VIII Boletim: Inovação no setor privado

Inovação na pandemia: tendências e carreiras promissoras

O processo de inovação sempre apresentou um papel substancial no percurso da humanidade. Inovações como fogo, a roda entre outros exemplos, permitiram modelar a maneira como vivemos hoje. Nesse sentido, as empresas, naturalmente, precisaram se adaptar aos novos tempos.
A necessidade de se reinventar e sair da zona de conforto tornou-se uma tendência mais que estratégica para as empresas sobreviverem diante das adversidades. A heterogeneidade do mundo moderno e a instabilidade no horizonte dos negócios – vide 2020, e a pandemia do COVID/19 – refletiu a necessidade da inovação ágil. Vital (2020) sustenta que a pandemia foi um momento diferente de tudo o que já vivemos no passado recente, mas potencializado pelas evoluções tecnológicas atualmente disponíveis. Segundo ele, este é sem dúvida, um caminho sem volta dentro das corporações, que precisarão investir cada vez mais em pessoas inovadoras para se manter competitivas no mercado: com pandemia ou sem pandemia (VITAL, 2020).

Trazendo exemplos de iniciativas inovadoras, Riciolli (2021) listou cinco tendências deste ano: (1) empresas mais leves e ágeis, que repensem seus custos e processos, como a adoção do home office e a transformação dos antigos espaços físicos onde o trabalho era realizado em espaços de convivência; (2) a jornada completa do consumidor, que consiste em soluções mais robustas ou que articulem a totalidade dos serviços oferecidos pela empresa que possibilitam uma perfeita experiência e por consequência, possibilidades maiores de vendas; (3) adoção do sistema everything as a service, um sinal claro da atenção das empresas voltadas para as gerações mais recentes, que preferem utilizar a ter propriamente um bem (exemplo, Uber x carro próprio); (4) envolvimento em corporate ventury, como fusões e aquisições, para o desenvolvimento de soluções, que auxiliem no rompimento de barreiras internas e também a avaliação de esforço do projeto; (5) desenvolvimento de ambidestria organizacional, utilizada quando uma empresa não consegue inovar utilizando seu core business, e parte para a criação de uma organização separada para operar essa transformação e gerar receita relevante nos próximos anos, o que segundo ela requer uma maior maturidade e uma cultura de inovação.

Adiante as tendências estabelecidas, sabemos que as iniciativas ligadas ao ramo da tecnologia da informação e as que abarquem a diversidade ganharão cada vez mais destaque, ao aproximarem não só o virtual do real, mas ao considerar a multiplicidade e pluralidade de atores como chaves indispensáveis para o processo de inovação. De acordo com Kon (2017) os impactos da evolução tecnológica sobre o mercado de trabalho são diretos, e se fazem sentir a curto e longo prazo sobre a divisão do trabalho, sobre a geração de valor adicionado e renda, o que, no entanto requer toda uma estrutura institucional para a qualificação e requalificação do trabalhador, de modo a possibilitar sua adequação a novas condições.

Em 2010, Wright, Silva e Spers buscaram investigarem profissões inovadoras que estariam em alta no ano de 2020 e ressaltaram a importância do desenvolvimento tecnológico, a educação continuada e o desenvolvimento de novos conhecimentos para os profissionais que desejam se destacar. Nesse sentido, os autores apontaram que os setores que lidam com saúde e bem estar; turismo e lazer; serviços para terceira idade; consultorias especializadas; serviços com base em tecnologia; meio ambiente; alimentação e ensino teriam tendência de crescimento (WRIGHT; SILVA; SPERS, 2010). Logo, destacaram como as três profissões mais inovadoras e promissoras do mercado a de gerente de eco-relações (profissional que irá se comunicar e trabalhar com consumidores, grupos ambientais e agências governamentais para desenvolver e maximizar programas ecológicos); o chief innovation officer (profissional que interagirá com os funcionários em diferentes áreas da organização para pesquisar, projetar e aplicar inovações) e o gerente de marketing e commerce (profissional que gerencia o desenvolvimento e implementação de estratégias de sites na internet para vender produtos e serviços) (WRIGHT; SILVA; SPERS, 2010).

No corrente ano, o guia da carreira trouxe a lista das profissões que estarão em alta em 2022 e destacaram que apesar do avanço da tecnologia e o crescente receio da substituição de homens por máquinas, algumas profissões tendem a equilibrar essa balança (GUIA DA CARREIRA, 2021). Além disso, destacou as competências profissionais que mais serão buscadas por recrutadores: pensamento inovador e analítico; aprendizado ativo e estratégias de aprendizado; criatividade, originalidade e iniciativa; tecnologia, design e programação; pensamento crítico e analítico; resolução de problemas complexos; liderança e influência social; inteligência emocional; racionalidade, resolução de problemas e ideação; análise e avaliação de sistemas (GUIA DA CARREIRA, 2021).

Desse modo, o site lista como profissões promissoras:

  •         Área de tecnologia: Analista de dados; Cientista de dados; Desenvolvedor de softwares; Desenvolvedor de aplicativos; Especialista em e-commerce;  Especialista em redes sociais;  Especialistas em inteligência artificial.
  • Área de habilidade social: Atendimento ao cliente; Vendas e marketing; Treinamento e desenvolvimento; Pessoas e cultura; Desenvolvimento organizacional e inovação.
  • Área do direito: Advogado de contencioso trabalhista; Advogado de contencioso tributário; Advogado de contencioso cível.
  • Área da engenharia: Gerente de supply chain; Engenheiro de compras; Engenheiro de aplicação.
  • Área de seguros: Gerente atuarial; Analista de produtos; Analista de crédito e risco.
  • Área de venda e marketing: Diretor comercial; Head de growth; Analista de inteligência de mercado

Assim sendo, vislumbra-se que a crise da Covid-19 demonstrou para o mundo o quão crucial é a inovação para pessoas, empresas e negócios, bem como que aqueles que foram capazes de melhor utilizar as informações sobreviverão. Desse modo, destaca-se que os impactos significativos das inovações para as empresas, para o mercado e para todo o sistema econômico, implica em redução de custos, eliminação de desperdícios, economia de energia, redução de erros, aumento da segurança, conservação ambiental, aumento da qualidade do produto, intensificação e maior rapidez na capacidade de atender os consumidores, que pode resultar em uma produção em escala consideravelmente elevada ou na customização mais acentuada dos novos produtos (KON, 2017).

 

Referências bibliográficas

GUIA DA CARREIRA. Conheça carreiras e profissões que estarão em alta até 2022. Disponível em: https://www.guiadacarreira.com.br/carreira/carreiras-e-profissoes-que-estarao-em-alta-ate-2022/. Acesso em 31/10/2021.

KON, A. Sobre inovação tecnológica, tecnologia apropriada e mercado de trabalho. Revista ciências do trabalho, n. 9, 2017.

VITAL, N. Como a pandemia acelerou o processo de inovação no mundo. Revista época negócios. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Life-Hub/noticia/2020/11/como-pandemia-acelerou-o-processo-de-inovacao-no-mundo.html. Acesso em 31/10/2021.

RICIOLLI, P. 5 tendências de inovação para 2021. Ace Startups. Disponível em: https://acestartups.com.br/5-tendencias-de-inovacao-para-2021/. Acesso em 31/10/2021.

WRIGHT, J, T, C; SILVA, A, T, B; SPERS, R, G. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020. RAI – Revista de Administração e Inovação, v. 7, n. 3, 2010, p. 174-197.

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