anos consecutivos. Além de um grande exemplo de sucesso em inovação no setor privado, Wilson Roberto Giustino também nos mostra um enorme caso de perseverança e criatividade.

 

Referências:

Franchise Store. Fundador do Cebrac, diz que o fracasso foi fundamental para que sua vida mudasse completamente. Disponível em: <https://franquia.com.br/noticias/fundador-do-cebrac//>. Acesso em: 07 de Novembro de 2021.

Exame.com. Ele perdeu tudo num assalto, se reergueu e fatura R$180 milhões. Disponível em: <https://exame.com/pme/ele-perdeu-tudo-num-assalto-se-reergueu-e-fatura-r-180-milhoes/>. Acesso em: 07 de Novembro de 2021.

Cebrac lança projeto que oferece cursos gratuitos para aumentar a empregabilidade no país. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-profissional/2021/10/4957324-cebrac-lanca-projeto-que-oferece-cursos-gratuitos-para-aumentar-a-empregabilidade-no-pais.html>. Acesso em: 07 de Novembro de 2021.

Portal Educação. História da Informática. Disponível em: <https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/informatica/historia-da-informatica/53792>. Acesso em: 07 de Novembro de 2021.

VIII Boletim: Inovação no setor privado

Inovação na pandemia: tendências e carreiras promissoras

O processo de inovação sempre apresentou um papel substancial no percurso da humanidade. Inovações como fogo, a roda entre outros exemplos, permitiram modelar a maneira como vivemos hoje. Nesse sentido, as empresas, naturalmente, precisaram se adaptar aos novos tempos.
A necessidade de se reinventar e sair da zona de conforto tornou-se uma tendência mais que estratégica para as empresas sobreviverem diante das adversidades. A heterogeneidade do mundo moderno e a instabilidade no horizonte dos negócios – vide 2020, e a pandemia do COVID/19 – refletiu a necessidade da inovação ágil. Vital (2020) sustenta que a pandemia foi um momento diferente de tudo o que já vivemos no passado recente, mas potencializado pelas evoluções tecnológicas atualmente disponíveis. Segundo ele, este é sem dúvida, um caminho sem volta dentro das corporações, que precisarão investir cada vez mais em pessoas inovadoras para se manter competitivas no mercado: com pandemia ou sem pandemia (VITAL, 2020).

Trazendo exemplos de iniciativas inovadoras, Riciolli (2021) listou cinco tendências deste ano: (1) empresas mais leves e ágeis, que repensem seus custos e processos, como a adoção do home office e a transformação dos antigos espaços físicos onde o trabalho era realizado em espaços de convivência; (2) a jornada completa do consumidor, que consiste em soluções mais robustas ou que articulem a totalidade dos serviços oferecidos pela empresa que possibilitam uma perfeita experiência e por consequência, possibilidades maiores de vendas; (3) adoção do sistema everything as a service, um sinal claro da atenção das empresas voltadas para as gerações mais recentes, que preferem utilizar a ter propriamente um bem (exemplo, Uber x carro próprio); (4) envolvimento em corporate ventury, como fusões e aquisições, para o desenvolvimento de soluções, que auxiliem no rompimento de barreiras internas e também a avaliação de esforço do projeto; (5) desenvolvimento de ambidestria organizacional, utilizada quando uma empresa não consegue inovar utilizando seu core business, e parte para a criação de uma organização separada para operar essa transformação e gerar receita relevante nos próximos anos, o que segundo ela requer uma maior maturidade e uma cultura de inovação.

Adiante as tendências estabelecidas, sabemos que as iniciativas ligadas ao ramo da tecnologia da informação e as que abarquem a diversidade ganharão cada vez mais destaque, ao aproximarem não só o virtual do real, mas ao considerar a multiplicidade e pluralidade de atores como chaves indispensáveis para o processo de inovação. De acordo com Kon (2017) os impactos da evolução tecnológica sobre o mercado de trabalho são diretos, e se fazem sentir a curto e longo prazo sobre a divisão do trabalho, sobre a geração de valor adicionado e renda, o que, no entanto requer toda uma estrutura institucional para a qualificação e requalificação do trabalhador, de modo a possibilitar sua adequação a novas condições.

Em 2010, Wright, Silva e Spers buscaram investigarem profissões inovadoras que estariam em alta no ano de 2020 e ressaltaram a importância do desenvolvimento tecnológico, a educação continuada e o desenvolvimento de novos conhecimentos para os profissionais que desejam se destacar. Nesse sentido, os autores apontaram que os setores que lidam com saúde e bem estar; turismo e lazer; serviços para terceira idade; consultorias especializadas; serviços com base em tecnologia; meio ambiente; alimentação e ensino teriam tendência de crescimento (WRIGHT; SILVA; SPERS, 2010). Logo, destacaram como as três profissões mais inovadoras e promissoras do mercado a de gerente de eco-relações (profissional que irá se comunicar e trabalhar com consumidores, grupos ambientais e agências governamentais para desenvolver e maximizar programas ecológicos); o chief innovation officer (profissional que interagirá com os funcionários em diferentes áreas da organização para pesquisar, projetar e aplicar inovações) e o gerente de marketing e commerce (profissional que gerencia o desenvolvimento e implementação de estratégias de sites na internet para vender produtos e serviços) (WRIGHT; SILVA; SPERS, 2010).

No corrente ano, o guia da carreira trouxe a lista das profissões que estarão em alta em 2022 e destacaram que apesar do avanço da tecnologia e o crescente receio da substituição de homens por máquinas, algumas profissões tendem a equilibrar essa balança (GUIA DA CARREIRA, 2021). Além disso, destacou as competências profissionais que mais serão buscadas por recrutadores: pensamento inovador e analítico; aprendizado ativo e estratégias de aprendizado; criatividade, originalidade e iniciativa; tecnologia, design e programação; pensamento crítico e analítico; resolução de problemas complexos; liderança e influência social; inteligência emocional; racionalidade, resolução de problemas e ideação; análise e avaliação de sistemas (GUIA DA CARREIRA, 2021).

Desse modo, o site lista como profissões promissoras:

  •         Área de tecnologia: Analista de dados; Cientista de dados; Desenvolvedor de softwares; Desenvolvedor de aplicativos; Especialista em e-commerce;  Especialista em redes sociais;  Especialistas em inteligência artificial.
  • Área de habilidade social: Atendimento ao cliente; Vendas e marketing; Treinamento e desenvolvimento; Pessoas e cultura; Desenvolvimento organizacional e inovação.
  • Área do direito: Advogado de contencioso trabalhista; Advogado de contencioso tributário; Advogado de contencioso cível.
  • Área da engenharia: Gerente de supply chain; Engenheiro de compras; Engenheiro de aplicação.
  • Área de seguros: Gerente atuarial; Analista de produtos; Analista de crédito e risco.
  • Área de venda e marketing: Diretor comercial; Head de growth; Analista de inteligência de mercado

Assim sendo, vislumbra-se que a crise da Covid-19 demonstrou para o mundo o quão crucial é a inovação para pessoas, empresas e negócios, bem como que aqueles que foram capazes de melhor utilizar as informações sobreviverão. Desse modo, destaca-se que os impactos significativos das inovações para as empresas, para o mercado e para todo o sistema econômico, implica em redução de custos, eliminação de desperdícios, economia de energia, redução de erros, aumento da segurança, conservação ambiental, aumento da qualidade do produto, intensificação e maior rapidez na capacidade de atender os consumidores, que pode resultar em uma produção em escala consideravelmente elevada ou na customização mais acentuada dos novos produtos (KON, 2017).

 

Referências bibliográficas

GUIA DA CARREIRA. Conheça carreiras e profissões que estarão em alta até 2022. Disponível em: https://www.guiadacarreira.com.br/carreira/carreiras-e-profissoes-que-estarao-em-alta-ate-2022/. Acesso em 31/10/2021.

KON, A. Sobre inovação tecnológica, tecnologia apropriada e mercado de trabalho. Revista ciências do trabalho, n. 9, 2017.

VITAL, N. Como a pandemia acelerou o processo de inovação no mundo. Revista época negócios. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Life-Hub/noticia/2020/11/como-pandemia-acelerou-o-processo-de-inovacao-no-mundo.html. Acesso em 31/10/2021.

RICIOLLI, P. 5 tendências de inovação para 2021. Ace Startups. Disponível em: https://acestartups.com.br/5-tendencias-de-inovacao-para-2021/. Acesso em 31/10/2021.

WRIGHT, J, T, C; SILVA, A, T, B; SPERS, R, G. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020. RAI – Revista de Administração e Inovação, v. 7, n. 3, 2010, p. 174-197.

VII Boletim: Inovação

Inovação

As definições de inovação são diversas e, elas estão sendo ampliadas no decorrer dos anos, de acordo com as necessidades. Nessa perspectiva, Schumpeter na década de 1930, já enfatizava a relevância das inovações tecnológicas para a economia (MORGADO, 2011). 

Geralmente, a conceituação de inovação está relacionada ao conceito de criatividade. Dentre os tipos de inovação pode-se destacar a inovação absoluta e a inovação relativa. A inovação absoluta pode ser entendida de forma simplista como algo inovador, que não foi realizado anteriormente por um indivíduo. Já a inovação relativa, consiste no desenvolvimento de algo inovador realizado por uma pessoa pela primeira vez (LAGARTO, 2013).

Para acompanhar as transformações dos cenários econômico e social, as organizações públicas e privadas tiveram que passar por adaptações para conseguir responder às demandas do mercado relacionadas aos bens e serviços ofertados pelo mesmo, à globalização e ao conhecimento econômico. Diante disso, as atividades voltadas para a inovação passaram a ser relevantes para o desenvolvimento econômico capitalista de modo a incluir a mudança dos padrões de vida e elaboração de tecnologias novas (LOPES; QUEIROZ, 2008).

De acordo com Hage (1999) existem vários tipos de inovação, a saber: inovação em serviços, produtos, processos, modelos de negócio, marketing, gestão, entre outras. Ademais, as pesquisas que abordam a inovação são direcionadas para diversas áreas, e, a maioria aponta a inovação como um mecanismo criador e sustentador da vantagem competitiva ou até mesmo como um componente essencial para o entendimento de diversas demandas básicas da sociedade. 

Como exemplo de inovação pode-se citar o Pix, que, de acordo com informações do Banco Central, é uma inovação segura, prática e eficiente. Para realizar um pagamento através do Pix, o cliente pode ler um QR Code com a câmera do seu aparelho smartphone na opção de fazer um Pix no aplicativo da sua instituição financeira.

Além disso, o Banco Central informa que o Pix é um meio de pagamento, assim como boleto, TED, DOC, transferências, etc. Entretanto, o diferencial do Pix é permitir que qualquer tipo de transferência e de pagamento seja realizada em qualquer dia, incluindo dias não úteis, e em qualquer momento, o que não ocorre com os demais meios de pagamento.

É possível utilizar a opção “Pix Copia e Cola”, com ela você cola o código relacionado ao QR Code, sendo uma inovação do BC. Sendo assim, essa opção é viável para quando você estiver utilizando o seu celular e não puder fazer a leitura do QR Code pela câmera. No que diz respeito a chave Pix do recebedor, ela pode ser CPF/CNPJ, e-mail ou telefone celular, ou uma chave aleatória, por meio da opção disponibilizada por sua instituição financeira ou de pagamento no aplicativo instalado no seu celular. Essa opção também pode ser usada no Internet Banking e é possível utilizar o serviço de iniciação de transação de pagamento. 

De acordo com a definição do Banco Central, a chave Pix é um ‘apelido’ utilizado para identificar sua conta. Ela representa o endereço da sua conta no Pix. A chave vincula uma dessas informações básicas às informações completas que identificam a conta transacional do cliente (identificação da instituição financeira ou de pagamento, número da agência, número da conta e tipo de conta).

A chave aleatória é uma forma de você receber um Pix sem precisar informar quaisquer dados pessoais ao pagador. Assim, a chave é um código único, de 32 caracteres com letras e símbolos, gerado aleatoriamente pelo Banco Central e atrelado a uma única conta. Ademais, a chave também pode ser copiada e enviada por mensagem.

 

Referências

 

HAGE, J. T. Organizational innovation and organizational change. Annual Review of Sociology, 1999. p. 597-622.

 

LAGARTO, J. R. Inovação, TIC e sala de aula. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 5., 2013, Santa Maria. Anais… Santa Maria: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2013.

 

LOPES, D. P. T.; BARBOSA, A. C. Q. Inovação: conceitos, metodologia e aplicabilidade. Articulando um construto à formulação de políticas públicas – uma reflexão sobre a lei de inovação de Minas Gerais. In: SEMINÁRIO SOBRE A ECONOMIA MINEIRA, 13., 2008, Belo Horizonte. Anais… Belo Horizonte: SEMINÁRIO SOBRE A ECONOMIA MINEIRA, 2008.

 

MORGADO, E. M. Inovação: novos conceitos ampliados. Oportunidades para as empresas. Revista de Ciências Gerenciais, v. 15, n.21, 2011.

 

STIVANIM, V. Pix: inovação no conceito de pagamento e transferência. Disponível em: <https://noticiasconcursos.com.br/pix-inovacao-no-conceito-de-pagamento-e-transferencia/>. Acesso em: 18 de Outubro de 2021.

VI Boletim – Caso de Sucesso Sobre o Empreendedorismo Privado

Caso de Sucesso Sobre o Empreendedorismo Privado

 

O empreendedorismo é um campo de estudo que apresenta diversas perspectivas, contudo, duas correntes principais se destacam nas publicações científicas (PREVIDELLI; DUTRA, 2003; VALE, 2014). A primeira é a abordagem econômica que tem como principal referência os trabalhos de Joseph Schumpeter que foca nos aspectos da inovação e da destruição criativa. A segunda corrente trata o empreendedor sob a perspectiva comportamental e tem como principal percussor David McClelland que buscou delinear e traçar características que pudessem diferenciar os indivíduos empreendedores na sociedade (VALE, 2014). 

O empreendedorismo para Hisrich, Peters e Sheperd (2009, p.30) pode ser compreendido como “o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal”. Portanto, ser empreendedor significa mais que abrir ou gerenciar um negócio, sobretudo, se reinventar, gerar mudanças, criar algo novo e diferenciais.  

Alguns estudos sobre o empreendedorismo na iniciativa privada demonstram que o fenômeno está diretamente atrelado ao desenvolvimento e crescimento econômico de um país, pois com a criação e fomento de ideias inovadoras novas empresas são criadas, proporcionando novos empregos e consequentemente renda para a população (VALE, 2014).

No setor privado o empreendedorismo pode ser entendido como o resultado da ação do empreendedor que atua ativamente nesse contexto. Segundo Melo Neto e Froes (2002, p. 11) “o empreendedorismo privado é de natureza individual, centrado na produção de bens e serviços para o mercado. Seu foco é o mercado, onde busca o lucro e satisfaz as necessidades de seus clientes”. Basicamente, o empreendedorismo na iniciativa privada visa atender as demandas do mercado e de seus clientes e assim, obter lucros financeiros.

O termo empreendedorismo passou por diversas evoluções em relação ao uso de seus termos, fato que influenciou na dificuldade em se definir com precisão e caracterizar as complexidades desse fenômeno (LOPES; LIMA, 2019). A partir do século XVII, o empreendedorismo passa a ser visto de outra maneira, pois passa a estar ligado a propensão em assumir riscos e ser inovador. Já no século XX, com a Crise da Bolsa de Valores de 1929, os empreendedores passaram a ter papel fundamental na economia e foram reconhecidos como aqueles que impulsionavam e geravam emprego e renda para a população (FILHO, 2012).  

Contudo, somente a partir da década de 1980 que o empreendedorismo começa ser visto e adotado como um campo acadêmico, passando a ser incluso nos currículos de diversas escolas de administração (FILHO, 2012). O empreendedorismo no Brasil só começou a ganhar força a partir de 1990, onde teve como suporte a criação do Sebrae ( Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex ( Sociedade Brasileira para Exportação de Software), que tinham a finalidade de estimular o desenvolvimento econômico do país (DONELAS, 2005).

Dentre os diversos casos de sucesso de empreendedores no Brasil, pode-se ter como referência Abílio Diniz, paulista, nascido em 28/12/1936 (84 anos). De acordo com a revista Forbes em 2021, ele ocupa o 17° lugar no ranking que tabula as pessoas mais ricas do Brasil. Em sua biografia consta que Abílio foi fundador e sócio de várias empresas de sucesso, como o Pão de Açúcar, que integrava os patrimônios de sua família até o ano de 2013 e também Casas Bahia. Abílio também é presidente do Conselho de Administração da BRF, sócio proprietário do Carrefour Brasil e professor da FGV.

Ainda de acordo com sua biografia, Abílio herdou o perfil empreendedor de seu pai que tinha uma doceria, em que a mão de obra familiar ainda era necessária para a solidez do negócio. Abílio ajudava desde o processo de produção até a entrega dos doces. Neste período, conciliou a rotina de trabalho com os estudos e conseguiu se formar em Administração de Empresas no ano de 1959 pela Faculdade Getúlio Vargas – FGV. Após, virou sócio de seu pai na ampliação do empreendimento da família e depois de se graduar, cursou uma especialização em marketing em Nova Iorque pela Universidade de Ohio e também em Economia pela Universidade Columbia. 

Uma das lições que todo empreendedor leva para a vida é que “nem tudo são flores”. Durante a década de 80 e 90 o grupo Pão de Açúcar passou por momentos difíceis que influenciaram a modificação de sua estrutura. Uma disputa familiar para a sucessão da direção da empresa tomou conta e a empresa quase chegou à falência, demitindo quase 23 mil funcionários.  A empresa que antes era da família, passou a ter  Abílio como acionista majoritário, apenas uma irmã continuou como sócia. Sob direção de Abílio, a empresa se expandiu grandiosamente chegando a cifras milionárias. Sempre inovador Abílio entrou no mercado financeiro e também fez do Pão de Açúcar o primeiro supermercado virtual do Brasil, e foi assim, inovando. Em 2003, a empresa começou a ser vendida e Abílio se retirou do cargo de presidente do grupo, ate que em 2013, se desligou totalmente da empresa da família, mas já pensando em outros negócios, tanto que no ano seguinte, em 2014, comprou 10% do Carrefour Brasil por 525 milhões de euros (R$ 1,8 bilhão).

Abílio pode ser considerado um exemplo de trabalho duro e conhecimento. Suas habilidades em manipular operações no mercado financeiro fizeram com que a empresa da família se recuperasse de uma crise que por pouco, não levou a empresa a falência. Além da sua capacidade de gestão e de inovação, Abílio demonstrou que para um empreendedor desistir quando houver quedas não é uma opção. Suas características, habilidades para a ação empreendedora, inteligência e conhecimento o fizeram se tornar em um dos maiores empreendedores de sucesso do país!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Transformando Ideias em Negócios. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 293 p.

FILHO,  Edelvino  Razzolini. Administração  da  pequena  e  média  empresa.  Curitiba:  IESDE  Brasil  S.  A, 2012

 

HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P.; SHEPHERD, Dean A. Empreendedorismo. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

 

LOPES, R. M. A.; LIMA, E. Desafios atuais e caminhos promissores para a pesquisa em empreendedorismo. Revista de Administração de Empresas, v. 59, n. 4, p. 284-292, 2019.

 

MELO NETO, F. P. de; FROES, C. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

 

VALE, G. M. V. Empreendedor: origens, concepções teóricas, dispersão e integração. Revista de Administração Contemporânea, v. 18, p. 874-891, 2014.

 

DINIZ, Abílio. Biografia Abílio Diniz. Disponível em: < https://abiliodiniz.com.br/biografia/ >. Acesso em: 06 out. 2020

V Boletim: Empreendedorismo no setor privado

Quando se considera o empreendedorismo no setor privado, torna-se necessário retomar um dos autores clássicos da área do empreendedorismo, Joseph Schumpeter. Para o autor, o desenvolvimento econômico ocorre por meio da quebra do fluxo circular da economia, que, por seu turno, ocorre devido às inovações implementadas no mercado pelos indivíduos (SCHUMPETER, 1997). De acordo com Schumpeter (1997) as inovações podem se manifestar pela introdução de um novo bem, de um método de produção, a abertura de um novo mercado, a obtenção de uma nova fonte de oferta de matéria-prima ou pela constituição de uma nova organização.

Outro aspecto relevante quando se considera o empreendedorismo no setor privado, que também é abordado na perspectiva econômica do empreendedorismo, é trazida por Knight. Para o autor, “o empreendedor é aquele indivíduo que busca o lucro como uma recompensa pelo risco de tomar decisões em condições de incerteza e com informações limitadas” (CARMARGO; CUNHA; BULGACOV, 2008, p. 112). Assim, introduz-se as questões relacionadas ao lucro e à incerteza do mercado.

Por fim, com relação às oportunidades do mercado, há discussões acadêmicas que buscam compreender se estas são criadas ou identificadas pelos empreendedores. Assim, há autores que entendem que as oportunidades existem no mercado, e os empreendedores possuem a função de identificá-las e explorá-las (ALVAREZ; BARNEY, 2007). Por outro lado, há autores que consideram que as oportunidades são criadas pelos empreendedores e, ainda que não se desconsidere totalmente a influência de fatores ambientais, as oportunidades se originam a partir da imaginação, da criatividade e da habilidade social do empreendedor, podendo essas características serem oriundas de um processo de aprendizagem  (SUDDABY; BRUTON; SI, 2015).

 

Referências bibliográficas

 

ALVAREZ, S. A.; BARNEY, J. B. Discovery and creation: alternative theories of entrepreneurial action. Strategic Entrepreneurship Journal, v. 1, n. 1, p. 11-26, 2007.

 

CAMARGO, D. de; CUNHA, S. K. da; BULGACOV, Y. L. M. A psicologia de McClelland e a economia de Schumpeter no campo do empreendedorismo. Revista de Desenvolvimento Econômico, v. 10, n. 17, 2008.

 

MELO NETO, F. P. de; FROES, C. Empreendedorismo Social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 

 

SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro, e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1997.

 

SHANE, S.; VENKATARAMAN, S. The promise of entrepreneurship as a field of research. Academy of Management Review, v. 25, p. 217-226, 2000.

 

SILVA, C. de A.; ANDRADE, D. M.; TONELLI, D. F.; NASCIMENTO, P. O. Empreendedorismo e ação empreendedora: revisão de escopo nas bases de dados Web of Science e Scielo. Revista do CEPE, n. 50, p. 83-95, 2019.

 

SOUSA, J. L.; PAIVA, F. G.; LIRA, Z. B. A abordagem multidimensional do empreendedorismo no setor público: o caso da ação empreendedora da Fundação Joaquim Nabuco. Revista Gestão e Planejamento, v. 11, n. 2, p. 337-354, 2010.

 

SUDDABY, R.; BRUTON, G. D.; SI, S. X. Entrepreneurship through a qualitative lens: Insights on the construction and/or discovery of entrepreneurial opportunity. Journal of Business Venturing, v. 30, n. 1, p. 1-10, 2015.

IV Boletim: Caso de Sucesso: Empreendedorismo Público

O empreendedorismo público possui como uma de suas finalidades a redução e a solução de problemas que podem estar relacionados à desigualdade, constituindo-se como uma alternativa emergencial  para os gargalos ocorridos na esfera pública (OLIVEIRA, 2004). Contudo, para que aconteça de forma a proporcionar melhorias é necessário que o setor público se adapte às transformações sociais por meio de uma administração mais flexível, capaz de conseguir responder às demandas da sociedade e contribuir para a eficácia dos serviços ofertados (SILVA, VALADARES, ANDRADE, 2020).

Neste boletim será apresentado um caso de sucesso envolvendo o potencial e o alcance do empreendedorismo na Administração Pública Brasileira. A pesquisa foi realizada por meio da delimitação de objetivos e utilização de procedimentos formais, buscando diagnosticar os problemas e propor alternativas de ação. Consiste em um estudo de caso, apropriado para averiguar se as proposições de uma teoria são aplicáveis à situação concreta, possibilitando estudos comparativos (STAKE, 2000).

O estudo abordou o caso de uma secretaria de cultura de um município localizado no sul de Minas Gerais, onde seus gestores apresentaram grandes dificuldades para estruturar o órgão, em decorrência da inexistência de formalidades de ações do passado, mais especificamente, de registros das atividades programadas e executadas pela antiga Secretaria de Educação e Cultura, considerando que o caminho percorrido não havia sido registrado documentalmente.

Com o objetivo de otimizar o gerenciamento de seus serviços e obter sucesso na gestão municipal, a secretária e sua equipe procuraram pautar-se no Plano Nacional de Cultura para estabelecer suas novas metas, a nova organização interna, que seria estruturada com uma equipe escalonada para as atividades com a supervisão da gestora, e o aperfeiçoamento da equipe, com a promoção de cursos e palestras. Além disso, também foi realizada uma parceria com a equipe, a qual optou por reformular a lei de criação na parte de composição do Conselho Municipal, pautada no distanciamento da lei e na realidade local. Ainda foram oferecidos minicursos destinados à capacitação e aprendizagem de sua equipe, com o propósito de reforçar os objetivos e as ações planejadas. As reuniões eram feitas semanalmente e envolviam todos os funcionários ligados à Secretaria.

Deste modo, no estudo de caso apresentado, percebe-se a existência de ações empreendedoras e inovações, que contribuíram para tornar mais eficientes e eficazes as atividades da Secretaria de Cultura, favorecendo toda a comunidade local e gerando bons resultados para a administração e história cultural do município.

 

Referências Bibliográficas

 

MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento, execução, análise. São Paulo: Atlas, 1993. v.1.

 

OLIVEIRA, E. M. (2004). Empreendedorismo social no Brasil: atual configuração, perspectivas e desafios: notas introdutórias. Revista da FAE, 7(2), 9-18. Recuperado de https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/416

 

SILVA, C. de. A.; VALADARES, J. L.; ANDRADE, D. M. Ações empreendedoras na gestão pública: análise do programa de crédito solidário (PSC) em um município do sul de Minas Gerais. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, Curitiba, v. 15, n. 1, p. 55-68, jan./abr. 2016. Disponível em: < http://www.periodicosibepes.org.br /index.php/recadm/article/view/2256/882 >. Acesso em: 30 Jun. 2020. 

 

SADLER, R. J. Corporate entrepreneurship in the public sector: the dance of the chameleon. Australian Journal of Public Administration, v. 59, n. 2, p. 25-43, 2000.STAKE, R.E.. Case studies. In: N.K. DENZIN e Y. LINCOLN (eds.), Handbook of qualitative research. 2 ed. Thousand Oaks, Sage.2000

TEIXEIRA, Thatiana Stacanelli; ANDRADE, Daniela Meirelles; ALCÂNTARA, Valderí de Castro 20; OLIVEIRA, Naiara Kasmin de. Inovação e empreendedorismo: Um caso no setor público. Revista Pretexto, Belo Horizonte, v. 20, n. 1, 2019.

III Boletim: Empreendedorismo Público

No Brasil, o empreendedorismo associado ao setor público ganhou evidência na década de 1990. Isto, a partir da reforma da administração pública, quando esta assumiu características específicas do setor privado, adquirindo flexibilidade, nos quais os seus objetivos foram orientados para o desenvolvimento de uma boa gestão. Constata-se que o empreendedorismo é um elemento significativo para garantir um serviço público de qualidade para toda a sociedade (VALADARES; EMMENDOERFER, 2015).

Nesse cenário, pesquisadores do campo da administração pública passaram a abordar e investigar concepções de cunho gerencial no setor, nas quais as ênfases foram direcionadas ao comportamento do empreendedor, que pôde vir a influenciar na transformação da administração pública (OSBORNE; GAEBLER, 1994). 

A partir da reforma administrativa, na década de 90, o setor público passou por influências dos princípios norteadores da Nova Administração Pública ou New Public Management (NPM), admitindo práticas gerenciais, específicas do setor privado (MARTINS; IMASATO; PIERANTI, 2007), tendo o propósito de melhorar a sua eficiência e agilidade, a fim de reduzir os custos e dar maior transparência a gestão (FARIA, 2009). 

Sendo assim, o empreendedorismo associado ao setor público pode gerar eficiência, inovação, proatividade, procura por oportunidades, descentralização e melhoria na oferta dos serviços (CASASCO, 2016; BOZEMAN, 2007). Ademais, essas práticas gerenciais podem favorecer as competências internas e os valores públicos de produtividade e sustentabilidade, o que pode ser considerado como uma alternativa eficaz para solucionar demandas rotineiras (LLEWELLYN; JONES, 2003).

O empreendedorismo público consiste em um processo que possui a finalidade de melhorar o desempenho do setor, seja a partir da busca pelo desenvolvimento de novos serviços, atividades inovadoras, aperfeiçoamento de práticas administrativas, tecnologias e estratégias (MORAIS et  al., 2015), que visam identificar e buscar oportunidades que poderão surgir de organizações e/ou indivíduos. Dessa forma, o empreendedorismo público visa evidenciar a capacidade da inovação, a proatividade e a tomada de riscos pelos agentes (CURRIE et al. 2008), sendo o seu principal propósito, a criação de  valor para a sociedade (MORRIS; JONES, 1999).

 

Referências Bibliográficas

 

BOZEMAN, B. Public values and public interest: counterbalancing economic individualism. Washington, DC: Georgetown University Press, 2007.

 

CASASCO, L. Os novos caminhos para o empreendedor que quer inovar junto ao setor público. 2016. Disponível em: <https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/inovar-setor-publico/>. Acesso em: 12 de Maio de 2019.

 

CURRIE, G.; HUMPHREYS, M.; UCBASARAN, D.; MCMANUS, S. Entrepreneurial leadership in the English public sector: Paradox or possibility? Public Administration, v. 86, n4, p. 987 -1008, 2008.

 

FARIA, L. J. Nova administração pública: o processo de inovação na administração pública federal brasileiro visto pela experiência do “concurso inovação na gestão pública federal”. In: ENCONTRO DA ANPAD, 33., 2009, São Paulo. Anais… São Paulo: ENANPAD, 2009.

 

LLEWELLYN, N.; JONES, G. Controversies and conceptual development: Examining public entrepreneurship. Public Management Review, v. 5, n. 2, p. 245-266, 2003.

 

MARTINS, P. E. M.; IMASATO, T.; PIERANTI, O.P. Reformas administrativas brasileiras recentes: a dimensão estrutural e o desafio de quebra de um paradigma na administração pública. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 31., 2007, Rio de Janeiro. Anais… Rio de Janeiro: ANPAD, 2007.

 

MORAIS, M. C. A.; VALADARES, J. L.; EMMENDOERFER, M.; TONELLI, D. Polissemias do empreendedorismo no setor público. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 4, n. 1, p. 26-53, 2015.

 

MORRIS, M. H.; JONES, F. F. Entrepreneurship in established organizations: the case of the public sector. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 24. n. 1. p. 71-91. 1999.

 

OSBORNE, D.; GAEBLER, T. Reinventando o Governo: Como o Espírito Empreendedor Está Transformando o setor público. Brasília: MH Comunicação, 1994.

 

VALADARES, J. L.; EMMENDOERFER, M. L. A incorporação do Empreendedorismo no Setor Público: reflexões baseadas no contexto brasileiro . Revista de Ciências da Administração, v. 17, n. 41, p. 82-98, 2015.