VI Boletim – Caso de Sucesso Sobre o Empreendedorismo Privado

Caso de Sucesso Sobre o Empreendedorismo Privado

 

O empreendedorismo é um campo de estudo que apresenta diversas perspectivas, contudo, duas correntes principais se destacam nas publicações científicas (PREVIDELLI; DUTRA, 2003; VALE, 2014). A primeira é a abordagem econômica que tem como principal referência os trabalhos de Joseph Schumpeter que foca nos aspectos da inovação e da destruição criativa. A segunda corrente trata o empreendedor sob a perspectiva comportamental e tem como principal percussor David McClelland que buscou delinear e traçar características que pudessem diferenciar os indivíduos empreendedores na sociedade (VALE, 2014). 

O empreendedorismo para Hisrich, Peters e Sheperd (2009, p.30) pode ser compreendido como “o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal”. Portanto, ser empreendedor significa mais que abrir ou gerenciar um negócio, sobretudo, se reinventar, gerar mudanças, criar algo novo e diferenciais.  

Alguns estudos sobre o empreendedorismo na iniciativa privada demonstram que o fenômeno está diretamente atrelado ao desenvolvimento e crescimento econômico de um país, pois com a criação e fomento de ideias inovadoras novas empresas são criadas, proporcionando novos empregos e consequentemente renda para a população (VALE, 2014).

No setor privado o empreendedorismo pode ser entendido como o resultado da ação do empreendedor que atua ativamente nesse contexto. Segundo Melo Neto e Froes (2002, p. 11) “o empreendedorismo privado é de natureza individual, centrado na produção de bens e serviços para o mercado. Seu foco é o mercado, onde busca o lucro e satisfaz as necessidades de seus clientes”. Basicamente, o empreendedorismo na iniciativa privada visa atender as demandas do mercado e de seus clientes e assim, obter lucros financeiros.

O termo empreendedorismo passou por diversas evoluções em relação ao uso de seus termos, fato que influenciou na dificuldade em se definir com precisão e caracterizar as complexidades desse fenômeno (LOPES; LIMA, 2019). A partir do século XVII, o empreendedorismo passa a ser visto de outra maneira, pois passa a estar ligado a propensão em assumir riscos e ser inovador. Já no século XX, com a Crise da Bolsa de Valores de 1929, os empreendedores passaram a ter papel fundamental na economia e foram reconhecidos como aqueles que impulsionavam e geravam emprego e renda para a população (FILHO, 2012).  

Contudo, somente a partir da década de 1980 que o empreendedorismo começa ser visto e adotado como um campo acadêmico, passando a ser incluso nos currículos de diversas escolas de administração (FILHO, 2012). O empreendedorismo no Brasil só começou a ganhar força a partir de 1990, onde teve como suporte a criação do Sebrae ( Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex ( Sociedade Brasileira para Exportação de Software), que tinham a finalidade de estimular o desenvolvimento econômico do país (DONELAS, 2005).

Dentre os diversos casos de sucesso de empreendedores no Brasil, pode-se ter como referência Abílio Diniz, paulista, nascido em 28/12/1936 (84 anos). De acordo com a revista Forbes em 2021, ele ocupa o 17° lugar no ranking que tabula as pessoas mais ricas do Brasil. Em sua biografia consta que Abílio foi fundador e sócio de várias empresas de sucesso, como o Pão de Açúcar, que integrava os patrimônios de sua família até o ano de 2013 e também Casas Bahia. Abílio também é presidente do Conselho de Administração da BRF, sócio proprietário do Carrefour Brasil e professor da FGV.

Ainda de acordo com sua biografia, Abílio herdou o perfil empreendedor de seu pai que tinha uma doceria, em que a mão de obra familiar ainda era necessária para a solidez do negócio. Abílio ajudava desde o processo de produção até a entrega dos doces. Neste período, conciliou a rotina de trabalho com os estudos e conseguiu se formar em Administração de Empresas no ano de 1959 pela Faculdade Getúlio Vargas – FGV. Após, virou sócio de seu pai na ampliação do empreendimento da família e depois de se graduar, cursou uma especialização em marketing em Nova Iorque pela Universidade de Ohio e também em Economia pela Universidade Columbia. 

Uma das lições que todo empreendedor leva para a vida é que “nem tudo são flores”. Durante a década de 80 e 90 o grupo Pão de Açúcar passou por momentos difíceis que influenciaram a modificação de sua estrutura. Uma disputa familiar para a sucessão da direção da empresa tomou conta e a empresa quase chegou à falência, demitindo quase 23 mil funcionários.  A empresa que antes era da família, passou a ter  Abílio como acionista majoritário, apenas uma irmã continuou como sócia. Sob direção de Abílio, a empresa se expandiu grandiosamente chegando a cifras milionárias. Sempre inovador Abílio entrou no mercado financeiro e também fez do Pão de Açúcar o primeiro supermercado virtual do Brasil, e foi assim, inovando. Em 2003, a empresa começou a ser vendida e Abílio se retirou do cargo de presidente do grupo, ate que em 2013, se desligou totalmente da empresa da família, mas já pensando em outros negócios, tanto que no ano seguinte, em 2014, comprou 10% do Carrefour Brasil por 525 milhões de euros (R$ 1,8 bilhão).

Abílio pode ser considerado um exemplo de trabalho duro e conhecimento. Suas habilidades em manipular operações no mercado financeiro fizeram com que a empresa da família se recuperasse de uma crise que por pouco, não levou a empresa a falência. Além da sua capacidade de gestão e de inovação, Abílio demonstrou que para um empreendedor desistir quando houver quedas não é uma opção. Suas características, habilidades para a ação empreendedora, inteligência e conhecimento o fizeram se tornar em um dos maiores empreendedores de sucesso do país!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Transformando Ideias em Negócios. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 293 p.

FILHO,  Edelvino  Razzolini. Administração  da  pequena  e  média  empresa.  Curitiba:  IESDE  Brasil  S.  A, 2012

 

HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P.; SHEPHERD, Dean A. Empreendedorismo. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

 

LOPES, R. M. A.; LIMA, E. Desafios atuais e caminhos promissores para a pesquisa em empreendedorismo. Revista de Administração de Empresas, v. 59, n. 4, p. 284-292, 2019.

 

MELO NETO, F. P. de; FROES, C. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

 

VALE, G. M. V. Empreendedor: origens, concepções teóricas, dispersão e integração. Revista de Administração Contemporânea, v. 18, p. 874-891, 2014.

 

DINIZ, Abílio. Biografia Abílio Diniz. Disponível em: < https://abiliodiniz.com.br/biografia/ >. Acesso em: 06 out. 2020

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