MANEJO SUSTENTADO DA CANDEIA
Eremanthus erythropappus (DC.) McLeisch
Eremanthus
incanus (Less.)
Less.)
AUTORES
José Roberto Scolforo
Antonio Donizette de Oliveira
Antonio Claudio Davide
José Márcio de Mello
Fausto Weimar Acerbi Junior
Maria Zélia Ferreira
Cláudio Roberto Thiersch
Dimas Vidal Resck
Edmilson Santos Cruz
Jorge Faisal Mosquera Pérez
José Fábio Camolesi
Luciano Teixeira de Oliveira
Luís Fernando Rocha Borges
Olívia Alvina Oliveira Tonetti
Edson Gomes Renê
Charles Plínio de Castro Silva
Ivonise Silva Andrade Ribeiro
Adauta Cupertino de Oliveira
Frederico Silva Diniz
Lilian Telles
Lucas Rezende Gomide
Marcela Cristina de Oliveira
Márcia Cristina de Oliveira Moura
Sérgio
Cecere
Sérgio Teixeira da Silva
Thais Cunha Ferreira
Vanete Maria de Melo
Universidade Federal de Lavras - UFLA
Departamento de Ciências Florestais - DCF
Fundação de Apoio ao Ensino Pesquisa e Extensão - FAEPE
Ministério do Meio Ambiente – MMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
Instituto Estadual de Florestas – IEF-MG
CNPq/PADCT/CIAMB
A Universidade Federal de Lavras, através do Laboratório de Manejo Florestal do Departamento de Ciências Florestais, aprovou junto ao Ministério do Meio Ambiente um projeto de pesquisa para desenvolver um sistema de manejo e de produção para candeiais nativos e plantados de Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish e Eremanthus incanus (Less.) Less. Esta publicação é a primeira correspondente aos conhecimentos e tecnologias gerados no primeiro ano do projeto, além de agregar conhecimentos divulgados por outros autores. Ao longo dos anos com o desenvolvimento do projeto, publicações complementares sobre o manejo da candeia serão agregadas a esta, com o objetivo de divulgar um sistema de produção de uma espécie nativa e na expectativa de estimular outros autores a divulgarem de forma ordenada o sistema de produção de espécies florestais nativas que possam vir contribuir com o desenvolvimento do setor florestal brasileiro especialmente no segmento da agricultura familiar.
Duas são as linhas básicas para o desenvolvimento da pesquisa.
I)
Desenvolvimento de metodologia para promover o manejo sustentável dos candeiais
nativos
Estão sendo desenvolvidas equações para
estimar o volume, o peso seco e a quantidade de óleo das árvores do candeial
nativo.
Outras ações são a implantação de
experimentos para avaliar a regeneração natural, o estabelecimento de uma rede
de parcelas permanentes em diferentes populações de candeia para acompanhar a
dinâmica e o crescimento das árvores e a avaliação dos impactos ambientais,
econômicos e sociais da exploração da candeia. Estas informações são
necessárias para a proposição de planos de manejo que visam a alcançar a
produção sustentável dos candeiais.
II)
Desenvolvimento de metodologia para gerar um sistema de produção comercial da
candeia e o seu manejo
Estão sendo realizadas cubagens rigorosas
de árvores de candeia em quatro locais do Estado de Minas Gerais para
quantificar e avaliar a qualidade do óleo contido no fuste, galhos, folhas e
raízes. Com base nos resultados encontrados, marcam-se árvores matrizes que se
destacam pela quantidade e qualidade do óleo produzido. Anualmente são
coletadas sementes nas árvores matrizes selecionadas para testar sua
viabilidade, as condições ideais para seu armazenamento e para produzir as
mudas utilizadas em testes de progênie e em experimentos que testam níveis de
adubação, espaçamento, desbaste e desrama artificial.
Estudos estão sendo desenvolvidos
referentes à clonagem da candeia e a viabilidade econômica do plantio e manejo da
espécie.
A definição das linhas de ação resultou do
levantamento sócio econômico realizado nas regiões de estudo, que permitiram,
entre outras coisas, caracterizar a cadeia de comercialização dos produtos da
candeia e comprovar que a clandestinidade ainda impera na exploração e no
comércio dos produtos desta espécie. É urgente a necessidade de desenvolver
tecnologia para o manejo e o uso dos produtos da espécie, tarefa que os
pesquisadores do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras assumiram após o apoio do Ministério
do Meio Ambiente, do IBAMA, do IEF-MG e do PADCT-CNPq-CIAMB.
Um fluxograma ilustrativo da estrutura do projeto é apresentado na Figura 1.
FIGURA
1 - Fluxograma da estrutura do projeto candeia.
A candeia tem várias espécies à saber: Eremanthus arboreus (Gardner) MacLeish , Eremanthus brasiliensis (Gardner) MacLeish, Eremanthus polycephalus (DC.) MacLeish, Eremanthus glomerulatus Less., Eremanthus erythropappus (DC.) Macleish e Eremanthus incanus (Less.) Less. Destas espécies as duas últimas são as de maior ocorrência e compõem o escopo desta publicação.
A candeia (Eremanthus erythropappus) é classificada como da família Asteraceae, é uma espécie pertencente ao grupo ecológico das pioneiras e é considerada precursora na invasão de campos (Carvalho, 1994). Esta espécie se desenvolve rapidamente em campos abertos, formando povoamentos mais ou menos puros. Isto também acontece dentro da floresta quando há alguma perturbação, pois é uma espécie heliófila e a entrada de luz a beneficia. É uma árvore cuja altura varia de 2 a 10 m, e o seu diâmetro pode atingir 35cm.
O tronco desta árvore possui uma casca grossa e cheia de fendas no fuste e, nos galhos mais novos, a casca torna-se menos rústica. As folhas têm uma característica marcante, que é a dupla coloração, na parte superior são verdes e glabras e na parte inferior possuem um tom branco, tomentoso e são aveludadas (Corrêa, 1931). As folhas são simples, opostas com pilosidade cinérea (Chaves e Ramalho, 1996). As flores são hermafroditas e se apresentam em inflorescências de cor púrpura nas extremidades dos ramos (Araújo, 1944). As características das folhas e de inflorescência facilitam a identificação da espécie mesmo à distância.
Conforme CETEC (1994), no ano de 1993 a candeia na Estação Ecológica do Tripuí, em Ouro Preto - MG, começou a desenvolver seus botões florais em março. As flores abriram de maio a agosto e o pico de floração foi no mês de julho quando alguns indivíduos já começaram a frutificar, apresentando o pico entre os meses de setembro e outubro, quando se inicia a dispersão de sementes ou aquênios.
O fruto é do tipo aquênio, com superfície cilíndrica e com dez arestas, de cor pardo-escura, com aproximadamente 2 mm de comprimento. Cada fruto contém uma só semente.
Uma característica interessante dessa espécie é seu desenvolvimento em sítios com solos pouco férteis, rasos e predominantemente, em áreas de campos de altitude, com esta variando entre 1.000 e 1.700 m. Enfim, a candeia se desenvolve em locais em que seria difícil a implantação de culturas agrícolas ou mesmo a implantação de alguma outra espécie florestal.
A madeira é branca ou acinzentada com grã mais escura, seu peso específico é de 0,912, apresenta resistência ao esmagamento, carga perpendicular 339 e carga paralela 472 kg/cm2 (Corrêa, 1931). É uma espécie florestal de múltiplos usos, sendo utilizada como moirão de cerca pela sua durabilidade, e também um óleo essencial cujo princípio ativo é o alfabisabolol, que exibe propriedades antiflogísticas, antibacterianas, antimicóticas, dermatológicas e espasmódicas (Teixeira et al., 1996). Por causa destas propriedades o alfabisabolol é utilizado na fabricação de medicamentos e cosméticos, sendo que o quilo do óleo bruto e do óleo refinado é comercializado a US$ 18,00 e US$ 60,00/kg, respectivamente.
A candeia Eremanthus incanus (Less.) Less. é uma árvore de porte que varia de 2 a 10 m de altura e atinge até 20 cm de DAP. Possui tronco marrom-cinzento, casca grosso e poucos galhos. As folhas são coriáceas, com pecíolos de 4 a 17 mm de comprimento e limbo com comprimento de 5,5 a 14 m de comprimento e largura de 2 a 6 cm. A forma da folha é elíptica a oval, a base é aguda, o ápice tende a obtuso e as margens são inteiras. Apresenta inflorescência cimosa composta por 8 a 50 glomérulos com 5 a 15 mm de altura, 7 a 15 mm de diâmetro e forma tendendo à esférica, com 30 a 100 flores subsésseis aglomerados por cada glomérulo. Os invólucros são cilíndricos, com 2,4 a 5 mm de altura e 0,3 a 1,5 mm de diâmetro. Os verticilos externos possuem forma triangular com 1,7 a 3 mm de comprimento, 0,1 a 0,5 mm de largura e os ápices tendem a forma obtusa. Os verticilos internos são estreitos com 2,6 a 4 mm de comprimento e 0,3 a 0,6 mm de largura. Os ápices são pontiagudos, as margens são inteiras, a superfície abaxial possui cor de palha com ápice roxo. Apresenta, ainda, corolas púrpuras-pálidas a brancas com 4,2 a 6,6 mm de altura, com lóbulos pontiagudos. Os aquênios cilíndricos possuem de 2,2 a 2,6 mm de altura, são glandulares, sedosos e finos e têm de 15 a 20 nervuras, com nectário apresentando altura entre 0,15 a 0,25 mm de altura e 3 a 4 séries de papo (tufo), variando de branco opaco a roxo, são decíduos, tardios, duros e têm pêlos eriçados. A floração e a produção de frutos ocorrem de julho a outubro.
Esta espécie é comum em Minas Gerais, com distribuição do sudeste ao nordeste do Planalto Central do Brasil. A altitude predominante varia de 800 a 1200 m, ocorrendo no cerrado, na floresta secundária ou na caatinga. Esta espécie é basicamente utilizada para produção de moirões, já que apresenta baixa produtividade do óleo alfabisabolol, além deste apresentar baixa qualidade.
Apesar das candeias Eremanthus erythropappus e Eremanthus incanus serem espécies florestais geradoras de renda, contraditoriamente não há um sistema de manejo consolidado para ela, seja para as áreas onde sua ocorrência é natural, seja em plantios puros ou mistos visando um uso comercial mais planificado. Os produtos delas obtidos alcançam preços relativamente altos no mercado. Por exemplo, os pequenos empreendimentos que extraem o óleo alfabisabolol pagam entre R$ 50,00 e R$ 70,00 pelo metro “stere” (empilhado) de madeira. Já os produtores rurais, pagam de R$ 25,00 a R$ 60,00 pela dúzia de moirões que serão usados para a construção de cercas. As características comerciais dos Moirões são que estes devem possuir comprimento de 2,20 m e diâmetro mínimo de 7 cm. Já para produção de óleo a madeira das plantas com diâmetro a 1,30 m de altura (DAP) maior ou igual a 5 cm ou todas as demais partes da plantas não utilizadas para produção de moirões são adequadas.
Carvalho (1994) cita que a candeia ocorre na América do Sul, sendo encontrada no nordeste da Argentina, norte e leste do Paraguai e no Brasil. Pedralli, Teixeira e Nunes (1996) indicam que se pode encontrar a candeia no Brasil, nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Carvalho (1994) cita outros estados nos quais também a candeia vegeta, como Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e, também, Distrito Federal.
No Estado de Minas Gerais a candeia é
encontrada em Sapucaí-Mirim, Camanducaia, Extrema, Itapeva, Munhoz, Gonçalves,
Paraisópolis, Córrego do Bom Jesus, Cambuí, Senador Amaral, Consolação, Estiva,
Bom Repouso, Tocos do Moji, Brasópolis, Venceslau Brás, Delfim Moreira,
Piranguinho, Conceição dos Ouros, Cachoeira de Minas, São José do Alegre, Maria
da Fé, Marmelópolis, Passa-Quatro, Virgínia, Itanhandu, Bueno Brandão,
Inconfidentes, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Cristina, Pedralva, São
Sebastião da Bela Vista, Borda da Mata, Senador José Bento, Congonhal, Espírito
Santo do Dourado, Careaçu, Natércia, Heliodora, Conceição das Pedras, Lambari,
Jesuânia, Olímpio Noronha, Carmo de Minas, Dom Viçoso, Itamonte, São Sebastião
do Rio Verde, Alagoa, Pouso Alto, São Lourenço, Bocaina de Minas, Baependi,
Caxambu, Soledade de Minas, Aiuruoca, Carvalhos, Liberdade, Seritinga,
Andrelândia, Serranos, São Vicente de Minas, Monte Sião, Ouro Fino, Albertina,
Santa Rita de Caldas, Ipuiúna, São Gonçalo do Sapucaí, Passa-Vinte, Santa Rita
do Jacutinga, Arantina, Bom Jardim de Minas, Rio Preto, Santana do Garambéu,
Olaria, Lima Duarte, Santa Bárbara do Monte Verde, Conceição do Rio Verde,
Cambuquira, Campanha, Três Corações, Monsenhor Paulo, Boa Esperança, Ilicínea,
Carmo do Rio Claro, Coqueiral, Nepomuceno, Aguanil, Cristais, Guapé, Campo
Belo, Cana Verde, Perdões, Candeias, Ribeirão Vermelho, Lavras, Santana do
Jacaré, Minduri, Cruzília, São Tomé das Letras, São Bento Abade, Luminárias,
Ingaí, Belmiro, Braga, Simão Pereira, Santana do Deserto, Chiador, Mar de
Espanha, Além Paraíba, Pequeri, Matias Barbosa, Bicas, Guarará, Senador Cortes,
Santo Antônio do Aventureiro, Maripá de Minas, Argirita, São João Nepomuceno,
Rochedo de Minas, Goiana, Piau, Rio Novo, Ewbank da Câmara, Pedro Teixeira,
Descoberto, Santos Dumont, Bias Fortes, Antônio Carlos, Santa Rita do
Ibitipoca, Ibertioga, Oliveira, Fortes, Aracitaba, Piedade do Rio Grande, Madre
de Deus de Minas, São João Del-Rei, Carrancas, Itutinga, Nazareno, Conceição da
Barra de Minas, Santa Cruz de Minas, Tiradentes, Prados, Itumirim, Coronel
Xavier Chaves, Ibituruna, Ijaci, Dores de Campos, Barroso, Barbacena, Santa
Bárbara do Tugúrio, Desterro do Melo, Alfredo Vasconcelos, Paiva, Tabuleiro,
Senhora dos Remédios, Ressaquinha, Mercês, Alto Rio Doce, Carandaí, Capela
Nova, Caranaíba, Cipotânea, Rio Pomba, Silveirânia, Barão do Monte Alto,
Muriaé, Patrocínio do Muriaé, Eugenópolis, Antônio Prado de Minas, Vieiras,
Tombos, Pedra Dourada, São Francisco do Glória, Rosário da Limeira, Dona
Eusébia, Astolfo Dutra, Guarani, Piraúba, Guidoval, Rodeiro, Ubá, Tocantins,
Dores do Turvo, Guiricema, Visconde do Rio Branco, Divinésia, Ritápolis, São
Tiago, Bom Sucesso, Santo Antônio do Amparo, Alpinópolis, São José da Barra,
Capitólio, Pium-í, Pimenta, Formiga, Córrego Fundo, Pains, Doresópolis,
Oliveira, São Francisco de Paula, Camacho, Itapecerica, Carmo da Mata,
Carmópolis de Minas, Cláudio, Itaguara, Piracema, Passa-Tempo, Resende Costa,
Desterro de Entre-Rios, Lagoa Dourada, Entre-Rios de Minas, Piedade dos Gerais,
Crucilândia, Bonfim, Belo Vale, Jeceaba, São Brás do Suaçuí, Casa Grande,
Queluzito, Cristiano, Otoni, Moeda, Brumadinho, Rio Manso, Itatiaiuçu,
Conselheiro Lafaiete, Congonhas, Itabirito, Ouro Preto, Ouro Branco, Itaverava,
Santana dos Montes, Catas Altas da Noruega, Lamim, Rio Espera, Senhora de
Oliveira, Brás Pires, Piranga, Presidente Bernardes, Senador Firmino, Mariana,
Diogo de Vasconcelos, Porto Firme, Paula Cândido, São Geraldo, Coimbra,
Ervália, São Miguel do Anta, Cajuri, Viçosa, Guaraciaba, Teixeiras, Acaiaca,
Amparo da Serra, Pedra do Anta, Oratórios, Jequeri, Canaã, Araponga, Miradouro,
Fervedouro, Sericita, Faria Lemos, Carangola, Caiana, Espera Feliz, Divino,
Orizânia, Caparão, Alto Caparão, Alto Jequitibá, Santa Margarida, Santo Antônio
do Grama, Urucânia, Ponte Nova, Barra Longa, Santa Cruz do Escalvado, Piedade
de Ponte Nova, Rio Doce, Sem-Peixe, Dom Silvério, Alvinópolis, Pedrinópolis,
Patrocínio, Medeiros, Serra do Salitre, Ibiá, Bambuí, Iguatama, Japaraíba,
Arcos, Pedra do Indaiá, Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte, Araújos,
Perdigão, São Gonçalo do Pará, Igaratinga, Divinópolis, São Sebastião do Oeste,
Carmo do Cajuru, Itaúna, Mateus Leme, Igarapé, São Joaquim de Bicas, Mário
Campos, Sarzedo, Nova Lima, Sabará, Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara, Catas
Altas, Rio Piracicaba, Barão de Cocais, Caeté, Bom Jesus do Amparo, São Gonçalo
do Rio Abaixo, João Monlevade, Santana do Riacho, Jabuticatubas, Taquaraçu de
Minas, Nova União, Bela Vista de Minas, Nova Era, Itabira, Santa Maria de
Itabira, Passabém, Itambé do Mato Dentro, São Sebastião do Rio Preto, Santo
Antônio do Rio Abaixo, Morro do Pilar, Braúnas, Dores de Guanhães, Carmésia,
Senhora do Porto, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas,
Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, São João Evangelista, Paulistas,
Materlândia, Serra Azul de Minas, Serro, Rio Vermelho, Coluna, Datas,
Presidente Kubitschek, Diamantina, Couto de Magalhães de Minas, São Gonçalo do
Rio Preto, Felício dos Santos, Itamarandiba, Senador Modestino Gonçalves,
Ladainha, Pote, Frei Lagonegro, São José do Jacuri, Carbonita, Perdizes,
Coronel Pacheco, Chácara, Juiz de Fora, Itajubá, Piranguçu, Silvianópolis, São
João da Mata, Turvolândia, Jacutinga, Medina, Comercinho, Itinga, Coronel
Murta, Virgem da Lapa, Berilo, Francisco Badaró, José Gonçalves de Minas,
Chapada do Norte, Jenipapo de Minas, Leme do Prado, Turmalina, Veredinha, Minas
Novas, Capelinha, Aricanduva, Angelândia, Setubinha, Malacacheta,
Franciscópolis, conforme ilustrado na Figura 2. Nesta mesma figura é mostrada a
área de execução do projeto candeia.
FIGURA 2 - Área de ocorrência e de estudo da candeia em Minas Gerais.
·
Área 1
A área é caracterizada por vegetação do tipo Campo Cerrado, Mata de Galeria e de Floresta Semi-Decídua Montana. Uma vista parcial da área de estudo é mostrada na Figura 3.
FIGURA 3 - Vista parcial da área de mata e de candeais na Fazenda Bela Vista, Aiuruoca, MG.
·
Área 2
A área é caracterizada por vegetação do
tipo cerrado sensu stricto. Uma vista parcial da área de estudo é mostrada na
Figura 4.
FIGURA 4 - Vista parcial da área de mata e de candeiais na Fazenda do Açude, Carrancas, MG.
·
Área 3
A área é caracterizada por vegetação do tipo Campo Cerrado, Mata de Galeria e de Floresta Semi-Decídua Montana. Uma vista parcial da área de estudo é mostrada na Figura 5.
FIGURA 5 - Vista parcial da área de mata e de candeais na Fazenda dos Coelhos, Morro do Pilar, MG.
O clima, segundo a classificação de Köppen, é mesotérmico úmido do tipo Cwb, tropical de altitude, com verões suaves. A temperatura do mês mais quente dependendo da altitude do local considerado varia de 22oC a 30oC, a temperatura média anual varia entre 18oC e 20oC, e a média anual de precipitação pluviométrica entre 1.400 e 1.550 mm. Os meses mais chuvosos correspondem a novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, e as menores precipitações ocorrem em junho, julho e agosto.
Nos campos de altitude da região sul de Minas o material de origem é denominado BI, gnaisses, migmatitos, granitóides gnaisses e xistos grafitosos, ultramáficas e máficas, formações ferríferas, conditos e quartzitos. O solo é classificado como Cambissolo álico (Ca) e Cambissolo distrófico (Cd).
Já em áreas com altitude em torno de 1000m no sul de Minas o material de origem é AX, micaxisto, quartzito anfebolitos, cálcio-cilicáticas e gnaisses. O solo é classificado como Cambissolo álico (Ca), ocorrendo também Latossolo Vermelho Escuro distrófico (LEd) e Latossolo Vermelho Amarelo distrófico (LVd).
Na região da Serra do Cipó o material de origem desta região é EIF, quartzito, filitos, meta-conglomerado, meta-brechas e filitos hematitico. O solo é classificado como Latossolo roxo distrófico (LRd), ocorrendo também Latossolo Vermelho Escuro álico (LEa), Cambissolo álico (Ca), solo litólico álico (Ra) e Podzólico Vermelho Amarelo distrofico (PVd).
De maneira geral, a fertilidade e textura do solo, onde ainda se encontram remanescentes de candeia tem como características médias:
O valor de pH é baixo com valor médio de 5,1 e desvio padrão 0,3. A matéria orgânica pode ser classificada como valores bons com média de 2,2 dag/kg e desvio padrão 0,9. O cálcio apresenta valor de médio a baixo ou 0,3 mg/dm3 e desvio padrão 0,2. O magnésio apresenta valores de baixo a muito baixo ou 0,1 cmolc/dm3 e desvio padrão 0, . O potássio apresenta grande variabilidade em sua disponibilidade nas áreas com valores de bons a baixo, na grandeza de 40,7 mg/dm3 e desvio padrão 21,7. O fósforo apresenta baixos valores ou 1,4mg/dm3 e desvio padrão 0,4. O alumínio apresenta valores médios de 1,2 cmolc/dm3 e desvio padrão de 0,5. O índice de saturação de bases é em média de 9,7%. O índice de saturação de alumínio é de 67,6%. A soma de bases trocáveis de 0,5 cmolc/dm3 com desvio padrão 0,2. A capacidade de traça catiônica efetiva é em média de 1,7 cmolc/dm3 com desvio de 0,6 e a capacidade de troca catiônica a pH 7,0 é de 6,6 cmolc/dm3 com desvio padrão de 2,8. Com base nos valores de pH, alumínio, acidez potencial e saturação por alumínio, verifica-se que possuem acidez elevada, o que pode influenciar negativamente no desenvolvimento do sistema radicular e na disponibilidade de macronutrientes. A soma de bases apresenta baixos valores evidenciando a baixa fertilidade deste solo.
Com relação às características físicas do solo as distribuições granulométricas por tamanho, indicam solos variando de textura média a arenosa, com 68,7% de areia; 20,8% de argila e 11,2% de silte em média.
A
silvicultura brasileira é uma atividade extremamente recente quando comparada
com países da Europa, onde ela tem tradição de vários séculos. No Brasil, a
produção de sementes e mudas de espécies florestais, com algum grau de
melhoramento, só teve um incremento significativo nas últimas três décadas, com
maior ênfase em espécies dos gêneros Eucalyptus
e Pinus. As grandes empresas
florestais do setor de celulose e papel e outros produtos da madeira
estabeleceram programas de melhoramento que pudessem fornecer sementes e
propágulos com características silviculturais e tecnológicas capazes de atender
às suas necessidades.
Esse
processo é contínuo, dinâmico e específico aos interesses de cada setor, já que
na sua maioria, baseiam-se na estratégia de multipopulações, explorando as
interações com sítios específicos. Além desses fatores, por se tratarem de
espécies exóticas com ampla utilização em vários países, são também bastante
estudadas nos seus aspectos da fisiologia e tecnologia de sementes e mudas.
Por
outro lado, esses mesmos aspectos são desconhecidos para a maioria das espécies
florestais nativas, mas felizmente, os avanços obtidos na política ambiental, a
crescente conscientização da população em relação à preservação ambiental e as
necessidades prementes de manejo econômico de espécies florestais nativas, têm
levado a uma crescente demanda de conhecimentos sobre essas espécies,
iniciando-se pelos aspectos ecológicos, da produção e tecnologia de sementes e mudas. Atualmente a grande maioria dos plantios
de espécies nativas são destinados a restauração de áreas degradadas, onde
busca-se alcançar a máxima diversidade entre e dentro das espécies. No caso de
plantios com fins comerciais, como os de candeia, deve-se explorar ao máximo a
variabilidade existente dentro da espécie, selecionando-se procedências,
progênies e/ou clones mais adaptados e produtivos para diferentes ambientes.
Esse processo é normalmente demorado e dispendioso, mas pode ser levado em paralelo
com plantios comerciais de pequena escala, que utilizam fontes de sementes
locais, colhidas de populações mais vigorosas.
No entanto, todos esses processos carecem da base de conhecimentos sobre os processos de produção e tecnologia de sementes e mudas. No caso da candeia existem poucas pesquisas com resultados conclusivos que possam ser aplicados ao processo produtivo, assim as etapas a serem descritas neste capítulo são baseadas nas poucas publicações existentes, nas experiências de campo realizadas por vários produtores rurais e na experiência acumulada sobre sementes e mudas de espécies florestais nativas.
Na
maioria dos programas de implantação de florestas nativas realizadas no Brasil,
pouca ou nenhuma atenção tem sido dispensada à qualidade das sementes, no
sentido de que estas sejam representativas de uma população de uma espécie. Em
muitos casos, onde parcelas experimentais com espécies florestais nativas foram
plantadas a 20-30 anos atrás mostram grandes potencialidades de utilização na
silvicultura, nem mesmo existem registros da fonte de sementes ou procedência,
impossibilitando que o trabalho de melhoramento e/ou comercialização de
sementes possa ganhar escala comercial.
As populações
de candeia destinadas á produção de sementes devem ser selecionadas dentro de
sua região de ocorrência natural, buscando-se capturar a maior
representatividade genética dessas populações. Kageyama & Gandara (1999),
enfatizam a necessidade do entendimento do conceito de tamanho efetivo (Ne),
que vem a ser a representatividade genética que uma árvore tem, em função de
seu sistema reprodutivo e de sua genealogia. Assim, sementes colhidas de uma
árvore, podem representar um Ne que pode variar de 1 a próximo de 4,
dependendo se a espécie é alógama ou autógama, respectivamente.
O
tamanho efetivo de uma população implicará na sua capacidade de manter suas
características genéticas ao longo de sucessivas gerações, de maneira que a
colheita de sementes deverá priorizar o tamanho efetivo da população, para que
a futura floresta originada dessas sementes, represente toda a variabilidade
genética da espécie, além de evitar cruzamentos endogâmicos e consequentemente
a sua depressão.
Assumindo-se
que uma espécie é alógama, como a candeia, pode-se adotar um tamanho efetivo
adequado para a colheita de sementes como sendo de 50. Segundo Kageyama &
Gandara (1999) este valor tem sido aceito na literatura para casos de
populações a serem mantidas a médio prazo. Na prática, esses autores sugerem:
1) colher sementes de 12-13 árvores de uma população natural grande, ou seja,
com mais de 500 árvores, ou; 2) reunir as sementes de várias populações
pequenas, somando-se os Ne individuais, ou; 3) coletar sementes de
uma floresta plantada, desde que as sementes utilizadas para formar essa
população tenham um Ne de 50. Para todos os casos, deve-se colher a
mesma quantidade de sementes de cada árvore, tomando-se o cuidado de obedecer
uma distância de 50 a 100metros entre as
árvores selecionadas.
De
acordo as recomendações de Davide, Faria e Botelho (1995), as árvores matrizes
devem apresentar características típicas da espécie alvo, serem vigorosas,
apresentar boas condições fitossanitárias, possuírem copa pequena, ramos finos
com angulo de inserção próximos de 90 graus, boa desrama natural, tronco
cilíndrico, e constituírem-se em boas produtoras de sementes em várias
colheitas.
Um outro importante fator a ser
destacado para a seleção de matrizes, é a classificação das árvores na
floresta. De acordo com (Davide e Faria, 2000), árvores
dominadas ou suprimidas apresentam pouca ou nenhuma capacidade de produzir
sementes. Cerca de 90% das sementes são produzidas por árvores dominantes e/ou
codominantes da comunidade florestal. Como as árvores de candeia ocorrem de
maneira agregada, devem-se selecionar aquelas com copas que estejam dominando
suas vizinhas.
Uma vez
estabelecidas as populações, os principais aspectos que devem ser considerados
no processo de produção de sementes de candeia, são: a) número de matrizes
coletadas; b) distância entre matrizes;
c) número de ocasiões em que a matriz irá produzir sementes em seu ciclo vital;
d) intervalo entre eventos de produção; e) quantidade de sementes produzidas
por arvore em cada período de produção; f) duração do período de produção e g)
classificação da árvore na floresta.
Para cada população, as árvores matrizes deverão
ser marcadas com uma etiqueta de alumínio, com seu respectivo número, além de
receber uma marca maior com tinta ou fita colorida para facilitar sua
visualização. Em cada etiqueta, constará um conjunto de letras e números,
referentes a população, espécie e número da matriz, seguindo-se os procedimentos
e recomendações do Grupo Permanente de Trabalho em Melhoramento Genético
Florestal(Coutinho,1981).
Todas as populações, bem
como todas as matrizes deverão ser topograficamente georreferenciadas e
plotadas em mapas ou croquis que possam permitir a localização fácil e rápida
dessas árvores nas futuras coletas.
Existem vários
indicadores do ponto de maturação dos frutos que estabelecem a época de
colheita ou coleta de sementes. Para candeia, o melhor indicador do ponto de
colheita é o início da dispersão de seus diásporos. Seus frutos, dispostos em
capítulos são do tipo aquênio, com uma semente por fruto (Figuras 6 e 7), de
acordo com Davide et al. (2000), genericamente podem ser classificados como
secos deiscentes e, portanto, devem ser colhidos antes que completem a
deiscência e dispersem todas as sementes.
Legenda: (a) panícula corimbosa; (b) capítulos dispostos em glomérulo; (c) corola, anteras soldadas e estigma; (d) ovário ainda com o “pappus”, corola, estames e estigma; (e) fruto (aquênio); (f) folha de um ramo comum.
FIGURA 6 - Representação de um ramo de candeia - Eremanthus erythropappus Schultz Bip. (Fonte: Araújo, 1946).
Fonte:
Ecofisiologia da candeia, CETEC, p. 15, 1994.
FIGURA 7 - Eremanthus incanus Less.: A e B - fruto; C - semente de tegumento; D e E - embrião; F - eixo embrionário; G e I - germinação (5, 15, 30 dias, respectivamente); J - plântula com 40 dias; L - estádio inicial da fase de muda com 65 dias. C - cotilédone; co - coleto; e - epicótilo; ex - eixo-embrionário; f - folha; ga - gema apical; hp - hipocótilo; p - protofilo; pp - papus; rs - raiz secundária; s - semente.
O sucesso da colheita de sementes depende do conhecimento da época de maturação, características de dispersão das sementes e das condições climáticas. Para as espécies de candeia mais importantes para produção de moirões e óleos essenciais, como Eremanthus incanus Less e E. erytropapphus, no Sul de Minas Gerais, a época de frutificação ocorre entre os meses de agosto a outubro, podendo estender-se até novembro, coincidindo com a maioria das espécies florestais nativas da região. Essa variação normalmente ocorre entre ambientes, anos e genótipos.
Após a coleta, os capítulos deverão ser colocados em sacos de aniagem, identificado-se a espécie, local e data de coleta, para em seguida, serem transportados para o galpão de beneficiamento. Embora a ocorrência de chuvas seja rara na região durante os meses de colheita, deve-se evitar a colheita de frutos logo após a ocorrência de chuvas, isso poderia levar ao aceleramento do processo de deterioração das sementes.
O beneficiamento das sementes de candeia é essencialmente manual, utilizando-se secagem ao sol dos frutos, seguida de maceração sobre peneira, ou seja, os capítulos devem ser esfregados sobre a superfície de uma peneira do tipo “peneira de arroz”, colocando-se embaixo, uma bandeja para aparar os diásporos. Em seguida, o material que foi recolhido na bandeja deve ser peneirado ou soprado, buscando-se obter lotes de sementes com maior grau de pureza.
Utilizando-se dessa metodologia, Davide et al. (2000) obtiveram lotes com aproximadamente 2.000.000 de sementes/kg. Após a formação dos lotes, estes serão identificados por números e registrados no livro de entrada de sementes. No registro constará a origem, a data de coleta das sementes, a porcentagem de germinação e o grau de umidade inicial das sementes.
Como as sementes de candeia são colhidas em setembro/outubro, antecedendo em apenas 1 a 2 meses a época ideal de plantio e o ciclo de produção de mudas é de 100 a 150 dias, torna-se de fundamental importância a manutenção de lotes viáveis de sementes em armazenamento, para que o processo de produção de mudas se inicie em julho/agosto. Assim, as mudas estariam disponíveis com padrão de plantio no início da estação chuvosa.
Quanto ao armazenamento, sementes ortodoxas como as da candeia devem ser armazenadas com grau de umidade próximo de 5%, podendo ser acondicionadas em embalagem semi-permeável (um filme de polietileno de 0,025 mm de espessura), colocados dentro de tamboretes de fibra e armazenadas em câmara fria e seca (10°C; 40%UR).
A determinação do grau de umidade das sementes é de fundamental importância para a indicação do método de armazenamento e baseia-se na perda de peso das sementes quando secas em estufa. A perda de peso corresponde à água evaporada das sementes pela ação do calor.
De uma amostra média com aproximadamente 200 gramas, deve-se retirar 3 subamostras com 4 gramas, acondicionadas sobre pequenos recipientes de “papel alumínio” e pesadas em balança de precisão, obtendo-se um peso inicial P ( peso das sementes úmidas, mais o peso do recipiente). Esses recipientes devem ser levados para a estufa previamente aquecida e regulada a 105ºC por 24 horas. Após esse período, os recipientes fechados devem ser levados ao dessecador por 15 minutos para esfriar para obter-se o peso final “p” (peso das sementes secas, mais o peso do recipiente).
O grau de umidade deve ser calculado na base do peso úmido, aplicando-se a fórmula:
Dados obtidos no Laboratório de Sementes Florestais da Universidade Federal de Lavras mostram que após secagem ao sol, o grau de umidade das sementes de diferentes procedências de Eremanthus erythropappus e de Eremanthus incanus variou de 8,77 a 9,42%. Esse nível de umidade sugere que as sementes poderiam ser armazenadas em câmara fria (5-10ºC/40-60% de umidade relativa, em embalagem semipermeável), mas será necessário estudar com maior profundidade a capacidade de armazenamento dessas sementes.
TABELA 1 - Valores de umidade para as procedências de Eremanthus erythropappus.
Procedência |
Umidade (%) |
Morro do Pilar |
9,28 |
Mariana |
9,20 |
Carrancas |
9,05 |
Caraça |
9,42 |
Baependi |
8,95 |
Minduri |
9,06 |
São Tomé das Letras |
8,79 |
TABELA 2 - Valores de umidade para as procedências de Eremanthus incanus.
Procedência |
Umidade (%) |
Morro do Pilar |
8,77 |
São Tomé das Letras |
8,48 |
Minduri |
9,32 |
Carrancas |
8,72 |
Mariana |
9,32 |
Os
lotes de sementes de candeia normalmente apresentam baixos valores de
germinação e com grande amplitude de valores para diferentes lotes. Dados
obtidos pelo CETEC (1994) mostraram uma variação de 2,25% a 45,75% na
porcentagem de germinação para sementes de E.
erythropappus , de diferentes
progênies e procedências. Esses valores correspondem aos encontrados por outros
autores, como Chaves e Ramalho (1996) e Davide et al. (2000). Entretanto, essa
variação pode ter vários significados, como grau de dormência, de sementes
vazias, de sementes mortas ou deterioradas e ainda falta de condições ótimas
para a realização do teste de germinação.
Os
últimos estudos de germinação de sementes de candeia, realizados pelo
Laboratório de Sementes Florestais da UFLA , mostraram uma variação de 7% a 12%
para lotes compostos de diferentes procedências de E. Incanus e E eritropaphus. O teste durou 20 dias e foi realizado
em gerbox contendo 3 folhas de papel mata borrão.
Nota-se
que a porcentagem de sementes vazias variou de 35% a 48%, enquanto a
porcentagem de sementes duras variou de 7% a 16%. Isso mostra que o grau de dormência
assume uma importância secundária para essas espécies. Outro fator que
contribuiu para a baixa viabilidade dos lotes testados foi a alta mortalidade
de sementes ao final do teste, o que um fator muito comum para espécies
florestais nativas, devido ao alto grau de contaminação durante o teste.
TABELA
3 - Porcentagem de sementes de E. incanus
e E. erythropaphus, germinadas, duras, mortas e vazias submetidas a duas
condições de temperatura.
Espécie |
T (oC) |
Germinação |
Duras (%) |
Mortas (%) |
Vazias (%) |
Eremanthus incanus |
20-30* |
10 |
7 |
48 |
35 |
30 |
12 |
16 |
27 |
45 |
|
Eremanthus
erythropappus |
20-30 |
7 |
11 |
44 |
38 |
30 |
10 |
9 |
23 |
58 |
* Para a temperatura 20-30oC, a temperatura menor corresponde ao período de escuro com duração de 14 horas.
A produção de mudas de alta qualidade é função das sementes ou propágulos utilizados e dos tratos silviculturais empregados no viveiro. Isso pode ser melhor visualizado na Figura 8.
FIGURA 8 -
Potencialidades hereditárias e fatores ambientais que operam através dos
processos fisiológicos para controlar as características das mudas.
Deve-se então buscar a produção de mudas com qualidade morfo-fisiológica
que permita seu rápido estabelecimento no campo com altas taxas de pegamento e
o máximo de incremento médio anual de madeira.
As estratégias de produção de mudas de espécies florestais tropicais, devem levar em consideração o grupo sucessional a que pertencem. Swaine e Whitmore (1998), classificam as espécies em pioneiras (P) e clímax, sendo estas últimas divididas em clímax exigentes em luz (CL) e clímax tolerantes à sombra (CS). Essa classificação talvez não se aplique às espécies de candeia, que são típicas de formações abertas, formando candeais que são predominantes sobre as demais formas de vegetação na sua região de origem. Para efeito de produção de mudas, as espécies de candeia podem ser consideradas como espécies pioneiras e portanto devem ser produzidas à pleno sol.
Devido a baixa capacidade germinativa de suas sementes, pode-se adotar os processos de semeadura direta ou de repicagem, dependendo da qualidade do lote de sementes disponível (Figura 9).
* Algumas
espécies não toleram a repicagem, exigindo que se faça semeadura direta nos
recipientes.
FIGURA 9 - Fatores que influenciam na tomada de decisão quanto ao tipo de semeadura (direta (recipientes), ou indireta (sementeiras)).
A semeadura em canteiros para posterior repicagem das mudas para a embalagem definitiva, foi a prática mais utilizada no início das atividades de reflorestamento. Este processo era o mais viável em decorrência da pequena disponibilidade de sementes, da abundância de mão-de-obra e do menor tamanho dos projetos de reflorestamento. Esta prática requer cuidados especiais no manuseio das mudas, principalmente para evitar danos ao sistema radicular e suas deformações, os quais podem resultar em perdas imediatas no viveiro ou
Esta técnica exige, além das sementeiras, condições climáticas adequadas, como dias frescos e nublados durante o processo de repicagem e um aparato de cobertura para os canteiros de mudas recém-repicadas, que devem ficar protegidas contra o sol forte e ventos, a fim de evitar uma transpiração excessiva, causando seu ressecamento e morte.
A sementeira é o local destinado à germinação das sementes. Ela é usada preferencialmente no caso de sementes muito pequenas, com baixo poder germinativo, ou espécies que apresentam dormência.
A sementeira é constituída de
material drenante na sua parte inferior, e sobre este, o substrato de plantio.
O substrato usado na sementeira deve ser bem nivelado, e sua constituição pode
variar de acordo com o tamanho das sementes(Figura 10).
Para sementes pequenas, como as da candeia, o substrato pode conter diferentes constituições, como pode ser observado na Tabela 4.
TABELA 4 - Composição de substratos para sementeiras.
Composição |
Fonte |
70% de terra de subsolo peneirada; 20% de esterco curtido de curral, ou casca de arroz carbonizado |
Faria, 1999 |
80% de areia média 20% de húmus de minhoca, ou esterco bovino curtido |
CESP, 2000 |
Para sementes grandes pode-se semear em areia lavada, que facilita o crescimento das raízes e o arranquio das plântulas, além de diminuir a ocorrência de doenças.
Deve-se fazer uma irrigação da sementeira, antes da semeadura, para que ocorra o acamamento do substrato.
FIGURA 10 - Planta baixa de uma sementeira e
em corte transversal.
7.1.1.2
Semeadura
A
semeadura deve ser a lanço (Figura 11), espalhando-se as sementes uniformemente
sobre a sementeira, procurando-se manter uma distância entre as sementes equivalente
ao seu próprio comprimento.
FIGURA
11 - Semeadura a lanço de sementes de guatambú (Aspidosperma parvifolium) em sementeira.
Após a semeadura, deve-se
peneirar sobre as sementes uma fina camada de substrato (no máximo 1,5 vezes a
espessura das sementes) utilizando-se uma peneira de malha fina (2-3 mm),
seguida de uma camada de casca de arroz. Esta cobertura morta tem a finalidade
de manter a umidade da sementeira, além de proteger as sementes pré-germinadas
contra os raios solares, os ventos e os pingos d’água da chuva.
Como as sementes são pequenas e
leves, recomenda-se que as irrigações sejam realizadas com pulverizadores
costais, dispersores ou mesmo por infiltração, para se evitar que o excesso de
água possa fazer as sementes boiarem para locais mais baixos da sementeira ou
mesmo que sejam enterradas em excesso (Figura 12). Deve-se realizar de 2 a 3
irrigações por dia até a repicagem das mudas.
FIGURA 12 - Peneiramento de substrato sobre as sementes, aplicação de camada de cobertura morta (casca de arroz) e irrigação da sementeira após a semeadura.
É o processo de transferência
das plântulas da sementeira para as embalagens (sacos plásticos ou tubetes). A
retirada das mudas dos canteiros deverá ser feita com uma espátula, ou
ferramenta semelhante. Esta operação deve ser precedida de uma abundante
irrigação no dia anterior, sendo que os recipientes que irão receber estas
mudas também devem ser umedecidos.
A repicagem deve ser feita
quando as plântulas apresentarem seu segundo par de folhas. No caso de mudas
com sistema radicular muito desenvolvido, ele deverá ser podado, para evitar o
enovelamento no momento do transplantio.
Na ocasião da repicagem, deve-se tomar o cuidado para que raiz não fique dobrada ou enovelada no novo recipiente. Deve-se também calçar o substrato ao redor da raiz e do colo da muda de modo a firmá-la, espalhar casca de arroz por cima dos recipientes, sem cobrir as mudas, molhar abundantemente e finalmente, cobrir o canteiro com Sombrite® 50% por 7 (sete) dias ou até que se note o pegamento das mudas.
A repicagem deve ser feita pela manhã ou pela tarde, de preferência em dias nublados ou até mesmo chuvosos.
Esse método deve ser a primeira opção
para a produção de mudas de candeia. Ele contituiu-se numa das principais
inovações introduzidas na produção de mudas em grande escala, a partir da
década de 70. Segundo Gomes; Paiva e Couto (1996), as vantagens deste método
são: eliminação da necessidade de confecção dos canteiros para semeadura e
posterior repicagem; dispensa dos aparatos para sombreamento das mudas
recém-repicadas; redução do prazo para produção das mudas; produção de mudas
mais vigorosas; diminuição das perdas de mudas por doenças; produção de mudas
com sistema radicular de melhor conformação; e, finalmente, produção de mudas a
um menor custo.
Para o procedimento da semeadura
direta, os recipientes (saquinhos ou tubetes) devem estar completamente cheios
para evitar o “afogamento” das sementes. Uma camada bem fina de substrato deve
ser peneirada sobre a superfície dos recipientes antes da semeadura.
Como os lotes de sementes de candeia
têm apresentado uma porcentagem média de germinação que varia entre 7% a 45%,
deve-se semear de 12 a 5 sementes/recipiente, para os piores e melhores lotes,
respectivamente. Como um quilo de sementes possui aproximadamente 2.000.000 de
sementes, espera-se produzir de 50.00 a 100.000 mudas com um quilo de sementes,
considerando-se as outras perdas no processo de produção.
Após a semeadura, deve-se peneirar
uma fina camada do substrato utilizado sobre as sementes, colocando-se a seguir
uma cobertura morta (casca de arroz ou capim picado). Esta cobertura tem,
dentre outras, a finalidade de proteger as sementes contra a incidência dos
pingos d’água e conservar a umidade da camada superficial, resultando em maior
percentual de germinação das sementes.
Os recipientes comumente utilizados
na produção de mudas são os sacos de polietileno e os tubetes (Figura 13).
Estes recipientes são disponíveis no mercado em vários tamanhos (e formatos, no
caso de tubetes).
Os sacos de polietileno, sacolas plásticas, ou simplesmente saquinhos,
são encontrados mais comumente nas dimensões: 8 x 12cm; 10 x 15cm; 10 x 17cm;
12 x 22cm; 18 x 24cm. Torna-se importante salientar que o primeiro valor da
dimensão dos saquinhos corresponde à metade do perímetro. Então, um saquinho
8x12cm, que deve ser adotado para a produção de mudas de candeia, terá 5,0 cm
de diâmetro (16 cm ¸ 3,1416), depois de cheio e alcançará
uma densidade de encanteiramento de aproximadamente 400 mudas/m2.
O uso de tubetes de pequeno volume
iniciou-se nos Estados Unidos, por volta de 1970, atraindo os produtores
florestais principalmente por sua economia e automação do sistema de produção
de mudas. Por outro lado, há quem considere que a utilização de tubetes está
ligada a vantagem biológica que este tipo de recipiente proporciona, como por
exemplo, a obtenção de mudas com sistema radicular sem distúrbios ou
perturbação. A isto ainda pode-se adicionar maior controle do ambiente de
produção (casas de vegetação), podendo-se aumentar a produção, com a demanda, permitindo
desta forma, estender a estação de plantio, principalmente em locais de clima
frio, onde é comum a produção de mudas de raiz nua (Owston,1990).
Os tubetes são recipientes em forma
de tubos plásticos, levemente cônicos e de várias dimensões (50 cm3
a 250 cm3 - conhecido como tubete ou tubetão para espécies nativas,
respectivamente). As pesquisas têm mostrado que o tubete menor é suficiente
para a produção de mudas da maioria das nativas, ficando o maior para as
espécies que apresentam sementes grandes, maiores que o diâmetro superior do
tubete.
Para a produção de mudas de candeia,
tubetes com 80 cm3 e com 8 ranhuras
internas são os mais indicados por possibilitarem um maior tempo de permanência
das mudas no viveiro. Somente na primeira metade da década de 90 é que os
tubetes passaram a ser utilizados na produção de mudas de espécies nativas em
larga escala, com a produção de mais de 3 milhões de mudas no ano de 1994 pelos
viveiros da Companhia Energética de São Paulo (CESP).
Atualmente, o sistema de tubetes é
utilizado na produção de mudas de espécies florestais nativas por várias
empresas além da CESP, como a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), com
capacidade de 550.000 mudas; Aracruz Florestal S.A., Champion Papel e Celulose
S.A., Flora Tietê e outras.
FIGURA 13 -
Aspectos a serem considerados na escolha da embalagem para produção de mudas.
Segundo Faria (1999) e Davide, Faria e Botelho (1995), as
principais vantagens e desvantagens do sistema de sacos plásticos e em tubetes
são:
Vantagens sacos plásticos
·
Menor
custo inicial;
·
Mais
aplicável a programas de extensão.
Desvantagens sacos plásticos
·
Enovelamento
de raízes;
·
Substrato
pesado dificultando operações de manejo no viveiro;
·
Aumento
do custo de transporte (um caminhão leva 16.000 mudas, 9,3 ton.);
·
Enchimento
manual;
·
Necessidade
de retirar a embalagem, retardando o plantio;
·
Problemas
ergonômicos;
·
Realização
de moveções periódicas;
·
Risco
de acidentes com animais peçonhentos;
·
Maior
incidência de contaminação fúngica.
Vantagens Tubetes
·
Apresentam
arestas internas, eqüidistantes, que percorrem o tubete longitudinalmente,
impedindo o enovelamento das raízes;
·
Melhor
ergonomia, pois as bandejas onde são colocados os tubetes ficam apoiadas em
bancadas ou suportes, de modo que o canteiro fique suspenso, possibilitando que
os funcionários manuseiem as mudas em pé, evitando prejuízos à coluna e aos
joelhos do trabalhador;
·
As
mudas não ficam em contato com o solo, o que reduz infecções fúngicas;
·
Praticamente
nulo o risco de acidentes com animais peçonhentos;
·
Produção
de mudas em série, permitindo a mecanização tanto do enchimento do tubete com
substrato, quanto da semeadura;
·
Podem
ser reutilizados diversas vezes, o que dilui o custo ao longo do tempo;
·
A
quantidade de substrato é menor;
·
Não
há a necessidade de executar a poda das raízes, já que elas são constantemente
podadas, quando passam pelo furo de drenagem e entram em contato com o ar.
Consequentemente as mudas não enovelam;
·
O
sistema radicular é mais compacto e estruturado, sendo portanto menos
susceptível a lesões no manuseio, transporte e plantio;
·
Permite
realizar a alternagem (raleio) das mudas, reduzindo sua densidade (n.º de
mudas/m2) e consequentemente seu estiolamento;
·
As
mudas são mais leves, o que facilita o seu manuseio no viveiro e sua
distribuição no campo (o rendimento do plantio é três vezes maior);
·
O
rendimento de transporte das mudas para o campo é significativamente maior (um
caminhão transporta 90.000 mudas, 3,8 ton.);
·
Diminui
a necessidade de mão de obra, tanto no viveiro (em até 50%) como no plantio;
·
O
custo final da muda é reduzido sensivelmente;
Desvantagens tubetes
·
Uma
maior freqüência de irrigação devido a menor quantidade de substrato para a
retenção da umidade;
·
Um
maior custo de investimento inicial e lixiviação de nutrientes mais intensa,
gerando a necessidade de adubações em cobertura;
·
A utilização contínua de
fertilizantes nitrogenados na adubação de cobertura pode aumentar o PH do
substrato, o que leva a variações na disponibilidade de alguns nutrientes
(Figura 12).
Ferreira e Marchetti (1990)
fizeram a comparação entre os sistemas de produção de mudas de eucalipto em
sacos plásticos, tubetes fixos e tubetes contínuos na Riocell, e os resultados
são apresentados a seguir:
TABELA 5
- Produção de mudas em diferentes sistemas.
Ano |
Sistema |
Efetivo médio anual |
Custo da muda (milheiro) |
Até 1983 |
Sacos
plásticos |
153 pessoas |
U$ 100,00 |
1983 |
Tubetes fixos |
114 pessoas |
U$ 80,00 |
1990 |
Tubetes
contínuos |
70 pessoas |
U$ 35,00 |
Para se obter uma uniformidade do
crescimento das mudas após a semeadura ou a repicagem, é necessário que tanto
os componentes dos substratos como os fertilizantes da adubação de plantio
fiquem bem homogeneizados. Essa mistura pode ser feita manualmente, com o uso
de enxadas e pás, ou mecanicamente utilizando-se betoneiras.
Durante o preparo da mistura, o substrato deve ser umedecido até adquirir consistência friável, para que este não vaze do tubete durante a fase de enchimento e “compactação”. Este ponto pode ser verificado ao se apertar o substrato com a mão e notar que este está friável, porém sem que ocorra o escorrimento de água.
Os substratos utilizados no enchimento dos
tubetes apresentam as mais variadas composições, tendo como característica
comum o uso de terra em pequenas proporções (Figura 14 e Tabela 6).
Segundo Gonçalves (1994) citado por CESP (2000),
o substrato deve possuir as seguintes características:
·
Aeração (bom equilíbrio entre
macroporos, preenchidos por ar e microporos, preenchidos por água);
·
Permeabilidade (determinada
pela porosidade);
·
Capacidade de retenção de
umidade (definida pelo teor e qualidade da matéria orgânica, sendo que é
desejável que o substrato possa reter entre 20 a 22 ml de água);
·
Granulometria: é recomendável
que os componentes apresentem mesma densidade e, a amplitude de tamanho não
seja muito alta entre partículas, para evitar a segregação dentro do
recipiente;
·
Características químicas:
-
pH em H2O = 6,0 a
6,5
-
Fósforo = 300 a 600 g/cm3
-
Potássio (níveis de K/T x 100)
= 5 a 8%
-
Cálcio + Magnésio (níveis de Ca
+ Mg/ T x 100) = 85 a 95%
TABELA
6 - Composição de alguns substratos usados na produção de mudas de espécies
nativas aem tubetes (Faria, 1999).
Viveiro
|
Composição do substrato
|
UFLA (Lavras, MG) |
50% de esterco; 20% de casca de arroz carbonizada; 20% de vermiculita e 10% de terra de subsolo |
CEMIG (Usina de Volta Grande) |
|
CEMIG (Usina de Itutinga) |
40% de esterco; 20% húmus; 20% de vermiculita e 20% de terra de subsolo |
CESP (Usina de Paraibuna) |
60% de húmus; 30% de casca de arroz carbonizada; 7% de areia e 3% de terra de subsolo |
FIGURA
14 - Seleção do substrato para os diferentes
tipos de recipientes para produção de mudas de espécies florestais tropicais.
Outra ação importante é o controle do pH, uma
vez que este altera a disponibilidade de alguns nutrientes. No caso da produção
de mudas de espécies florestais em tubetes, tem ocorrido com freqüência,
deficiências de ferro e manganês, caracterizadas por clorose das folhas. Essas
deficiências são causadas pela elevação do pH dos substratos comumente
utilizados, como pode ser observada na Figura 15.
FIGURA 15 - Efeito
do pH do substrato na disponibilidade dos nutrientes e na solubilidade do Al no
solo.
O substrato utilizado para produção
de mudas em sacos plásticos tem como componente principal a terra de subsolo. A
textura dessa terra de subsolo, condiciona a adição de vários materiais como:
areia, esterco, composto, húmus, casca de arroz carbonizada e fertilizantes
químicos (CEMIG, 1996).
O substrato para a produção de mudas
em saco plástico pode ser composto de:
·
3
partes de terra de subsolo peneirada em peneira de encosto, com malha de ½
polegada
·
1
parte de esterco de curral
·
3 Kg de superfosfato simples/m3
·
1
parte de casca de arroz carbonizada, caso o substrato utilizado seja muito
argiloso.
Nestas condições a produção de mudas
é bastante satisfatória como ilustrado na Figura 16.
Para
a produção de mudas de boa qualidade, a tomada de decisão em relação aos
tratamentos silviculturais torna-se de primordial importância, no planejamento
e condução de viveiros florestais. Estes tratamentos estão ilustrados na Figura
17.
Com
aproximadamente 30 dias após a semeadura nos recipientes, ou quando as mudas
possuírem de 2 a 3 pares de folhas, deve-se proceder o desbaste das mesmas,
deixando-se apenas uma por recipiente, optando-se pela mais vigorosa e/ou mais
central. Esse procedimento pode ser realizado arrancando-se as mudinhas
excedentes ou cortando-as com auxílio de uma tesoura. No caso do arranquio, o
substrato de estar bem molhado.
A
necessidade de buscar alternativas para um crescimento adequado de espécies
florestais torna-se um desafio, principalmente no que se refere aos fatores do
desenvolvimento inicial (Tedesco, 1999). Desse modo, a fertilização torna-se de
fundamental importância, uma vez que efetuada, melhora o nível nutricional das
plantas (Tedesco, 1999 e Crane, citado por Lisbão Júnior, 1988).
FIGURA 17 - Principais tratamentos silviculturais aplicados na produção de mudas em um viveiro florestal, sendo que quanto menor o tamanho da seta maior a freqüência do tratamento silvicultural.
A
nutrição influência não somente a taxa relativa de crescimento de uma planta e
o padrão em que o carbono é alocado nas diversas partes da planta, mas também a
taxa em que uma dada área foliar pode assimilar o dióxido de carbono. Uma bem
sucedida fertilização aumenta a taxa de absorção e o movimento dos nutrientes
para as partes fotossinteticamente ativa das árvores; aumenta também a taxa de
produção de lenho, assim como a massa foliar, incrementando ainda mais a
atividade fotossintética (Crane, citado por Lisbão Júnior, 1988).
Os
nutrientes minerais atuam em três níveis: como constituinte de compostos, como
parte ou ativadores de enzimas ou como participantes de relações osmóticas,
sendo que cada nutriente pode ter uma ou mais funções nos processos
fisiológicos das plantas (Alves, Oliveira e Gomide, 1997).
Para que se tenha um crescimento adequado e aumento da qualidade das mudas no viveiro, deve-se fazer a aplicação de fertilizantes que contenham os nutrientes necessários ao crescimento e desenvolvimento das plantas. É importante lembrar que um nutriente pode também ter efeito tóxico, caso esteja presente na planta em concentração superior a necessária, sendo mais freqüente para os micronutrientes (B,Cl,Co,Cu, Fe, MN, Mo, Ni, Se, Si e Zn) (Rosolem e Boretto, 1987).
Respostas diferenciadas à adubação são encontradas entre os diferentes grupos sucessionais e também entre as diferentes espécies como pôde ser observados no trabalhos realizados por Silva, 1996; Resende, 1997 e Duboc, 1994.
Geralmente, a adubação inicial, que é feita no substrato, é a mesma para todas as espécies produzidas no viveiro (Tabela 6), sendo que a adubação em cobertura é que pode variar, em função dos requerimentos nutricionais das espécies ou de grupos de espécies, do ritmo de crescimento (ciclo de produção) e do regime de irrigação/chuvas. No entanto, algumas empresas acabam adotando uma adubação em cobertura sistemática para todas as espécies (Tabela 6), via água de irrigação, ainda que para algumas delas, esta adubação esteja sendo feita desnecessariamente. Essa atitude pode ser justificada, considerando-se que operações diferenciadas no viveiro encarecem as mudas e que o custo do adubo utilizado representa muito pouco no custo final da muda.
A adubação de cobertura é realizada quando:
· Deseja-se um crescimento mais rápido das mudas, com alta qualidade e dentro de um ciclo de produção definido. A fertilização distribuída ao longo do ciclo de produção permite adequar o ritmo de crescimento das mudas, tornando-o compatível com o cronograma de plantio. Neste caso, pode-se dissolver 10g de uréia ou MAP hidrossolúvel em 18 litros de água e aplicar nas mudas com um regador. Em seguida, fazer uma irrigação rápida (com água pura), para lavar as folhas das mudas, evitando que o adubo as queime. Esta adubação pode ser feita uma vez ou mais por semana, dependendo da ocorrência de chuvas. Quando chuvas muito intensas ocorrerem após uma irrigação de cobertura, recomenda-se repetir essa operação no outro dia.
· No caso de mudas que apresentam sintomas de deficiência nutricional.
TABELA 7 - Adubações iniciais (no substrato) e em cobertura utilizadas na produção de mudas ade espécies nativas em tubetes (Fonte: Faria, 1999).
Modo |
Adubação utilizada |
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UFLA |
No substrato (por m3) Em cobertura* |
2kg de Yorin + 300g de KCl + 500g de sulfato de amônio 80g de KCl + 1.000g de MAP aplicados em 10.000 tubetes Início: 30 dias após a germinação ou repicagem Intervalo: a cada 15 dias |
CEMIG (Usina de Volta Grande) |
No substrato (por m3) Em cobertura |
5kg de superfosfato simples + 500g de KCl + 300g de FTE-BR12 30 dias após a germinação: 500g de sulfato de amônio/10.000 tubetes 60 dias após a germinação: 80g de KCl/10.000 tubetes (mantendo a adubação anterior) 120 dias após a germinação: 500g de superfosfato simples/10.000 tubetes (mantendo as duas adubações anteriores) Intervalo: a cada 7 dias |
CEMIG (Usina de Itutinga) |
No substrato (por m3) Em cobertura |
5kg de superfosfato simples + 500g de KCl + 300g de FTE-BR12 30 a 45 dias após a germinação: 500g de sulfato de amônio + 500g de superfosfato simples + 400g de KCl/10.000 tubetes Intervalo: a cada 7 dias |
CESP (Viveiro de Paraibuna) |
No substrato (por m3) Em cobertura |
1,5kg de superfosfato simples + 300g de sulfato de amônio + 150g de KCl + 120g de FTE-BR12 A partir de 45 dias após a germinação: 150g de sulfato de amônio + 50g de KCl em 1.000 tubetes, alternando com 150g de sulfato de amônio. Intervalo: a cada 10 ou 15 dias |
TABELA 8 - Principais alterações provocadas
nas plantas por deficiências e excessos minerais.
Visíveis |
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Folhas amareladas, inicialmente as mais velhas, como resultado da proteólise Ângulo agudo entre caule e folhas Dormência de gemas laterais Redução no perfilhamento Senescência precoce Folhas menores devido ao menor número de células Crescimento Em geral, diminuído, com possível aumento no comprimento das raízes em alguns casos |
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Em geral não identificados; pode haver redução na frutificação |
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Visíveis |
Cor amarelada das folhas, a princípio das mais velhas, pouco brilho, cor ver-azulada ou manchas pardas Ângulos foliares mais estreitos Menor perfilhamento Gemas laterais dormentes Número reduzido de frutos e sementes Atraso no florescimento |
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Não reconhecidos diretamente: pode haver deficiência de micronutrientes, metais pesados (Cu, Fe, Mn,Zn) |
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Visíveis |
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Clorose e depois necrose das margens e pontas das folhas, inicialmente das mais velhas. Internódios mais curtos em plantas anuais Diminuição da dominância apical Menor tamanho de frutos Deficiência de ferro induzida (acúmulos de ferro nos nós inferiores) |
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Deficiência de magnésio induzida |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Amarelecimento de uma região limitada da margem das folhas mais novas Crescimento não uniforme da folha, do qual resultam formas tortas, às vezes com gancho na ponta Murchamento e morte das gemas terminais Gemas laterais dormentes Deformação de tubérculos acompanhada de desintegração interna Manchas necróticas internervais Murchamento das folhas e colapso dos pecíolos As raízes mostram a deficiência precocemente: aparência gelatinosa das pontas, pêlos inchados, cessão do crescimento apical Pequena frutificação ou produção de frutos anormais (podridão estilar do tomate) Produção pequena ou nula de sementes, mesmo com flores normais (em cereais) Menor nodulação das leguminosas |
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Sintomas de excesso |
Não são conhecidos, possível deficiência de potássio e magnésio |
Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Clorose das folhas, usualmente começando e sendo mais severa nas mais velhas; clorose internerval, às vezes necrose (cafeeiro); em algumas espécies a clorose é seguida pelo desenvolvimento de cor alaranjada, vermelha (aldodoeiro) ou roxa; o padrão de clorose reflete a distribuição de magnésio no tecido |
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Sintomas de excesso |
Não identificados; possível carência de potássio e cálcio |
ENXOFRE |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
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Clorose primeiro nas folhas mais novas Coloração adicional em algumas plantas - laranja, vermelho, roxo Folhas pequenas Enrolamento das margens das folhas Necrose e desfolhamento Internódios curtos Redução no florescimento Menor nodulação nas leguminosas |
Sintomas de excesso |
Clorose internerval em algumas espécies |
Continua ... |
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TABELA 8, Continuação ... |
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BORO |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Folhas pequenas, com clorose irregular ou sem clorose, de formas bizarras ou deformadas, mais grossas e quebradiças, com nervuras suberificadas (cortiça) e salientes; às vezes tons vermelhos ou roxos Morte do meristema apical do caule - comum em muitas plantas (cafeeiro); a regeneração a partir de gemas axilares pode dar: galhos em leque (cafeeiro) na parte do ramo principal ou do caule; aspecto de arbusto (pinheiro), clorose, margens necróticas, deformação das folhas ocorrem diferentemente nas várias espécies O caule às vezes racha (tomateiro, eucalipto) As raízes podem ser escuras com as pontas engrossadas e depois necróticas e ramificadas O florescimento pode não ocorrer; frutos deformados com lesões externas e internas, cortiça na casca; má polinização. |
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Sintomas de excesso |
Clorose reticulada (cafeeiro) e queima das margens (zonas de acumulação de boro) |
COBRE |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Folhas inicialmente verde-escuras localizadas em “ramos aquosos” vigorosos (laranjeiras), tornando-se cloróticas (pontas, margens); as folhas encurvam-se e as nervuras podem ficar muito salientes (cafeeiro). Falta de perfilhamento e “topo caído” (cana-de-açúcar) Morte descendente (“dieback”) de ramos Gemas múltiplas |
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Sintomas de excesso |
Manchas aquosas e depois necróticas das folhas; desfolhamento precoce (cafeeiro) Diminuição no crescimento, diminuição na ramificação (cafeeiro) Cessação do crescimento radicular e radículas enegrecidas (cafeeiro) |
FERRO |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Clorose das folhas novas (rede verde fina das nervuras sobre fundo amarelado) seguida de branqueamento; o padrão coincide com a distribuição do ferro no tecido Diminuição no crescimento e na frutificação |
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Sintomas de excesso |
Manchas necróticas nas folhas |
Continua ... |
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TABELA 8, Continuação ... |
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MANGANÊS |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Clorose das folhas novas (rede grossa das nervuras sobre fundo amarelado) seguida de branqueamento Manchas pequenas e necróticas nas folhas Formas anormais das folhas |
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Sintomas de excesso |
A princípio deficiência de ferro induzida, depois manchas necróticas ao longo do tecido condutor, encarquilhamento de folhas largas Menor nodulação nas leguminosas |
MOLIBDÊNIO |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Clorose malhada geral, manchas amarelo-esverdeadas ou laranja brilhantes em folhas mais velhas e depois necrose (manchas relacionadas à distribuição de molibdênio) Murcha das margens e encurvamento do limbo para cima (tomateiro) ou para baixo (cafeeiro) Áreas úmidas e translúcidas em algumas espécies Floração pode ser suprimida Leguminosas podem mostrar sintomas de falta de oxigênio Menor nodulação nas leguminosas |
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Sintomas de excesso |
Glóbulos amarelo-ouro no ápice da planta (tomateiro) A faixa de concentração entre deficiência e excesso pode ser de um milhão de vezes |
ZINCO |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Diminuição no comprimento dos internódios com a formação dos tufos terminais de folhas perenes (“rosete” de laranjeira, cafeeiro, pessegueiros) ou plantas anãs (milho, arroz, cana-de-açúcar) Folhas novas pequenas, estreitas e alongadas Diminuição na produção de sementes |
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Sintomas de excesso |
Indução de carência
de ferro
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ALUMÍNIO |
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Sintomas de Deficiência |
Visíveis |
Diminuição no crescimento de raízes; raízes engrossadas e pouco ramificadas Folhas podem mostrar sintomas de falta de P, K Ca e MG |
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Indução de carência de ferro |
Fonte: Malvolta et al. (1997).
De
acordo com Mexal e Landis (1990), entre o nível de irrigação e fertilidade
ocorre uma forte interação, sendo que o crescimento máximo é observado quando
há uma irrigação adequada e um nível moderado a alto de fertilidade do
substrato. Os autores ressaltam ainda que em baixos regimes de água, os
fertilizantes podem desfavorecer o crescimento devido a toxidez dos sais.
As
culturas requerem adequado suprimento de água durante todo o ciclo para
atingirem crescimentos potenciais. Após prolongados déficits de água o
metabolismo das plantas apresenta profundas alterações que conduzem a um
desenvolvimento insatisfatório e à queda na produção (Kozlowxki, citado por
Leite & Medina, 1985).
A irrigação é uma das
etapas na produção de mudas em tubetes que requer maior atenção. As mudas devem
ser irrigadas quantas vezes forem necessárias no dia, preferencialmente através
de micro-aspersores, mantendo o substrato sempre úmido, sem encharcar. A
sensibilidade do viveirista é que vai determinar quando e o quanto irrigar.
Limitações
no plantio de mudas em pequenos recipientes (tubetes) foram observadas por
diversos pesquisadores (Faria, 1999; Francescato, 1995), onde ressaltam que o
manejo adequado da irrigação torna-se de fundamental importância para o bom
desenvolvimento das mudas produzidas em tubetes, uma vez que possuem volume
reduzido de substrato. Outro fator que colabora para o rápido ressecamento do
substrato está associado a maior ventilação, tanto em cima, quanto em baixo do
recipiente, proporcionada pela maneira como os tubetes ficam dispostos em
bandejas suspensas, fazendo com que se aumente a freqüência/quantidade de
irrigação, tendo como conseqüência negativa a intensificação na lixiviação,
tornando necessárias as adubações em cobertura
A
água de irrigação e o substrato devem ter qualidade controlada, sendo isentos
de nematóides, fungos do gênero Phytophthora
e outros patógenos e pragas. Após o a semeadura ou transplante a irrigação deve
ser diária. Posteriormente aumenta-se o intervalo de rega até que, próximo à
retirada das mudas para plantio, ou seja, só o suficiente para as mesmas não
murcharem (Fundecitrus, 2002).
As
mudas competem por recursos necessários ao seu crescimento e desenvolvimento,
como, luz, água e nutrientes. A área disponível para o crescimento da muda
afeta o seu hábito e potencial de crescimento.
As mudas produzidas em tubetes ou em sacos plástico não competem por nutrientes e água, devido à individualização de cada recipiente, porém, há a competição por luz, sendo necessário realizar a redução do número de plantas por área quando perceber que iniciou-se a competição por este recurso. Esta operação é denominada “alternagem ou raleio” e no caso de cultivo em tubetes, esta operação é feita de forma sistemática, reduzindo-se a quantidade de mudas em cada bandeja em 50%. Segundo Mexal e Landis, 1990 e South, 200, esta operação é de grande importância para evitar o estiolamento das mudas e favorecer o crescimento em diâmetro, característica que está associada à qualidade de mudas de espécies florestais.
Juntamente com essa operação também faz-se a seleção de mudas por tamanho, colocando-se dentro de um mesmo canteiro, as mudas menores de um lado (no sentido da largura do canteiro) e as maiores de outro, obtendo-se um gradiente contínuo (Figura 18). Essa operação é fundamental para que mudas menores não sejam dominadas pelas vizinhas maiores, ela possibilita também que as mudas menores, dispostas em um dos lados do canteiro possam receber mais adubações em cobertura e luz, fazendo com que estas alcancem as maiores até o final do ciclo de produção.
FIGURA 18 - À esquerda, mudas de Aspidosmperma parvifolium (guatambu), crescendo em tubetes de 50 cm3, em densidade de 400 mudas por m2, e a direita, após o raleio, com redução da densidade em 50%.
TABELA 9 - Efeito do tamanho do tubete, adubação de cobertura e densidade de crescimento na produção de mudas de guapuruvu (Schizolobium parahyba).
200 |
5,3 bc |
23,7 ab |
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280 |
23,4 b |
|||
* A adubação de
cobertura (g/100 mudas) iniciou-se 30 dias após a repicagem; freqüência
semanal; total de 9 aplicações; avaliação aos 90 dias (altura, diâmetro do
colo, peso de matéria seca, análise química e teste de arranquio.
Podas radiculares é prática comum em viveiros e tem como objetivo principal a indução de raízes novas nas mudas, obtendo-se maior massa e/ou superfície radicial.
Mudas produzidas em tubetes sofrem contínua poda de seus sistemas radiculares. Conforme a muda cresce, as raízes tendem a sair pelo orifício inferior do tubete que está suspenso no ar. Em contato com o ar as raízes morrem e assim novas raízes brotam dentro do tubete formando uma fibrosidade.
Em mudas produzidas em sacos plásticos, as podas são realizadas juntamente com o processo de moveção. Nesta operação, as mudas são “desgrudadas” do chão com o auxilio de uma ferramenta cortante como uma colher de pedreiro.
Podas
de parte aérea podem ser usadas quando as mudas apresentam relação parte
aérea/raiz desbalanceada. Assim, esta operação é feita para ajustar as
características das mudas para as condições de plantio, tendo como objetivo
somente manter a qualidade das mudas (Mexal e Landis, 1990).
Cerca
de 15 dias antes de serem plantadas, as mudas devem passar por um processo de
aclimatação ou rustificação, que consiste na diminuição do número de irrigações
e/ou da quantidade de água aplicada em cada irrigação, associadas às podas
radiculares. As podas são realizadas no momento das moveções para as mudas
produzidas em sacos plásticos e nos tubetes, diz-se que as podas são
automáticas, ou seja, as raízes vão morrendo à medida que saem pela extremidade
inferior dos tubetes.
O
processo de aclimatação pode trazer respostas vantajosas ou desvantajosas para
as mudas, assim se a aclimatação não for realizada ou for realizada com pouca
intensidade, poderá ocorrer perdas no plantio provocadas pela falta de adaptação
das mudas às condições de campo. Por outro lado, se o processo de aclimatação
for muito rigoroso, as mudas podem adquirir um certo grau de dormência,
paralisando ou diminuindo seu crescimento inicial no campo.
A
aclimatação de mudas através da restrição de água proporciona alterações nos
processos fisiológicos, as quais ocorrem bem antes que os sintomas de murcha
possam ser percebidos. De
acordo com Ferreira (1997), a aclimatação atua na regulação osmótica das mudas,
influenciando significativamente o potencial hídrico foliar, condutância
estomática e transpiração das mudas de Eucalyptus
spp., justificando a utilização dessa prática.
As micorrizas representam “um fenômeno de ocorrência generalizada, resultante da união entre raízes e o micélio de fungos a um órgão morfologicamente independente, com dependência fisiológica íntima e recíproca, seguido pelo crescimento de ambas as partes e com funções fisiológicas muito estreitas” (Frank, 1985 citado por Siqueira, 1993).
Há muito tempo é sabido da importância da associação micorrízica com as plantas, para o aumento da produtividade, crescimento inicial e qualidade das mudas (Carneiro et al., 1996), sendo que seus efeitos podem afetar as futuras fases sucessionais das espécies.
Davey (1990) cita que a associação micorrízica por ser de caráter mutualístico, apresenta benefícios tanto para os fungos, quanto para as plantas, dentre elas:
· Absorção de nutrientes pouco móveis ou imóveis no solo;
· Absorção de água e íons móveis em solos secos e em baixas taxas de difusão;
· Tolerância a alta temperatura do solo;
· Ação contra toxidez causada pela alta concentração de alumínio, acidez ou alcalinidade acentuada, salinidade ou presença de metais pesados;
· Aumento da agregação do solo, reduzindo as perdas pela erosão;
· Conservação dos nutrientes no sítio de plantio, através de reciclagem mais eficiente dos elementos que se tornam disponíveis no solo; e
· Proteção das raízes de doenças por antibiose, barreiras físicas contra a penetração de patógenos no tecido hospedeiro, aumento da nutrição da árvore, que pode rapidamente compensar as perdas e ao impedimento da infecção pelo aumento da suberização de raízes finas.
As micorrizas podem ser classificadas em: ectomicorrizas e endomicorrizas, podendo estas últimas ser divididas em endomicorrizas vesículo-arbusculares (MVA) e ericóides e orquidóides. As ectomicorrizas e as endomicorrizas vesículo arbusculares são as mais importantes do ponto de vista ecológica e econômica (Siqueira, 1993), devido aos resultados positivos encontrados com relação ao crescimento de mudas inoculadas.
As MVA’s caracterizam-se pelo desenvolvimento do fungo no córtex, com penetração inter e intracelular, formação de vesículas, pelotões, arbúsculos e crescimento micelial extrarradicular, com ramificação das hifas no solo (Siqueira, 1993). Os fungos que formam este tipo de micorriza pertencem a ordem Glomales, sendo conhecidas cerca de 140 espécies, distribuídas nos gêneros Glomus, Sclerotocystis, Acaulospora, Gigaspora, Scutellospora e Entrophospora.
As ectomicorrizas caracterizam-se pela associação de fungos, que crescem como um manto na superfície das raízes, penetrando nestas somente intercelularmente, formando uma malha fúngica que substitui a lamela média da célula, sendo conhecida como rede de Harting. São conhecidas mais de 5.000 espécies de fungos que formam este tipo de associação, porém, as espécies vegetais que formam este tipo de micorriza restringem-se a poucas famílias, na maioria espécies arbóreas de maior importância e econômica e ocorrência nas regiões de clima temperado onde aproximadamente 90% das espécies arbóreas formam este tipo de associação. Em regiões tropicais está restrita a leguminosas arbóreas da sub-família Caesalpinoideae e representantes da família Myrtaceae, em especial do gênero Eucalyptus (Siqueira, 1993).
Embora a micorrização tenha efeito sobre a absorção de diferentes nutrientes vegetais, seu efeito mais acentuado e de maior interesse econômico vem sendo atribuído a maior absorção de fósforo em solos com baixa fertilidade e/ou em solos onde as concentrações destes nutrientes na solução do solo são extremamente baixas, que são condições comuns nos trópicos (Embrapa, 1982) e (Perry e Amaranthus, 1990; Bolan, 1991; Pearson e Jacobsen, 1993; Siqueira e Saggin Junior, 1993; Santos, 1995 citados por Rodrigues, 1997).
As micorrizas utilizadas atualmente são obtidas em vasos de cultivo com Brachiaria decumbens Staf, em solo esterelizado. Para a obtenção do inóculo a parte aérea desta gramínea é cortada e descartada, sendo as raízes removidas e seccionadas em segmentos menores, que conterão o “inóculo”, também denominado de “solo-inóculo”, que é constituído de esporos, hifas e raízes colonizadas.
Os principais fungos utilizados atualmente para inoculação de mudas de espécies nativas são: Glomulus etunicatum Trappe, Gigaspora margarita Becker & Gerdemann e Acaulospora scrobiculata Becker & Hall.
TABELA 10 - Inoculação de espécies florestais com fungos micorrízicos.
Fungo
|
Espécie Inoculada |
Quantidade de inóculo |
Fonte: Renó, 1994 |
Senna multijuga Cedrela fissilis Caesalpinea ferrea Piptadenia gonoacantha Platicyanus
regnellii |
400 Esporos/Planta |
Fonte: Saggin Junior, 1997 |
Solanum
granulosum-leprosum Litraea molleoides Trema micrantha Luehea grandiflora Senna spectabilis Croton floribundus Tibouchina
granulosa Cecropia
pachystachya Cordia trichotoma Senna macranthera Cedrella fissilis Caesalpinea ferrea Myrsine umbellata Tabebuia
impetiginosa Tabebuia
serratifolia Sapindus saponaria Aspidosperma
parvifolium Copaifera
langsodorffii |
|
25% Gigaspora
margarita 25% Acaulospora
scrobiculata Fonte: Rojas, 1997 |
Senna macranthera Luehea grandiflora Enterolobium
contortisiliquum Senna multijuga Sesbania virgata Anadenanthera
peregrina Cecropia
pachystachya |
200 Esporos/Planta |
Glomulus etunicatum Fonte: Rodrigues, 1997 |
Trema micrantha |
200 Esporos/Planta |
Ao
final do ciclo de produção que para candeia pode variar de 100 a 150 dias, as
mudas deverão ter padrão de plantio, com altura entre 25 a 40 cm e diâmetro do
colo com aproximadamente 5 mm. Essas mudas devem ser classificadas por classes
de altura e encaixotadas, separando-se lotes de mudas com 25 a 30 cm, 30 a 35
cm e outro com mudas de 35 a 40 cm. As mudas que não se encaixarem nessas
categorias devem ser descartadas.
Um
caminhão com 2 eixos pode transportar aproximadamente 5.000 mudas em sacos
plásticos ou 80.000 mudas em tubetes. O transporte a curta distância dispensa
maiores cuidados, mas mesmo assim, deve-se evitar molhar as mudas em excesso e
as horas mais quentes do dia. Para distâncias maiores (maior que 100 Km),
deve-se enlonar o caminhão.
A implantação de povoamentos
comerciais de espécies florestais nativas como os de candeia, carecem de
conhecimentos básicos que se iniciam na ausência de sementes e/ou propágulos
adaptados e produtivos, até as técnicas silviculturais mais simples, como a
definição de espaçamento, adubação, ciclo de produção e ocorrência de pragas e
doenças que podem se transformar em fatores de grande importância quando
grandes áreas são plantadas com uma só espécie.
Quando um grupo de genótipos é plantado em vários locais, anos, espaçamentos ou com diferentes níveis de tecnologia, normalmente eles tendem a apresentar respostas diferenciadas no seu desempenho. Essa falta de uniformidade de resposta é conhecida como interação genótipo x ambiente Isso significa que, quando um povoamento é implantado utilizando-se sementes não testadas para um ambiente especifico ou para um grupo de ambientes, corre-se um grande risco de não obter-se o resultado esperado.
No caso da candeia, não existe até agora procedências, progênies ou clones testados que possam ser indicados para plantio em determinados ambientes ou regiões. Assim deve-se utilizar fontes locais de sementes, ou seja, deve-se colher sementes de árvores selecionadas na própria região de plantio, até que materiais selecionados estejam disponíveis.
De maneira análoga deve-se evitar os plantios comerciais fora das áreas de ocorrência natural das candeias, que se estende de São Paulo até a Bahia, em locais com altitude de 900 a 1.400 m, associados aos solos com textura média à arenosa e de baixa fertilidade. Devido à falta de experiências anteriores com implantação e condução de florestas de candeia, serão abordados abaixo os principais aspectos da implantação de povoamentos comerciais de candeia, baseando-se na experiência de implantação de povoamentos de eucalipto e de florestas nativas de proteção.
Naqueles locais onde a topografia permitir e onde não houver afloramentos de rocha, deve-se proceder a aração, utilizando-se arado de disco 3X36”, grade pesada ou grade aradora. Onde o terreno não permitir a mecanização, pode-se recorrer ao simples coveamento do terreno com enxadetas, fazendo-se covas de 30x30x30 cm. Essa operação é de baixo rendimento (30-50 covas/homem/dia). Em terrenos de campo, onde a vegetação for composta de graníneas pouco agressivas, pode-se dispensar o revolvimento do solo, procedendo-se apenas o sulcamento, já que a maioria dos solos recomendados para o plantio da candeia são de textura média a arenosa.
O sulcamento mecânico deve ser feito em nível para terrenos declivosos, a uma profundidade de 30 cm, espaçados de 3 metros, entre linhas. Espaçamentos entre linhas menores que 3 m podem ser adotados, mas irão impedir a mecanização dos tratos silviculturais como as roçadas das entre-linhas (Figura 19).
FIGURA 19 - Preparo do terreno.
As formigas cortadeiras são as pragas mais importantes até agora relatadas na literatura, embora os agricultores da região de Carrancas - MG, relatem que a candeia não é muito apreciada por formigas cortadeiras, embora ocorram ataques. O controle deverá ser executado após 15 dias do revolvimento do solo, quando as formigas já desobstruíram seus olheiros, deixando aparecer o solo mais claro trazido de camadas mais profundas, o que facilita a localização dos formigueiros.
Deve-se buscar a eliminação de no mínimo 95% dos formigueiros de saúva e quenquém instalados na área de plantio, além daqueles formigueiros situados ao redor das áreas de plantio a uma distância de 50 metros em todo seu perímetro combate poderá ser realizado inicialmente por Termonebulização, utilizando-se um formicida organofosforado, na dosagem de 3,0 (três) ml/m² de formigueiro, aplicado com termonebulizador. Deve-se observar rigorosamente as especificações do fabricante do formicida e a legislação pertinente (Lei Federal nº 7802).
Após a
aplicação, periodicamente, devem-se executar vistorias nas áreas e fazer
combates de repasse com isca formicida granulada.
Os primeiros experimentos que objetivam a
definição de espaçamentos para o plantio de candeia foram implantados
recentemente e ainda não permitem a recomendação segura de espaçamentos, mas
baseando-se nas experiências anteriores com outras espécies florestais nativas,
recomenda-se inicialmente, espaçamentos de 3,0 x 1,0; 3,0 x 1,5 e 3,0 x 2,0m,
para plantios onde o preparo mecanizado do solo foi possível de ser efetuado.
Nas áreas onde só é possível o coveamento, pode-se adotar os espaçamentos: 2,0
x 1,5; 2,0 x2,0 e 2,0 x 2,5m, adotando-se o procedimento de espaçamentos
menores nos piores solos.
Inicialmente, pode-se adotar as
adubações de plantio usualmente praticadas para os plantios de espécies
nativas, variando-se de 100 a 150 gramas de superfosfato simples por cova ou
uma formulação N:P:K, facilmente encontrada no mercado como 4:14:8, na mesma
dosagem. No caso da utilização do superfosfato simples, deve-se fazer uma
adubação de cobertura, 30 dias após o plantio, utilizando-se 50 gramas de
N:P:K- 20:0:20/ planta.
Estudo realizado por Pereira
(1998), mostrou que plantas jovens de candeia (Eremanthus erytropappus), apresentaram alto requerimento
nutricional, sendo que P,N,S seguidos por Mg e B, foram os nutrientes mais
limitantes ao crescimento das plantas. A aplicação de Zn reduziu o crescimento
das plantas, enquanto que a omissão de boro contribuiu para o aumento da
tortuosidade do caule das plantas. Assim, seria interessante a inclusão de uma
adubação de cobertura, 60 dias após o plantio, utilizando-se 3,0 gramas de
bórax/planta.
O plantio poderá ser efetuado, utilizando-se mudas em tubetes ou sacos plásticos com padrão de 25 a 35 cm de altura e diâmetro do colo mínimo de 5,0mm. As mudas deverão ser cuidadosamente retiradas dos tubetes ou sacos plásticos. Para mudas produzidas em tubetes, recomenda-se molha-las abundantemente, imediatamente antes da operação de plantio. Para mudas em sacos plásticos, o substrato deve estar úmido, mas não encharcado.
Utilizando-se mudas em sacos plásticos, o
plantio será efetuado em covas abertas no sulco, onde o fertilizante deve ser
incorporado e bem misturado ao solo, acondicionando-se as mudas no fundo das
covas, tomando-se o cuidado para que bolsas de ar não permaneçam em contato com
o sistema radicular das mudas. Para tanto é preciso que ocorra uma compactação
do solo em torno do sistema radicular da muda, do fundo da cova para a
superfície (Figura 20).
Para mudas em tubetes, após a incorporação do adubado, os sulcos ou covas individuais devem ser tapados, as mudas devem ser acondicionadas numa cova aberta por uma vara na qual fixa-se um tubete na ponta. O colo da muda deverá ficar em relação ao nível do solo, do mesmo modo que estava no tubete. Quando a perda de mudas por morte for superior a 5% , deverá ser efetuado o replantio das mudas mortas, iniciando-se 15 dias após o plantio.
FIGURA 20 - Diversas fases do plantio da candeia.
Caso não ocorram chuvas no período compreendido entre o plantio e a pega definitiva das mudas, as mesmas deverão ser irrigadas com 5 (cinco ) litros de água/cova, repetindo-se essa operação após 7 dias se a falta de chuvas persistir. As irrigações são realizadas com carretas pipa munidas de 2 mangueiras acopladas na traseira.
Contempla os trabalhos de capina
manual na linha de plantio, trabalhando-se 0,5 metros de cada lado. As
entre-linhas podem ser tratadas mecanicamente com roçadeira ou grade. Culturas
como o feijão podem ser plantadas nas entre-linhas da candeia, tomando-se o
cuidado de deixar a linha de plantio a 1,0 metro de distância da linha de
candeia. Para as áreas plantadas em covas individuais, deve-se proceder ao
coroamento com diâmetro de 1,0 metro ao redor das mudas e roçada com foices
entre as covas.
Para que sejam viabilizados planos de manejo para a vegetação nativa é crucial que sejam realizadas a cubagem rigorosa das árvores, o ajuste de equações volumétricas, de peso seco, de peso de óleo e de número de moirões, para que se possa conhecer as quantidades relativas a espécie no tocante a cada uma destas variáveis.
Para
árvores que tem muitos galhos, com tamanho e forma os mais variados, como é o
caso da candeia, recomenda-se o uso da fórmula de cubagem rigorosa de Huber.
Antes de se proceder a cubagem rigorosa, deve-se mensurar o CAP e a altura
total das árvores selecionadas, para o posterior ajuste da equação volumétrica.
Após
abatidas as árvores, o volume do toco deve ser calculado conforme o volume de
um cilindro, ou seja:
onde, Vtoco é o volume do toco, em m3; d é o diâmetro medido na extremidade do toco, em cm; L é o comprimento do toco e 0,0000785398 é o resultado da divisão de p (3,1416) por 40000.
A quantificação do volume real exclusive o toco e do volume até 3 cm de diâmetro com casca das árvores de candeia poderá ser obtida através da fórmula de Huber:
na qual, V é o volume da seção, em m3; L é o comprimento da seção, em metros; dint é o diâmetro, em centímetros, tomado no meio da seção; e 0,0000785398 conforme definido anteriormente.
Na Figura 21, pode-se visualizar como se deve executar a cubagem rigorosa e na Figura 22 é mostrada uma sequência de fotografias das atividades vinculadas a cubagem rigorosa.
FIGURA 21 - Esquema da cubagem rigorosa aplicada à candeia.
Devem ser cubadas rigorosamente pelo menos 10 por classe diamétrica (amplitude 5cm), sempre que existir interesse em ajustar uma nova equação volumétrica. As árvores em cada classe diamétrica devem abranger toda sua amplitude, a amplitude em altura e também a amplitude de forma ou diâmetro de copa. Naturalmente que para isto as árvores cubadas deverão estar fora da parcela e dispersas em toda área para que possam bem representar a população na qual estão inseridas.
FIGURA 22 - Esquema de cubagem rigorosa, incluindo derrubada da árvore (a), limpeza da árvore (b) e medições (c,d).
Para a obtenção do volume de madeira empilhada, as árvores abatidas para cubagem rigorosa devem ser empilhadas e em seguida, mensurar a altura, a largura e o comprimento das pilhas para obtenção do volume das mesmas, que consiste no produto das três medidas para cada pilha (Figura 23). Como de cada peça da pilha foi obtido, por ocasião da cubagem rigorosa, o seu volume real, através da aplicação da fórmula de Huber, é possível calcular o fator de empilhamento através da razão entre o volume da pilha e o volume real das peças que a compuseram. Assim, toda vez que se tiver o volume sólido das árvores, basta multiplicá-lo pelo fator de empilhamento para que seja obtido o volume de madeira empilhada.
(a) (b)
FIGURA 23 - Madeira das árvores cubadas (a) e estas empilhadas (b).
Todas as árvores derrubadas para a cubagem rigorosa devem ser desfolhadas manualmente sobre uma lona para a quantificação do peso verde das mesmas. Destas deve-se retirar uma amostra composta as quais devem ser identificadas, pesadas e armazenadas em sacos plásticos pretos para evitar que a luz interfira no processo fisiológico das folhas durante o transporte do campo ao Laboratório. O peso seco das folhas deverá ser determinado pela secagem total das amostras, ou seja, secagem até peso constante, à temperatura não superior a 40°C, para evitar perda de óleo por volatilização. Os valores de peso seco obtidos serão então, relacionados com o peso verde das amostras e com o peso verde de todas as folhas, possibilitando calcular o peso seco total de folhas para cada árvore.
O procedimento para obtenção do peso dos galhos finos é similar ao procedimento adotado para as folhas. Após a separação dos galhos finos do fuste, deve-se proceder a pesagem dos mesmos para obtenção do peso verde total de galhos finos, para cada árvore. Deve-se tomar amostras compostas contendo galhos finos com diferentes diâmetros, sendo uma amostra para cada árvore, as quais deverão ser identificadas, pesadas e armazenadas em sacos plásticos. O peso seco dos galhos finos deve ser determinado pela secagem total das amostras, ou seja, secagem até peso constante, à temperatura não superior a 40°C, para evitar perda de óleo por volatilização. Os valores de peso seco obtidos deverão ser relacionados com o peso verde das amostras e com o peso verde de todos os galhos finos, possibilitando calcular o peso seco total de galhos finos para cada árvore.
Para determinação do peso seco do fuste das árvores cubadas rigorosamente, deve-se retirar, de cada árvore, discos com aproximadamente 3 cm de espessura, nas alturas correspondentes a 0, 25, 50, 75 e 100% da altura da árvore até 3 cm de diâmetro com casca.
Para obtenção da densidade básica, os discos devem ser mergulhados em água, por um período de 5 a 7 dias, até atingirem a saturação. No ponto de saturação, deve-se medir o volume dos mesmos pelo método de deslocamento de água (Princípio de Arquimedes). Em seguida, os mesmos discos devem ser pesados e levados à estufa, à temperatura de 103±1°C, até atingir peso constante, que corresponde ao peso seco. Com a relação entre o peso seco e o volume saturado, obtém-se a densidade básica para cada disco, as quais possibilitam o cálculo da densidade média ponderada para cada árvore utilizando o volume da seção entre um disco e o outro, conforme expressão:
Onde:
DMA |
- |
Densidade
média ponderada da árvore; |
d0,
d25,...,d100 |
- |
Densidade
a diferentes alturas relativa na árvore; |
v1,
v2,...,v4 |
- |
Volumes
das seções entre os discos. |
Para determinação do peso seco do fuste, deve-se multiplicar o volume do fuste da árvore por sua densidade básica média (DMA). Na Figura 24 é ilustrado o procedimento de campo para obtenção do peso seco das diferentes partes da árvore.
(a) (b)
(c) (d)
FIGURA 24 - Esquema de coleta e pesagem de folhas (a, b) e de galhos com menos que 3 cm (c).
O método de arraste a vapor foi considerado o de melhor benefício custo para a extração do óleo de folha e galhos finos. As amostras após serem secas à temperatura ambiente, para retirar o excesso de umidade, devem ser trituradas em triturador tipo TN-4 com peneira de malha 4, e, posteriormente, secas em estufa ventilada à temperatura não superior a 40°C para evitar perdas de óleo por volatilização. As folhas devem receber o mesmo tratamento aplicado para os galhos.
Destas amostras, retira-se uma sub-amostra de 10 g, para a extração do óleo, obtendo no final deste período um hidrolato, no qual devem ser feitas três lavagens com o solvente diclorometano para que o solvente através de semelhança de polaridades possa se ligar ao óleo, separando-o então da água. Para a recuperação do solvente e quantificação do óleo pode-se utilizar um evaporador rotativo.
Para o fuste recomenda-se o método através de solventes, sendo necessário a coleta de discos a diferentes alturas (0, 25, 50, 75, 100% da altura de cada árvore cubada). Estes devem primeiramente ser secos à temperatura ambiente para evitar perdas de óleo por volatilização, após ter sido triturada no moinho Triturador tipo TN-4 com peneira de malha 4.
Uma sub-amostra de 10 g, deve ser retirada desta amostra maior e mergulhada inteiramente no solvente (hexano) por um período de 8 dias para que se processe a extração do óleo. A recuperação do solvente pode ser feita no evaporador rotativo. Com o teor de óleo obtidos nos discos de cada árvore, calcula-se a média ponderada do teor de óleo da árvore.
Onde:
TMO |
- |
Teor de
óleo médio ponderado da árvore; |
t0, t25,...,t100 |
- |
Teor de
óleo a diferentes alturas relativas na árvore; |
v1, v2,...,v4 |
- |
Volume
das seções entre os discos. |
Para a obtenção do peso de óleo contido no fuste de cada árvore, faz-se o produto do seu peso seco pelo teor de óleo medido ponderado (TMO) da árvore.
Na Tabela 11 são mostrados os valores médios para as árvores cubadas rigorosamente, das variáveis volume, peso seco, peso de óleo, número de moirões e fator de empilhamento em cada classe diamétrica.
Para as quatro primeiras características, há um acréscimo contínuo em suas quantidades quanto maior a classe diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 12,5 cm apresentam praticamente 6 vezes menos óleo que aquelas com diâmetro 27,5 cm ou 10 vezes menos que aquelas com diâmetro de 32,5 cm. Este fato também pode ser visualizado na Figura 25. Nesta mesma figura, observa-se também o comportamento do fator de empilhamento, o qual tende a decrescer quanto maior a classe diamétrica, embora nitidamente esteja sujeito a uma fonte de variação maior. Todos esses comportamentos estão em conformidade com as leis biológicas e serão muito úteis na definição da melhor estratégia de manejo para a candeia.
TABELA 11 - Médias por classe diamétrica, das árvores de candeia amostradas considerando a árvore toda, o fuste, os galhos finos e também as folhas.
|
|
Classes diamétricas (cm) |
|||||
|
|
5 - 10 |
10 - 15 |
15 - 20 |
20 - 25 |
25 - 30 |
30 – 35 |
Árvore |
|
7,37 |
12,36 |
17,10 |
22,16 |
27,24 |
31,79 |
|
6,61 |
6,83 |
9,19 |
9,62 |
7,94 |
9,25 |
|
|
0,017594 |
0,044747 |
0,115128 |
0,202881 |
0,287145 |
0,404643 |
|
|
0,013576 |
0,033168 |
0,087226 |
0,139043 |
0,208509 |
0,265912 |
|
|
14,917 |
44,962 |
87,054 |
179,192 |
233,785 |
344,728 |
|
|
0,176 |
0,465 |
1,065 |
1,693 |
2,805 |
4,481 |
|
Fuste (> 3 cm) |
Vcc - 3 cm (m3) |
0,013931 |
0,030770 |
0,070809 |
0,080065 |
0,117014 |
0,149359 |
Vsc - 3 cm (m3) |
0,010691 |
0,023085 |
0,053908 |
0,054356 |
0,084679 |
0,103435 |
|
PS (kg) |
11,302 |
33,467 |
73,567 |
152,761 |
194,362 |
293,277 |
|
Óleo (kg) |
0,109 |
0,365 |
1,009 |
1,585 |
2,642 |
4,042 |
|
Galhos Finos |
PS (kg) |
2,869 |
9,573 |
10,910 |
23,008 |
34,461 |
45,666 |
Óleo (kg) |
0,011 |
0,037 |
0,047 |
0,100 |
0,138 |
0,422 |
|
Folhas |
PS (kg) |
0,746 |
1,922 |
2,576 |
3,423 |
4,962 |
5,785 |
Óleo (kg) |
0,056 |
0,063 |
0,009 |
0,008 |
0,026 |
0,017 |
|
% PS Árvore |
Fuste |
75,76 |
74,43 |
84,51 |
85,25 |
83,14 |
85,07 |
Galhos |
19,23 |
21,29 |
12,53 |
12,84 |
14,74 |
13,25 |
|
Folhas |
5,01 |
4,28 |
2,96 |
1,91 |
2,12 |
1,68 |
|
% Óleo Árvore |
Fuste |
62,23 |
78,46 |
94,78 |
93,63 |
94,17 |
90,20 |
Galhos |
6,01 |
8,02 |
4,41 |
5,92 |
4,92 |
9,42 |
|
Folhas |
31,76 |
13,52 |
0,81 |
0,45 |
0,91 |
0,38 |
|
|
Fator de empilhamento |
2,28 |
1,99 |
1,62 |
2,02 |
1,73 |
1,86 |
|
Número de
moirões |
1,10 |
2,42 |
5,50 |
9,20 |
8,70 |
13,50 |
Em que: : diâmetro médio à 1,30 cm do solo;
: média da altura total;
: média do volume com casca;
: média do volume sem casca;
: média do peso seco;
: média do peso de óleo; Vcc 3 cm - volume com casca do fuste
até 3 cm de diâmetro; Vsc 3 cm - volume sem casca até 3 cm; PS: peso seco.
FIGURA 25 - Comportamento para a árvore toda (total), para o fuste (fuste), para os galhos finos (galhos), do volume com casca (a), sem casca (b), do peso seco (c), do peso de óleo (d), do número de moirões (e) e do fator de empilhamento (f) por classe diamétrica. Para o peso seco (c) e peso de óleo (d), foram também consideradas as folhas (folhas).
De forma complementar, na Tabela 15 e na Figura 25 pode-se também observar que quanto menor a classe diamétrica, maior é a porcentagem de galhos finos (< 3 cm de diâmetro) e de folhas em relação ao fuste, seja para a variável peso seco ou para o peso de óleo contido nestas porções da planta. Do ponto de vista do peso de óleo existente nas plantas, pode-se constatar que o aproveitamento total da árvore deve ser preferível ao aproveitamento só de seu fuste. Este fato possibilitará, para um mesmo número de plantas, uma maior quantidade de óleo, ou para uma mesma quantidade de óleo, exploração de um menor número de plantas. A exceção é que não há acréscimo significativo na produção de óleo quando se faz o aproveitamento das folhas em árvores pertencentes à classe de 17,5 cm ou em classes superiores a este diâmetro.
Na Tabela 16 é mostrado o comportamento da densidade básica e do teor de óleo desde a base até 3 cm de diâmetro com casca para a candeia. Pode-se observar que a faixa de densidade para esta espécie situa-se entre 0,60 e 0,78 g/cm3, com uma predominância deste valor se situar entre 0,63 e 0,71 g/cm3. No entanto, dois fatos são notórios. O primeiro é que para uma mesma classe diamétrica, a densidade decresce no sentido base-topo e somente nas classes 12,5; 22,5 e 27,5 cm existe um único valor discrepante dessa tendência. O outro fato é que entre classes diamétricas, se considerada a mesma altura relativa de coleta do disco, há uma tendência da densidade aumentar das menores para as maiores classes, embora variações neste comportamento sejam notadas.
Ainda na Tabela 12, pode-se observar que o
teor de óleo não tem um comportamento tão claro quanto o da densidade ao longo
do fuste. Há uma tendência de um comportamento ligeiramente senoidal, ora com
inclinação ascendente, ora com inclinação descendente no sentido base-topo.
TABELA 12 - Valores médios ao longo do fuste da densidade e do teor de
óleo em cada classe de diâmetro. = média dos diâmetros medidos a 1,30 cm do solo;
= média das alturas totais das árvores.
|
|
Classes diamétricas (cm) |
||||||
|
|
5 - 10 |
10 - 15 |
15 - 20 |
20 - 25 |
25 - 30 |
30 - 35 |
|
|
|
7,37 |
12,36 |
17,10 |
22,16 |
27,24 |
31,79 |
|
|
|
6,61 |
6,83 |
9,19 |
9,62 |
7,94 |
9,25 |
|
Densidade Básica (g/cm3) |
Altura |
0% |
0,67 |
0,69 |
0,65 |
0,63 |
0,71 |
0,71 |
25% |
0,65 |
0,67 |
0,64 |
0,78 |
0,73 |
0,71 |
||
50% |
0,65 |
0,71 |
0,64 |
0,66 |
0,73 |
0,70 |
||
75% |
0,63 |
0,68 |
0,64 |
0,67 |
0,72 |
0,70 |
||
100% |
0,62 |
0,63 |
0,60 |
0,65 |
0,68 |
0,69 |
||
|
Ponderado |
0,65 |
0,68 |
0,63 |
0,68 |
0,71 |
0,70 |
|
Teor de Óleo (%) |
Altura |
0% |
1,10 |
1,08 |
1,44 |
0,99 |
1,48 |
1,30 |
25% |
1,08 |
1,17 |
1,42 |
0,82 |
1,17 |
1,32 |
||
50% |
0,79 |
1,05 |
1,47 |
1,02 |
1,39 |
1,50 |
||
75% |
1,05 |
1,14 |
1,32 |
1,19 |
1,29 |
1,43 |
||
100% |
0,97 |
1,13 |
1,14 |
1,28 |
1,36 |
1,25 |
||
|
Ponderado |
1,00 |
1,11 |
1,36 |
1,06 |
1,34 |
1,36 |
Já entre classes diamétricas existe uma nítida tendência de um maior percentual de óleo com um aumento destas, em qualquer das alturas relativas de coleta do disco.
A Tabela 13 apresenta os pesos de óleo produzidos em laboratório para amostras de discos do fuste, amostras de galhos e amostras de folhas, e pesos de óleo produzidas na usina com o fuste das árvores por classe de diâmetro. Também são mostradas as perdas que ocorreram no processo de extração de óleo na usina em relação à extração feita no laboratório.
TABELA 13 - Valores dos pesos de óleo obtidos em laboratório e na usina e perdas ocorridas no processo.
|
|
Classes de diâmetro
(cm) |
||||
|
|
5 – 10 |
10 - 15 |
15 - 20 |
25 - 30 |
30 - 35 |
Laboratório |
Fuste (> 3 cm) |
0,109 |
0,365 |
1,009 |
2,642 |
4,042 |
Galhos finos |
0,011 |
0,037 |
0,047 |
0,138 |
0,422 |
|
Folhas |
0,056 |
0,063 |
0,009 |
0,026 |
0,017 |
|
Usina |
Fuste (>3cm) |
0,098 |
0,291 |
0,769 |
2,101 |
3,608 |
Perda na usina em
relação a árvore até 3 cm (%) |
10,09 |
20,27 |
23,79 |
20,48 |
10,74 |
|
Perda na usina em
relação a árvore incluindo galhos finos (%) |
18,33 |
27,61 |
27,18 |
24,42 |
19,18 |
|
Perda na usina em
relação a árvore toda (%) |
44,32 |
37,42 |
27,79 |
25,12 |
19,48 |
Observando a Tabela 13, nota-se que há perdas no processo de extração de óleo da usina em todas as classes diamétricas. No caso da primeira classe, 7,5 cm, ao comparar a quantidade de óleo extraída do fuste na usina com a quantidade de óleo extraída em laboratório, observa-se que há uma perda de 10,09%, o que implica no desperdiço de uma a cada 10 árvores exploradas nessa classe. Esta perda aumenta para 18,33% quando nesta comparação se inclui a quantidade de óleo extraída dos galhos finos no laboratório, o que implica no desperdiço de praticamente 2 árvores a cada 10 exploradas nesta classe. A perda chega até 44,32% ao se incluir também, na comparação, a quantidade de óleo extraída das folhas no processo do laboratório, o que implica no desperdiço de 4,4 árvores a cada 10 exploradas nesta classe.
Este fato é repetitivo, mudando apenas a proporção de árvores desperdiçadas. No caso da maior classe diamétrica amostrada neste estudo, pode-se constatar que a cada 10 árvores exploradas desperdiça-se uma quando considerado o uso da planta até 3 cm de diâmetro com casca. Se agregados a esta os galhos com menos que 3 cm, a perda é de 2 árvores a cada 10 exploradas. Já com a agregação das folhas há um ligeiro acréscimo no desperdiço, o que também foi verificado nas classes de 17,5 e 27,5 cm. Este fato contrasta com aquele observado nas menores classes diamétricas, de 7,5 e de 12,5 cm.
Para viabilizar a estimativa do volume, peso seco, peso de óleo e do número de moirões, foram ajustados modelos nos quais a alteração foi na variável, que ora foi o volume, ora o peso seco, ora o peso de óleo, ora o número de moirões, como discriminado à seguir:
·
Volume
(m3) do fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca;
·
Volume
do fuste (m3);
·
Peso
seco (kg) do fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca;
·
Peso
seco (kg) do fuste;
·
Peso
seco (kg) dos galhos finos (< 3 cm de diâmetro com casca);
·
Peso
de óleo (kg) do fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca;
·
Peso
de óleo do fuste (kg);
·
Peso
de óleo (kg) dos galhos finos (< 3 cm de diâmetro com casca);
·
Número
de moirões.
Quando desejada a estimativa do volume da copa compreendida pelos galhos com diâmetro até 3 cm com casca, deve-se estimar a característica de interesse expressa pela equação que estima fuste + galhos até 3 cm de diâmetro com casca e subtraí-la da característica de interesse estimada pela equação para o fuste.
Quando desejada a estimativa do peso seco
ou do peso de óleo das folhas, deve-se estimar a característica de interesse
expressa pela equação que estima (fuste + galhos ³
3cm) + fuste < 3cm + folhas, ou seja, a equação para o total e subtraí-la
das estimativas de duas equações, uma que estima o volume do fuste + galhos ³ 3 cm e outra que estima
os galhos finos < 3 cm.
O critério de seleção dos modelos foi baseado no coeficiente de determinação ajustado, erro padrão residual corrigido e em porcentagem e na análise gráfica de resíduos. O coeficiente de determinação (R2) expressa a quantidade de variação da variável dependente que é explicada pelas variáveis independentes. Assim, quanto mais próximo de um for o valor do R2, melhor terá sido o ajuste. O erro padrão residual (Syx) mede a dispersão média entre os valores observados e estimados ao longo da linha de regressão. Menores valores no valor desta estatística indicam melhores ajustes.
Estas duas estatísticas, coeficiente de determinação e erro padrão residual, não devem ser utilizadas isoladamente para o julgamento da precisão do modelo, pois podem fornecer informações enganosas sobre o ajuste. O recomendado é completá-las através da análise gráfica de resíduos. Esta análise é decisiva na avaliação da qualidade das estimativas, pois permite detectar se há ou não tendenciosidade na estimativa da variável dependente ao longo de toda a linha de regressão.
As equações selecionadas para estimar o volume, o peso seco, o peso de óleo e o número de moirões são apresentadas na Tabela 14, acompanhadas de suas medidas de precisão: coeficientes de determinação (R2) e do erro padrão dos resíduos (Syx).
TABELA 14 - Equações para a estimativa do volume, quantidade de óleo, peso seco e número de moirões para a candeia, região de Aiuruoca, MG.
Característica |
Equação |
R2 corr (%) |
Syx* |
Volume (m3) |
Ln Vcc = -12,021443 + 2,024449 Ln (CAP) + 0,822959 Ln (H) |
97,63 |
0,052778 |
Ln Vfustecc = -11,057239 + 1,507869 Ln (CAP) + 1,023071 Ln (H) |
89,36 |
0,046959 |
|
|
|
|
|
Ln Vsc = -11,997595 + 1,956983 Ln (CAP) + 0,781851 Ln (H) |
95,78 |
0,037795 |
|
Ln Vfustesc = -11,163939 + 1,437837 Ln (CAP)
+ 1,046575 Ln (H) |
80,64 |
0,043979 |
|
|
|
|
|
Peso seco (kg) |
Ln PST = -4,626534 + 2,070674 Ln (CAP) + 0,412421 Ln (H) |
97,06 |
42,595984 |
Ln Psfuste + galhos ³ 3 cm = -5,542399 + 2,114627
Ln(CAP) + 0,664666 Ln (H) |
97,57 |
36,214802 |
|
Ln Psgalhos < 3 cm = -4,337392 +
1,999887 Ln (CAP) - 0,532305 Ln (H) |
72,68 |
11,371240 |
|
|
|
|
|
Peso de óleo (kg) |
Ln POT = -10,109711 + 2,287298 Ln (CAP) + 0,435491 Ln (H) |
91,86 |
1,076777 |
Ln Pofuste + galhos ³ 3 cm = -10,523597 + 2,32229 Ln (CAP) + 0,512361 Ln (H) |
91,40 |
0,996686 |
|
Ln Pogalhos < 3 cm = -10,943578 +
2,414379 Ln (CAP) - 0,72726 Ln (H) |
71,18 |
0,091597 |
|
|
25,59 |
0,588180 |
|
Número de moirões |
|
86,04 |
2,717010 |
Onde: V - volume, em m3, do fuste + galhos
com diâmetro com casca ³ 3 cm ; cc - com casca; sc - sem casca; PST - peso seco, em kg, do (fuste
+ galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm) + peso seco dos galhos finos (< 3 cm de
diâmetro) + peso seco das folhas; POT - peso de óleo, em kg, do (fuste + galhos
com diâmetro com casca ³ 3 cm) + peso de óleo dos galhos finos (< 3 cm de diâmetro) + peso
de óleo das folhas; NM - número de moirões; Ln - logaritmo neperiano.
* Encontram-se nas seguintes unidades: m3 para os
volumes e kg para as quantidades de óleo e para os pesos secos.
Pode-se observar que as variáveis independentes explicam de maneira muito satisfatória as variações da variável dependente, o que é constatado ao observar os valores do coeficiente de determinação (R2). Já com relação ao erro médio, verifica-se que são valores elevados, fato justificado pela variabilidade encontrada nas árvores amostra, típico da vegetação nativa. No entanto, ao observar os gráficos de resíduos, constatou-se que embora o erro de estimar o volume, o peso seco, o peso de óleo ou o número de moirões de um único indivíduo seja relativamente grande, a inexistência de tendência observada na Figura 26 indica claramente que erros de super estimativas estão anulando os erros de subestimativa. Este fato garante o bom uso das equações ao nível das parcelas do inventário florestal. Em essência, ao aplicar equações em um povoamento, este é o ponto crucial que se procura atingir.
FIGURA 26 - Distribuição gráfica dos resíduos do volume com casca (a), do volume sem casca (b) para o fuste + galhos com diâmetro ³ 3 cm; volume do fuste com casca (c); volume sem casca (d); do peso seco com casca (e), do peso de óleo com casca (g) para fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm + galhos finos < 3 cm + folhas; peso seco do fuste com casca (f) e peso de óleo do fuste com casca (h).
· Vara graduada (10 em 10 cm) de 7,5 metros para medição da altura total;
· Fita métrica para medição da circunferência à altura do peito. Quando o fuste apresentar irregularidades a 1,30 m, o CAP poderá ser medido imediatamente acima da mesma;
· A identificação botânica (espécie e família) pode ser feita diretamente no campo, ou em caso de dúvida através da coleta de material botânico para identificação em herbário;
· As árvores do estrato com diâmtero maior que 5 cm deverão ser identificadas com plaquetas de alumínio contendo o número da parcela e o seu respectivo número dentro da mesma.
Deve-se utilizar parcelas de área fixa, preferencialmente de 1000 m2, com forma retangular e 10m de largura por 100m de comprimento ou ainda 20 metros de largura por 50 metros de comprimento. Para amostragem da regeneração natural quando houver interesse sugere-se estabelecer no interior da parcela mãe uma sub parcela de 10m de largura por 5 m de comprimento.
Deve-se preferencialmente utilizar uma amostragem sistemática com distribuição uniforme das parcelas na área. Uma ilustração através de fotografias de como pode ser realizada a instalação (a,b,c,d,e) da parcela para amostrar o estrato arbóreo e a regeneração natural é mostrada na Figura 27.
(a) (b) (c)
(d) (e)
FIGURA 27 - Instalação da parcela permanente (a,b,c,d) e da sub parcela para amostrar a regeneração natural (e).
Na Figura 28 (a,b,c,d,e) é mostrada a identificação do ponto de medir a circunferência, sua medição, marcação do ponto com tinta, etiquetagem da árvore e medição da altura.
(a) (b) (c)
(d) (e)
FIGURA 28 - Medições nas parcelas permanentes.
A comunidade florestal
apresenta-se constantemente sofrendo mudanças em sua estrutura, fisionomia e
composição florística, fato este que perdura até que a floresta atinja o estado
clímax. Mesmo nesta circunstância a morte de árvores por causas naturais ou
não, ainda implicarão em mudanças na floresta, ainda que em menor proporção.
Uma maneira de detectar
o estádio em que a floresta se encontra, assim como as alterações que estas
sofrem é realizar a análise estrutural da vegetação ali existente, de tal modo
que possam ser observados os aspectos que envolvem as espécies quando
consideradas isoladamente (aspectos autoecológicos) e as interações relativas
aos indivíduos que compõem a comunidade florestal (aspectos sinecológicos).
A análise estrutural é
especificamente justificada, quando intervenções estão sendo planejadas, para
serem efetuadas numa comunidade florestal qualquer. Por exemplo, área sujeita a
mineração, área sujeita a inundações provenientes da construção de
hidroelétricas, áreas sujeitas a manejo sustentado, área onde vai ser
implantado um empreendimento qualquer, de tal modo a auxiliar tanto na
recomposição da área ou áreas vizinhas, com vegetação nativa, como na manutenção
de diversidade florística e na definição do potencial lenheiro, no caso da
implementação do manejo sustentado.
A interpretação da
estrutura da população florestal possibilita:
a) Manter compromisso da diversidade florística se
intervenções com base em regime de manejo sustentado são previstas para a
floresta nativa.
b) Compreender como as espécies florestais vivem em
comunidade, bem como sua importância para a mesma.
c) Verificar como é a distribuição espacial de cada
espécie numa floresta nativa.
d) Auxiliar na definição de planos ou estratégia de
revegetação de áreas degradadas, com espécies nativas.
Indica a participação, na comunidade, de
cada espécie vegetal em relação às outras, e a forma como esta se encontra distribuída,
espacialmente na área. Os índices que a caracterizam são: densidade, dominância
e freqüência, todos absolutos e relativos, e também o índice de valor de
cobertura e o índice de valor de importância.
DAi |
- |
Ni |
DRi |
- |
(DAi / |
FAi |
- |
(NUi / NUT)100; |
FRi |
- |
(FAi / |
DoAi |
- |
|
DoRi |
- |
(DoAi / |
IVI |
- |
DRi + FRi +
DoRi |
IVC |
- |
DRi + DoRi |
Onde:
DAí |
- |
Densidade absoluta para a i-ésima
espécie; |
Ni |
- |
Número de indivíduos vivos
amostrados para a i-ésima espécie por unidade de área, normalmente o hectare; |
DRi |
- |
Densidade relativa para a i-ésima
espécie; |
|
- |
Soma da DAi de todas as
espécies, por unidade de área (ha); |
FAi |
- |
Freqüência absoluta para a i-ésima
espécie; |
NUi |
- |
Número de unidades amostrais em que
ocorreu a i-ésima espécie; |
NUT |
- |
Número total de unidades
amostradas; |
FRi |
- |
Freqüência relativa para a i-ésima
espécie; |
|
- |
Soma das freqüências absolutas de
todas as espécies amostradas; |
DoAi |
- |
Dominância absoluta para a i-ésima
espécie; |
DoRi |
- |
Dominância relativa para a i-ésima
espécie; |
IVI |
- |
Índice de valor de importância; |
IVC |
- |
Índice de valor de cobertura; |
Ci |
- |
Circunferência (cm) a 1,30 m de
altura do solo; |
Di |
- |
Diâmetro (cm) a 1,30 m de altura do
solo; |
.n |
- |
Número de árvores da i-ésima
espécie amostrada; |
.q |
- |
Número de espécies amostradas. |
Permite a avaliação do estádio sucessional do povoamento e das espécies que o compõem. A posição sociológica foi o parâmetro considerado para esta análise.
Onde:
VF |
- |
NE / |
PsAi |
- |
Posição fitossociológica absoluta
do estrato; |
VF |
- |
Valor fitossociológico do estrato; |
|
- |
Estratos inferior, médio e
superior; |
Ni |
- |
Número de indivíduos vivos da
i-ésima espécie; |
NE |
- |
Número de indivíduos vivos
amostrados no i-ésimo estrato; |
Q |
- |
Número de espécies amostradas. |
Neste estudo, foram considerados três estratos. Os limites dos estratos foram definidos pela variabilidade da altura das espécies observadas na área em questão.
·
Estrato inferior: hj < ( - 1 Sh )
·
Estrato médio:
– 1 Sh £ hj £
+ 1 Sh
·
Estrato superior: hj > + 1 Sh
Onde:
|
- |
Média aritmética das alturas (m)
das plantas que compuseram a amostra; |
Hj |
- |
Altura das plantas que compõem o
j-ésimo estrato; |
Sh |
- |
Desvio padrão das alturas (m) das
plantas que compuseram a amostra. |
O índice de valor de importância ampliado (IVIAi) para a i-ésima espécie foi obtido
pela expressão:
Na Tabela 15 são mostrados os índices que caracterizam a estrutura de três fragmentos com diferentes estruturas em diferentes regiões de Minas Gerais. Pôde-se observar no fragmento 1 que a candeia é, notoriamente, a espécie mais importante existente na área. São desta espécie 38,5% das árvores existentes na área (como indica a densidade relativa), 46,2% de toda a área basal amostrada (dominância relativa), além de se apresentar distribuída em toda a área amostral (freqüência relativa). Com relação à sua participação na estrutura vertical da população, notou-se a presença de candeia em todos os estratos (dominados, codominados e dominantes), o que se traduz num índice de posição sociológica pelo menos 8 vezes superior ao da segunda colocada. Os índices constatados para a candeia, por si só, mostram que a espécie tem facilidade de se instalar na área ocorrendo em maciços puros ou nas bordas das vegetações ciliares, o que reforça o seu potencial de espécie a ser manejada.
Para o fragmento 2 pode-se observar que a candeia é, notoriamente, a espécie mais importante existente na área. São desta espécie 30,75% (Eremanthus incanus) e 9,76% (Eremanthus erythropappus) das árvores existentes na área (como indica a densidade relativa), 25,86% (Eremanthus incanus) e 10,75% (Eremanthus erythropappus) de toda a área basal amostrada (dominância relativa), além de se apresentar distribuída em toda a área amostral (freqüência relativa). Com relação à sua participação na estrutura vertical da população, notou-se a presença de candeia em todos os estratos (dominados, codominados e dominantes), o que se traduz num índice de posição sociológica significativamente superior a da segunda colocada. Os índices constatados para a candeia, por si só, mostram que a espécie tem facilidade de se instalar na área, o que reforça o seu potencial de espécie a ser manejada.
Para o fragmento 3 pode-se observar que na área só houve ocorrência de candeia, havendo notoriamente a predominância da candeia Eremanthus incanus em relação a Eremanthus erythropappus. A candeia Eremanthus incanus é responsável por 99,84% das árvores existentes na área (como indica a densidade relativa), 99,14% de toda a área basal amostrada (dominância relativa), além de se apresentar distribuída em toda a área amostral (freqüência relativa). Com relação à sua participação na estrutura vertical da população, notou-se a presença de candeia em todos os estratos (dominados, codominados e dominantes). Os índices constatados para a candeia, por si só, mostram que a espécie tem facilidade de se instalar na área, o que reforça o seu potencial de espécie a ser manejada.
TABELA 15 - Estrutura horizontal e vertical da vegetação amostrada, em Minas Gerais.
Fragmento 1
Espécie |
DA |
DR |
DoA |
DoR |
IVC |
FA |
FR |
IVI |
PS1 |
PS2 |
PS3 |
PSA |
PSR |
IVIA |
Eremanthus erythropappus |
479,66 |
38,49 |
4,56 |
46,21 |
84,70 |
100,0 |
5,31 |
91,08 |
8,82 |
265,16 |
7,04 |
281,02 |
38,44 |
129,52 |
Outras espécies |
766,54 |
61,51 |
5,31 |
53,79 |
115,30 |
- |
- |
- |
10,72 |
424,76 |
14,61 |
450,10 |
61,56 |
- |
Media
aritmética da altura = 6,15; Desvio padrão da altura = 2,07; Valor
fitossociológico do estrato 1= 0,13; Valor fitossociológico do estrato 2 =
0,74; Valor fitossociológico do estrato 3 = 0,13
Fragmento 2
Espécie |
DA |
DR |
DoA |
DoR |
IVC |
FA |
FR |
IVI |
PS1 |
PS2 |
PS3 |
PSA |
PSR |
IVIA |
Eremanthus incanus |
266,67 |
30,75 |
1,64 |
25,86 |
56,61 |
100,00 |
8,15 |
68,91 |
0,95 |
164,53 |
4,18 |
169,66 |
38,22 |
107,13 |
Eremanthus erythropappus |
84,67 |
9,76 |
0,68 |
10,75 |
20,51 |
73,33 |
5,98 |
27,99 |
0,00 |
34,24 |
5,47 |
39,71 |
9,00 |
36,99 |
Outras espécies |
516,00 |
59,49 |
4,03 |
63,39 |
122,88 |
- |
- |
- |
13,68 |
242,52 |
9,64 |
265,85 |
- |
- |
Media aritmética da altura = 4,653; Desvio padrão da altura = 1,1294;
Valor fitossociológico do estrato 1 = 0,13; Valor fitossociológico do estrato 2
= 0,72; Valor fitossociológico do estrato 3 = 0,15.
Fragmento 3
Espécie |
DA |
DR |
DoA |
DoR |
IVC |
FA |
FR |
IVI |
PS1 |
PS2 |
PS3 |
PSA |
PSR |
IVIA |
Eremanthus incanus |
965,38 |
99,84 |
3,52 |
99,14 |
198,98 |
100 |
92,86 |
291,84 |
24,60 |
440,06 |
26,48 |
491,14 |
99,79 |
391,62 |
Eremanthus
erythropappus |
1,54 |
0,16 |
0,03 |
0,86 |
1,02 |
7,69 |
7,14 |
8,16 |
0,00 |
1,04 |
0,00 |
1,04 |
0,21 |
8,38 |
Media aritmética das alturas = 4,335; Desvio padrão das alturas = 0,7035;
Valor fitossociológico do estrato 1 = 0,16; Valor fitossociológico do estrato 2
= 0,68; Valor fitossociológico do estrato 3 = 0,17.
DA - Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; DoA -
Dominância absoluta; DOR - Dominância relativa; IVC - Índice de Valor de
Cobertura; FA - Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI: Índice de
Valor de Importância; PS1, PS2 e PS3 - Posição sociológica dos estratos 1, 2 e
3; PSA - Posição sociológica absoluta; PSR - Posição sociológica relativa; IVIA
- Índice de Valor de Importância Ampliado.
12.3 Regeneração natural
Este item da análise
estrutural aborda temas tais como a densidade absoluta e relativa; freqüência
relativa e absoluta e a classe de tamanho relativa e absoluta, todas elas
ligadas a regeneração natural.
Particularmente em
relação a densidade e freqüência deve-se utilizar a mesma formulação
apresentada para caracterizar a estrutura horizontal do estrato arbóreo.
Deve-se apenas redefinir estas variáveis adequando-as ao tema regeneração
natural (RNi). Assim a densidade absoluta (DAi) será definida como (DARNi); a
densidade relativa (DRi) como DRRNi; a freqüência absoluta (FAi) como FARNi e a
freqüência relativa (FRi) como FRRNi.
· Classes
de tamanho
Para obtenção deste
índice absoluto e relativo, far-se-á uso de uma série de definições, conforme
encontrado na FAO (1971).
Estas definições estão
apresentadas a seguir e caracterizam basicamente as classes de altura:
R = classe
na qual se encontram indivíduos arbóreos com altura inferior a 0,30 m
u1 = classe
na qual se encontram indivíduos com altura entre 0,3 m e 1,50 m
u2
= classe na qual se encontram indivíduos com altura entre 1,5 e 3,0m
E
= classe na qual se encontram indivíduos que possuem altura superior a 3,0
m e DAP inferior a 5,0 cm.
a) Classe
de tamanho absoluta
CATRNi =
b) Classe
de tamanho relativa
CATRNi = . 100
Em que:
CATRNi
= classe absoluta de tamanho da regeneração natural da iésima espécie
CRTRNi
= classe relativa de tamanho da regeneração natural da iésima espécie
Nij
= número de indivíduos da iésima espécie na iésima classe de tamanho
N
= número total de indivíduos da regeneração natural
Ni
= número total de indivíduos da iésima espécie da regeneração natural em
todas classes de tamanho
q
= número de espécies.
· Regeneração
natural relativa
RNRi =
Em que:
RNRi = regeneração natural da
iésima espécie
FRRNi = freqüência
relativa da regeneração natural da iésima espécie
DRRNi = densidade relativa da
regeneração natural da iésima espécie
12.4 Índice de valor de importância ampliado
e econômico (IVIEAi)
Este índice tenta
associar a representatividade da estrutura horizontal da iésima espécie
representada pelo índice de valor de importância (IVIi); a representatividade
da estrutura da iésima espécie representada pela posição sociológica relativa
(PSRi); a representatividade da regeneração natural relativa da iésima espécie
(RNRi); e a qualidade do fuste das espécies arbóreas, na tentativa de
estratificar o seu valor, expressa pela qualidade do fuste relativa na iésima
espécie (QRFi). Assim o índice de valor de importância ampliado e econômico da
iésima espécie (IVIAEi) é dado por:
IVIEAi = IVIi + PSRi + RNRi + QRFi
Para completar a
abordagem é necessário quantificar a qualidade absoluta do fuste e a qualidade
relativa do fuste. Devem ser considerados indivíduos arbóreos com diâmetro a
1,30 m (DAP) ³ 5 cm e normalmente 3 ou 4 classes de fuste.
a)
Qualidade
absoluta do fuste da iésima espécie (QAFi), a considerando 3 classes de
qualidade
QAFi =
b) Qualidade relativa do
fuste da iésima espécie (QRFi)
QAFi = . 100
Em que:
ni1, ni2, ni3 = número
de indivíduos da iésima espécie nas classes de qualidade de fuste 1, 2 e 3
N1, N2, N3 = número
total de indivíduos nas classes de qualidade de fuste 1, 2 e 3, respectivamente
N = número total de indivíduos da amostragem.
12.5 Índice para avaliação da similaridade
entre tipos fisionômicos
ISJ = . 100
Onde:
ISJ = Índice de similaridade de Jaccard
a = Número de espécies da comunidade
b = Número de espécies da comunidade B
c = Número de espécies comuns.
12.6 Índices para avaliação da
diversidade florística
H’ =
Onde:
i = 1 ... n
S = número de espécies amostradas
n¡ = número de indivíduos
amostrados para a espécie i
N = número total de indivíduos amostrados
Log = logaritmo neperiano
Quanto
maior for o valor de H’, maior a diversidade florística da população em estudo.
·
Índice de
Simpson
C =
Em que:
C = Índice de dominância de
Simpson
ni = Número de indivíduos
amostrados da iésima espécie
N = Número total de indivíduos
amostrados
S = Número total de espécies
amostradas.
O valor estimado de C
varia de 0 a 1, sendo que para valores próximos de 1 a diversidade é
considerada menor.
Os índices utilizados para retratar a
diversidade dos fragmentos amostrados foram os de Shanon-Weaver e o de Simpson
(Tabela 2). Pode-se observar que o índice de Shanon para o fragmento 3 é muito
próximo de zero, assim como o de Simpson é muito próximo a 1, o que corrobora
com a tese de que a população apresenta baixíssima diversidade de espécies.
Este fato pôde ser observado na Tabela 25 onde as soma das densidades relativas
das candeias totalizou 100% nos 800 ha amostrados. Já para o fragmento 1 além
da ocorrência da candeia pode ser constatado um grande número de outras
espécies o que é retratado no alto valor de Shanon e no baixo valor de Simpson.
Vale ressaltar para este fragmento que a candeia ocorreu em reboleiras e no
entorno das áreas de preservação permanente. O fragmento 2 expressa uma
situação intermediária de diversidade de espécies e neste a candeia ocorreu de
forma dispersa entre as demais espécies do cerrado amostrado. Na realidade a
ocorrência de candeia neste fragmento foi estimulada pela ação do proprietário
da área que anualmente disseminava nesta semente desta espécie, fato que se
iniciou no inicio da década de 90.
TABELA 16- Índices de diversidade.
Fragmento |
Índices |
|
Shanon-Weaver |
Simpson |
|
1 |
3,1200 |
0,1600 |
2 |
2,2083 |
0,1797 |
3 |
0,0118 |
0,9968 |
Para evitar que numa eventual exploração das áreas com candeia sejam impactadas negativamente outras espécies, procurou-se compreender em que situações a ocorrência de epífitas e trepadeiras foi siginificativa. Foi constatada a ocorrência de epífitas na candeia somente nas áreas amostradas nas quais a altitude foi acima de 1300 metros de altitude, no caso no fragmento de Baependi. A proporção encontrada foi de 0,27 epífitas ou trepadeiras por candeia ou 1 epífita ou trepadeira a cada 4 candeias. Naqueles fragmentos amostrados abaixo desta altitude em nenhum caso foi constatada a presença de trepadeiras ou de epífitas ocorrendo nos candeais.
Deve-se considerar, a partir destes dados, que em caso de exploração florestal através de um plano de manejo sustentado as epífitas devem ser transplantadas em outras árvores ou em estufas.
A serrapilheira ou litter é uma das camadas da matéria orgânica do solo florestal a qual é mais ou menos decomposta, sendo formada por deposição de resíduos da própria árvore e também resíduos de animais. Esta matéria orgânica torna o solo poroso, fofo, solto, escuro, tendo a capacidade de reter umidade e enriquicer o solo com nutrientes pela ação da microflora e microfauna. Segundo Pogiani (1989) a serrapilheira além de proteger o solo, constitui um complexo laboratório de transformação, no qual a matéria orgânica é decomposta e os nutrientes são relocados a disposição do sistema radicular dos vegetais. Além disso, a matéria orgânica desempenha importante papel no aumento da solubilidade e no transporte de nutrientes catiônicos como o ferro, manganês, zinco e cobre, até as raízes por meio de meio de certos radicais orgânicos (Guilherme, Vale e Guedes, 1993).
De maneira geral pôde-se constatar que a quantidade de serrapilheira aumenta no sentido borda interior do fragmento. Entretanto, em todas as situações os candeais apresentam pouca abundância na ocorrência de serrapilheira.
A ocorrência da fauna foi maior quanto maior a diversidade de espécies. Especificamente para o fragmento 1, na região de Baependi foi constatado o endemismo de répteis e anfíbios, como de resto em toda APA da Mantiqueira. A riqueza da fauna pode ser observada na Tabela 17.
A hipótese é que um plano de manejo para a candeia tenha um baixíssimo impacto na fauna por uma série de motivos.
O manejo não envolverá nenhum corte raso;
A candeia a ser explorada é a que ocorre em maciços e nas bordas das matas, fato que não leva a pressão sobre áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente;
A candeia é uma espécie pioneira, assim a sua remoção após a dispersão das sementes propiciará uma rápida reocupação dos locais se estas sementes estiverem recebendo no solo, luz diretamente assim como umidade.
O sistema de exploração é de baixo impacto, sendo normalmente utilizado o machado pelo pequeno porte em diâmetro das plantas se comparadas aquelas regiões onde a árvore é destinada a processamento mecânico;
O transporte da candeia também é de baixo impacto com sua retirada da área através de muares em trilhas sem movimento de terra. Esta forma de retirada da madeira é justificada pela atividade se concentrar em pequenas propriedades e pela própria topografia das regiões onde a candeia ainda ocorre.
O número de plantas que será removido simplesmente duplicará inicialmente o espaçamento entre plantas, o que logo será ocupado pela regeneração como pode-se verificar na Tabela 29.
Além do mais as propriedades deverão manter áreas de reserva legal e as áreas de preservação permanente deverão propositalmente ser ampliadas para manter intactas as outras áreas ao longo da propriedade, o que propiciará um maior e melhor abrigo à fauna.
Por último a restrição exacerbada e inconseqüente a qualquer remoção da espécie leva invariavelmente a clandestinidade ou a subistituição da espécie por áreas com pastagem de baixa produtividade, estas sim práticas que impactam significativamente a presença da fauna.
TABELA 17 - Relação da fauna da região da fazenda Bela Vista, em Baependi, Minas Gerais.
AVIFAUNA |
||
Nome comum |
Nome científico |
Família |
Alma-de-gato |
Piaya cayana |
Cuculidae |
Andorinha |
Phaeoprogne tapera |
Hirundinidae |
Anú-branco |
Guira guira |
Cuculidae |
Anú-preto |
Crotophaga ani |
Cuculidae |
Azulão |
Cyanocompra brissonii |
Thraupidae |
Bem-te-vi |
Pitangus sulphuratus |
Tyrannidae |
Canário-do-campo |
Emberizoides herbicola |
Fringilidae |
Codorna |
Nothura maculosa |
Tinamidae |
Coruja |
Speotyto cunicularia |
Strigidae |
Curiango |
Nyctidramus albicollis |
Caprimulgidae |
Corruíra |
Troglodytes aedon |
Troglodytidae |
Gavião-cará-cará |
Polyborus plancus |
Falconidae |
Gavião-pato |
Spizastus melanoleucus |
Accpitidae |
Gavião-pinhé |
Milvago chimachima |
Falconidae |
Guaxe |
Sericosypha loricata |
Thraupidae |
Inhambu |
Rhynchotus rufescens |
Tinamidae |
João-bobo |
Nystalus chacuru |
Bucconidae |
João-de-barro |
Furnarius rufus |
Furnariidae |
Maria-branca |
Xolmis cinerea |
Tyranidae |
Maria-preta |
Knipolegus lophotes |
Tyranidae |
Maritaca |
Aratinga leucophthalmus |
Psittacidae |
Papagaio |
Amazona aestiva |
Psittacidae |
Pardal |
Passer domesticus |
Ploceidae |
Pássaro-preto |
Gnorimopsar chopi |
Icteridae |
Periquito |
Brotogeris chiriri |
Psittacidae |
Pica-pau |
Campephilus melanoleucus |
Picidae |
Pintassilgo |
Carduelis magellanicus |
Fringilidae |
Pompa-do-ar |
Zenaida ariculata |
Columbidae |
Rolinha branca |
Columbina picui |
Columbidae |
Rolinha-caldo-de-feijão |
Columbina talpacoti |
Columbidae |
Fogo-apagou |
Scardafella squammata |
Columbidae |
Sabiá |
Turdus rufiventris |
Turdidae |
Saci |
Tapera naevia |
Cuculidae |
Sangue-de-boi |
Ramphocelus bresilius |
Thraupidae |
Sanhaço |
Thraupis sayaca |
Thraupidae |
Saracura |
Aranides saracura |
Rallidae |
Seriema |
Cariama cristata |
Cariamidae |
Soldadinho-da-serra |
Antilophia galeata |
Pipridae |
Tico-tico |
Zonotrichia capensis |
Fringilidae |
Tiziu |
Volatinia jacarina |
Fringilidae |
Trinca-ferro |
Saltator similis |
Fringilidae |
Tucano |
Ramphastos toco |
Ramphastidae |
Uru |
Capito aurovirens |
Capitonidae |
MASTOFAUNA |
||
Nome comum |
Nome científico |
Família |
Ariranha |
Pteronura brasiliensis |
Mustelidae |
Cachorro-do-mato |
Dusicyon thous |
Canidae |
Gambá |
Didelphis marsupialis |
Didelphidae |
Lobo-guará |
Chrysocyon brachyurus |
Canidae |
Lontra |
Lutra longicaudis |
Mustelidae |
Macaco-bugio |
Alouatta fusca fusca |
Cebidae |
Macaco-sauá |
Callicebus personatus |
Cebidae |
Mico-estrela |
Callithrix aurita |
Callitrichidae |
Rato |
Rattus rattus |
Muridae |
Tatu |
Tolypeutes tricinctus |
Dasypodidae |
HERPETOFAUNA |
||
Nome comum |
Nome científico |
Família |
Cascavel |
Crotalus durissus |
Viperidae |
Jararaca |
Bothrops itapetiningae |
Viperidae |
Para que se possa conhecer um pouco mais da candeia nativa, serão mostradas sínteses de inventários florestais de áreas florestais com diferentes estruturas, em que há predominância de candeia.
Na Tabela 18 é apresentado, somente para a candeia, o processamento das quantidades de volume, peso seco e peso de óleo, já que esta é a espécie na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal sustentado. Foi considerado no inventário um diâmetro mínimo de medição de 5 cm.
Nesta Tabela pode-se oservar que o diâmetro predominante para a candeia é até a classe cujo valor central é 32,5 cm. Pode-se observar ainda, nesta mesma tabela, que existe em torno de um indivíduo por hectare para as classes de 37,5 e de 67,5 cm, classes não contempladas por ocasião da cubagem rigorosa. Este fato pode ser considerado raro e não caracteriza adequadamente a espécie.
TABELA 18 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia para diâmetro mínimo de 5 cm.
Característica |
7,5 |
12,5 |
17,5 |
22,5 |
27,5 |
32,5 |
37,5 |
67,5 |
Total |
V |
4,55 |
5,25 |
3,50 |
0,87 |
1,61 |
1,05 |
0,42 |
3,67 |
20,92 |
VE |
10,37 |
10,45 |
5,67 |
1,76 |
2,78 |
1,95 |
0,79 |
6,82 |
40,59 |
PS |
3032,65 |
3541,91 |
2317,73 |
590,33 |
1107,90 |
749,20 |
312,30 |
2520,38 |
14172,40 |
PO |
31,20 |
39,20 |
26,24 |
7,03 |
13,75 |
9,85 |
4,31 |
34,85 |
166,43 |
G |
1,43 |
1,36 |
0,70 |
0,17 |
0,31 |
0,23 |
0,10 |
0,46 |
4,76 |
Número de árvores |
323,69 |
111,06 |
29,03 |
4,32 |
5,30 |
2,78 |
0,93 |
1,28 |
478,39 |
Volume médio/árvore |
0,014 |
0,047 |
0,121 |
0,201 |
0,304 |
0,378 |
0,452 |
2,867 |
0,044 |
Volume empilhado médio/árvore |
0,032 |
0,094 |
0,195 |
0,407 |
0,525 |
0,701 |
0,849 |
5,328 |
0,085 |
Peso seco médio/árvore |
9,369 |
31,892 |
79,839 |
136,650 |
209,038 |
269,496 |
335,806 |
1969,047 |
29,625 |
Peso de óleo médio por árvore |
0,096 |
0,353 |
0,904 |
1,627 |
2,594 |
3,543 |
4,634 |
27,227 |
0,348 |
Área basal média/árvore |
0,004 |
0,012 |
0,024 |
0,039 |
0,058 |
0,083 |
0,108 |
0,359 |
0,010 |
Onde: V - volume com casca do fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (m3/ha); VE - Volume empilhado com casca do fuste + galhos com casca ³ 3 cm total (metro “stere”/ha); PS - Peso seco com casca do fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha); PO - Peso de óleo com casca do fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha); G - área basal observada, em m2/ha.
Quanto ao peso de óleo médio por planta
existente em cada classe diamétrica, obtido a partir da Tabela 23, é evidente
que há um acréscimo contínuo em suas quantidades quanto maior a classe
diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 12,5 cm
apresentam 7,34 vezes menos óleo que aquelas com diâmetro 27,5 cm ou 10,04
vezes menos que aquelas com diâmetro de 32,5 cm. Este fato também pode ser
visualizado na Figura 29. Esse comportamento está em conformidade com as leis
biológicas e é muito útil na definição da melhor estratégia de manejo para a
candeia.
FIGURA 29 - Peso
de óleo médio por planta nas diferentes classes de diâmetro.
Entretanto, observando nesta mesma tabela o
peso de óleo por hectare (Peso de óleo médio na classe diamétrica vezes o
número de árvores na classe diamétrica) o que é ilustrado na Figura 30,
verifica-se que este decresce das menores para as maiores classes diamétricas,
já que o número de árvores por hectare, típico de uma distribuição binomial
negativa, influencia esta relação. Esta tendência fica clara se eliminada da
análise a única árvore amostrada na população com diâmetro superior a 37,5 cm.
Assim, na classe de 7,5 e de 12,5 cm, a quantidade total de óleo por hectare é
de 31,20 e 39,20 kg, vinda de 323,69 e 111,06 indivíduos de candeia, respectivamente,
enquanto, na classe de 37,5 cm, a quantidade de óleo por hectare é de 4,31 kg,
proveniente de 0,93 indivíduos/ha.
FIGURA 30 - Peso de óleo/ha (a) e número de árvores/ha (b).
Este fato mostra que as plantas de candeia a serem exploradas num sistema de manejo podem ter dimensões mínimas de até 5 cm, principalmente por que o tempo para as árvores atingirem os maiores diâmetros é demasiadamente logo. Pelo observado nesta Tabela e Figura a situação ideal é de explorar as plantas com diâmetro entre 10 e 15cm.
Na Tabela 19 é apresentado, somente para a candeia, o processamento das quantidades de volume do fuste + galhos com diâmetro com casca (voltot) ³ 3 cm, do volume do fuste, e do volume dos galhos (copa) até 3 cm de diâmetro com casca. É também apresentada a área basal e o número de moirões estimados, já que esta é a espécie na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal sustentado. Foi considerado no inventário um diâmetro mínimo de medição igual a 7 cm.
Quanto ao número de moirões médio por planta existente em cada classe diamétrica, obtido a partir da Tabela 19, é evidente que há um acréscimo contínuo em suas quantidades quanto maior a classe diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 12,5 cm apresentam 3,5 vezes menos moirões que aquelas com diâmetro 27,5 cm ou 4,6 vezes menos que aquelas com diâmetro 32,5 cm. Este fato também pode ser visualizado na Figura 31.
TABELA 19 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia, para um diâmetro mínimo de 7 cm.
Característica |
7,5 |
12,5 |
17,5 |
22,5 |
27,5 |
32,5 |
37,5 |
67,5 |
Total |
V |
1,88 |
5,25 |
3,50 |
0,87 |
1,61 |
1,05 |
0,42 |
3,66 |
18,24 |
VE |
4,30 |
10,45 |
5,67 |
1,76 |
2,78 |
1,95 |
0,79 |
6,82 |
34,52 |
Vfuste |
1,37 |
3,01 |
1,79 |
0,39 |
0,65 |
0,38 |
0,14 |
1,04 |
8,77 |
Vgalhos |
0,52 |
2,24 |
1,71 |
0,48 |
0,96 |
0,67 |
0,28 |
2,63 |
9,49 |
G |
0,55 |
1,36 |
0,70 |
0,17 |
0,31 |
0,23 |
0,10 |
0,46 |
3,88 |
Número de árvores/ha |
125,28 |
111,06 |
29,03 |
4,32 |
5,30 |
2,78 |
0,93 |
1,28 |
279,98 |
Número de moirões/ha |
110,36 |
235,86 |
153,30 |
32,27 |
51,76 |
27,09 |
9,10 |
89,30 |
709,04 |
Volume médio/moirão |
0,017 |
0,022 |
0,023 |
0,027 |
0,031 |
0,039 |
0,046 |
0,041 |
0,026 |
Volume empilhado
médio/miorão |
0,039 |
0,044 |
0,037 |
0,055 |
0,054 |
0,072 |
0,087 |
0,076 |
0,049 |
Número de árvores
médio/moirão |
1,135 |
0,471 |
0,189 |
0,134 |
0,102 |
0,103 |
0,102 |
0,014 |
0,395 |
Onde: V - volume com casca
do fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (m3/ha); VE
- Volume empilhado com casca do fuste + galhos com casca ³ 3 cm total (metro “stere”/ha); G - área
basal observada, em m2/ha.
FIGURA 31 - Número de moirões por planta nas diferentes classes de diâmetro.
Observando, entretanto o número de moirões por hectare (Número de moirões por classe diamétrica vezes o número de árvores na classe) o que pode ser visualizado na Figura 32, verifica-se que o número de moirões decresce das menores para as maiores classes diamétricas, já que o número de árvores por hectare influencia esta relação. Se eliminada a classe de 67,5 cm, esta tendência fica clara. Na primeira classe diamétrica o número de moirões sofre queda já que esta apresentou uma amplitude que englobou árvores com diâmetro entre 7 e 10 cm. Já na classe de 12,5 cm (10 - 15 cm), o número de moirões é 235,9 e decresce sistematicamente a partir desta. Este fato mostra que as plantas de candeia a serem exploradas para moirões podem ter diâmetro mínimo igual a 7 cm.
FIGURA 32 - Número de moirões (a) e número de árvores/ha (b).
a) Eremanthus erythropappus
Na Tabela 20 é apresentado, o processamento das quantidades de volume, peso seco e peso de óleo, já que esta é a espécie na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal sustentado. Foi considerado no inventário um diâmetro mínimo de medição de 5 cm.
TABELA 20 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia (Eremanthus erythropappus), para diâmetro mínimo de 5 cm.
Característica |
6 |
8 |
10 |
12 |
14 |
16 |
18 |
20 |
22 |
24 |
26 |
Total |
VT |
0,3602 |
0,4404 |
0,4265 |
0,3551 |
0,1751 |
0,1675 |
0,2257 |
0,0769 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0000 |
2,2275 |
Média do
volume/árvore |
0,0079 |
0,0154 |
0,0267 |
0,0381 |
0,0526 |
0,0838 |
0,1129 |
0,1148 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0208 |
VF |
0,2832 |
0,3073 |
0,2752 |
0,2038 |
0,0932 |
0,0847 |
0,1081 |
0,0340 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0000 |
1,3895 |
VG³3cm |
0,0770 |
0,1330 |
0,1512 |
0,1513 |
0,0819 |
0,0828 |
0,1176 |
0,0430 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0000 |
0,8380 |
%(VF/VG) |
78,62 |
69,78 |
64,53 |
57,39 |
53,23 |
50,57 |
47,90 |
44,21 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
62,38 |
PST |
355,84 |
420,45 |
386,75 |
333,89 |
165,38 |
148,62 |
197,04 |
72,68 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
2080,65 |
PSFG |
239,23 |
294,39 |
283,75 |
243,11 |
121,42 |
114,75 |
155,05 |
54,83 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
1506,53 |
PSG<3cm |
90,74 |
94,78 |
74,71 |
67,89 |
32,85 |
24,57 |
30,82 |
13,32 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
429,68 |
PSFOL |
25,87 |
31,28 |
28,28 |
22,89 |
11,11 |
9,30 |
11,18 |
4,53 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
144,44 |
POT |
2,89 |
3,64 |
3,51 |
3,17 |
1,62 |
1,51 |
2,06 |
0,77 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
19,18 |
POFG |
2,39 |
3,06 |
3,01 |
2,72 |
1,40 |
1,33 |
1,83 |
0,68 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
16,41 |
POG<3cm |
0,31 |
0,35 |
0,29 |
0,30 |
0,15 |
0,12 |
0,15 |
0,07 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
1,74 |
POFOL |
0,20 |
0,23 |
0,21 |
0,15 |
0,07 |
0,07 |
0,08 |
0,02 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
1,04 |
Média
do POT/árvore |
0,06375 |
0,12696 |
0,21938 |
0,33976 |
0,48649 |
0,75500 |
1,03000 |
1,14925 |
0,00000 |
0,00000 |
0,00000 |
0,17870 |
G |
0,1247 |
0,1380 |
0,1176 |
0,1030 |
0,0502 |
0,0415 |
0,0534 |
0,0211 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0000 |
0,6494 |
ARVNUM |
45,33 |
28,67 |
16,00 |
9,33 |
3,33 |
2,00 |
2,00 |
0,67 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
107,33 |
VT - Volume total com casca
do fuste + galhos com diâmetro ³ 3cm (m3/ha); VF -
Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (m3/ha); VG ³3cm
- Volume dos galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (m3/ha); % do
volume do fuste em relação ao volume do fuste + galhos com diâmetro com casca ³
3cm; PST - Peso seco total da árvore com casca; PSFG - Peso seco do fuste e
galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha); PSG<3cm -
Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso
seco das folhas (kg/ha); POT - Peso de óleo total da árvore (kg/ha); POFG -
Peso de óleo do do fuste e galhos com diâmetro com casca ³
3cm (kg/ha); POG<3cm - Peso de óleo dos galhos com diâmetro com casca < 3
cm (kg/ha); POFOL - Peso de óleo das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha);
ARVNUM - Número de árvores por hectare.
Quanto ao peso de óleo médio
por planta existente em cada classe diamétrica, obtido a partir da Tabela 20, é
evidente que há um acréscimo contínuo em suas quantidades quanto maior a classe
diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 8 cm
apresentam 5,95 vezes menos óleo que aquelas com diâmetro 16,0 cm ou 9,05 vezes
menos que aquelas com diâmetro de 20,0 cm. Este fato também pode ser
visualizado na Figura 33. Esse comportamento está em conformidade com as leis
biológicas e é muito útil na definição da melhor estratégia de manejo para a
candeia.
FIGURA 33 - Peso de
óleo médio por planta nas diferentes classes de diâmetro.
Entretanto, observando nesta
mesma tabela o peso de óleo por hectare (peso de óleo médio na classe
diamétrica vezes o número de árvores na classe diamétrica) o que é ilustrado na
Figura 34, verifica-se que o peso de óleo decresce das menores para as maiores
classes diamétricas, já que o número de árvores por hectare, típico de uma
distribuição binomial negativa, influencia esta relação. Assim, na classe de
8,0 e de 10,0 cm, a quantidade total de óleo por hectare é de 3,06 e 3,01 kg,
vinda de 28,67 e 16,00 indivíduos de candeia, respectivamente, enquanto, na
classe de 18,0 cm, a quantidade de óleo por hectare é de 1,891 kg, proveniente
de 2,0 indivíduos/ha, ou ainda na classe de 20 cm, a quantidade de óleo por
hectare é de 0,68 kg proveniente de 0,67 árvores/ha.
FIGURA 34 - Peso de óleo/ha (a) e número de árvores/ha (b).
b) Eremanthus incanus
Na Tabela 21 é apresentado, o processamento
das quantidades de volume total (VT) (fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm), do volume do
fuste(VF), e do volume dos galhos (VG). É também apresentado até 3 cm de
diâmetro com casca. É também apresentado o Peso seco total com casca da árvore,
o Peso seco do fuste e galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha), o PSG -
Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha) e o Peso seco das
folhas (kg/ha). É mostrada ainda a área basal e o número de moirões estimados,
já que esta é a espécie na qual se tem interesse em aplicar o manejo florestal
sustentado. Foi considerado no inventário um diâmetro mínimo de medição igual a
7 cm, para este fim.
Quanto ao número de moirões médio por
planta existente em cada classe diamétrica, obtido a partir da Tabela 21, é
evidente que há um acréscimo contínuo em suas quantidades quanto maior a classe
diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 8 cm
apresentam 3,4 vezes menos moirões que aquelas com diâmetro 16,0 cm ou 5,0
vezes menos que aquelas com diâmetro 20,0 cm. Este fato também pode ser
visualizado na Figura 35.
TABELA 21 -
Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a
candeia (Eremanthus incanus), para
diâmetro mínimo de 5 cm e diâmetro mínimo para moirões de 7 cm.
Características |
6 |
8 |
10 |
12 |
14 |
16 |
18 |
20 |
22 |
24 |
26 |
Total |
VT |
1,0792 |
1,1260 |
0,6728 |
0,5774 |
0,2905 |
0,0865 |
0,3192 |
0,2112 |
0,0000 |
0,0000 |
0,2706 |
4,6335 |
Média do
volume/árvore |
0,0065 |
0,0136 |
0,0224 |
0,0346 |
0,0484 |
0,0650 |
0,0798 |
0,1056 |
0,0000 |
0,0000 |
0,2035 |
0,0149 |
VF |
0,8174 |
0,7510 |
0,4064 |
0,3222 |
0,1506 |
0,0424 |
0,1458 |
0,0942 |
0,0000 |
0,0000 |
0,1077 |
2,8377 |
VG³3cm |
0,2618 |
0,3750 |
0,2664 |
0,2552 |
0,1399 |
0,0442 |
0,1734 |
0,1170 |
0,0000 |
0,0000 |
0,1629 |
1,7958 |
PST |
1165,43 |
1161,06 |
682,02 |
572,43 |
286,90 |
84,42 |
318,04 |
201,81 |
0,00 |
0,00 |
248,24 |
4720,34 |
PSFG |
741,12 |
776,35 |
468,17 |
403,65 |
205,07 |
61,36 |
230,17 |
150,84 |
0,00 |
0,00 |
194,01 |
3230,75 |
PSG<3cm |
364,72 |
311,27 |
168,54 |
130,11 |
62,53 |
17,42 |
67,70 |
38,22 |
0,00 |
0,00 |
40,76 |
1201,27 |
PSFOL |
59,59 |
73,44 |
45,30 |
38,67 |
19,29 |
5,65 |
20,17 |
12,75 |
0,00 |
0,00 |
13,47 |
288,33 |
G |
0,4469 |
0,4108 |
0,2310 |
0,1856 |
0,0909 |
0,0260 |
0,0987 |
0,0594 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0679 |
1,6172 |
ARVNUM |
166,67 |
82,67 |
30,00 |
16,67 |
6,00 |
1,33 |
4,00 |
2,00 |
0,00 |
0,00 |
1,33 |
310,67 |
Total
de Moirões |
0,00 |
53,31 |
28,59 |
22,71 |
10,44 |
2,92 |
9,68 |
6,48 |
0,00 |
0,00 |
7,50 |
141,63 |
Média
de moirões/ árvore |
0,00 |
0,64 |
0,95 |
1,36 |
1,74 |
2,20 |
2,42 |
3,24 |
0,00 |
0,00 |
5,64 |
- |
VT - Volume total com casca
(m3/ha)( Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ³
3cm (m3/ha); VF- Volume do fuste com casca(m3/ha); VG³3cm
- Volume dos galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm (m3/ha); PST
- Peso seco total com casca da árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com
diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha); PSG<3cm -
Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso
seco das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM - Número de
árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por hectare.
FIGURA 35 - Número de moirões por planta nas diferentes classes de diâmetro.
Observando, entretanto o número de moirões por hectare (número de moirões por classe diamétrica vezes o número de árvores na classe) o que pode ser visualizado na Figura 36, verifica-se que o número de moirões decresce das menores para as maiores classes diamétricas, já que o número de árvores por hectare influencia esta relação. Na classe de 8,0 cm (7,0 - 8,9 cm), o número de moirões é 53,31 e decresce sistematicamente a partir desta. Este fato mostra que as plantas de candeia a serem exploradas para moirões podem ter diâmetro mínimo igual a 7 cm.
FIGURA 36 - Número de moirões (a) e número de árvores/ha (b)
Na Tabela 22 é apresentado, somente para a candeia (Eremanthus erythropappus e Eremanthus incanus), o processamento das quantidades de volume total (VT) (fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm), do volume do fuste (VF), e do volume dos galhos (VG) até 3 cm de diâmetro com casca. Ë também apresentado o peso total da árvore (kg), o peso seco do fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm, o peso seco dos galhos com menos que 3 cm de diâmetro com casca, e também das folhas. Especificamente para Eremanthus erythropappus é apresentado o peso de óleo da árvore (kg), o peso de óleo do fuste + galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm, o peso de óleo dos galhos com menos que 3 cm de diâmetro, e o peso de óleo contido nas folhas. É apresentada também a área basal e para as duas espécies de candeia supra citadas o número de moirões estimados. Nos casos supra citados o diâmetro mínimo de medição das árvores foi 5 cm e o diâmetro mínimo de uso das plantas para moirões foi 7 cm.
TABELA 22 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia.
Característica |
6 |
8 |
10 |
12 |
14 |
16 |
18 |
20 |
22 |
24 |
26 |
Total |
VT |
1,4394 |
1,5663 |
1,0993 |
0,9326 |
0,4657 |
0,2540 |
0,5449 |
0,2881 |
0,0000 |
0,0000 |
0,2706 |
6,8610 |
VF |
1,1006 |
1,0583 |
0,6817 |
0,5260 |
0,2439 |
0,1270 |
0,2539 |
0,1282 |
0,0000 |
0,0000 |
0,1077 |
4,2272 |
VG³3cm |
0,3388 |
0,5080 |
0,4176 |
0,4066 |
0,2218 |
0,1270 |
0,2911 |
0,1600 |
0,0000 |
0,0000 |
0,1629 |
2,6338 |
PST |
1521,27 |
1581,50 |
1068,77 |
906,32 |
452,28 |
233,04 |
515,08 |
274,48 |
0,00 |
0,00 |
248,24 |
6800,99 |
PSFG |
980,35 |
1070,74 |
751,93 |
646,77 |
326,49 |
176,11 |
385,22 |
205,67 |
0,00 |
0,00 |
194,01 |
4737,28 |
PSG<3cm |
455,46 |
406,05 |
243,25 |
198,00 |
95,38 |
41,99 |
98,51 |
51,54 |
0,00 |
0,00 |
40,76 |
1630,95 |
PSFOL |
85,46 |
104,71 |
73,58 |
61,56 |
30,41 |
14,94 |
31,35 |
17,28 |
0,00 |
0,00 |
13,47 |
432,76 |
POT |
2,89 |
3,64 |
3,51 |
3,17 |
1,62 |
1,51 |
2,06 |
0,77 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
19,18 |
POFG |
1,88 |
3,06 |
3,01 |
2,72 |
1,40 |
1,33 |
1,83 |
0,68 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
16,41 |
POF |
0,51 |
2.13 |
1.94 |
1.56 |
0.75 |
0.68 |
0.88 |
0.30 |
0.00 |
0.00 |
0.00 |
10,63 |
POG³3cm |
2.39 |
0.93 |
1.07 |
1.16 |
0.66 |
0.65 |
0.95 |
0.38 |
0.00 |
0.00 |
0.00 |
8,19 |
POG<3cm |
0,31 |
0,35 |
0,29 |
0,30 |
0,15 |
0,12 |
0,15 |
0,07 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
1,74 |
POFOL |
0,20 |
0,23 |
0,21 |
0,15 |
0,07 |
0,07 |
0,08 |
0,02 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
1,04 |
G |
0,5716 |
0,5487 |
0,3487 |
0,2885 |
0,1411 |
0,0675 |
0,1521 |
0,0804 |
0,0000 |
0,0000 |
0,0679 |
2,2666 |
ARVNUM |
212,00 |
111,33 |
46,00 |
26,00 |
9,33 |
3,33 |
6,00 |
2,67 |
0,00 |
0,00 |
1,33 |
418,00* |
Moirões
para E. incanus |
0,00 |
53,31 |
28,59 |
22,71 |
10,44 |
2,92 |
9,68 |
6,48 |
0,00 |
0,00 |
7,50 |
141,63 |
Média
de moirões /arvore |
0,00 |
0,48 |
0,62 |
0,87 |
1,12 |
0,88 |
1,61 |
2,43 |
0,00 |
0,00 |
5,64 |
0,34 |
Moirões
para E.erythropappus |
0,00 |
23,91 |
22,14 |
15,35 |
6,85 |
6,51 |
8,33 |
2,36 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
85,45 |
Média
de moirões /árvore |
0,00 |
0,21 |
0,48 |
0,59 |
0,73 |
1,95 |
1,39 |
0,88 |
0,00 |
0,00 |
0,00 |
0,20 |
Total
de Moirões |
0,00 |
77,23 |
50,73 |
38,07 |
17,30 |
9,43 |
18,01 |
8,84 |
0,00 |
0,00 |
7,50 |
227,09 |
Média
de moirões /árvore |
0,00 |
0,69 |
1,10 |
1,46 |
1,85 |
2,83 |
3,00 |
3,31 |
0,00 |
0,00 |
5,64 |
0,54 |
* A diferença do número de
árvores desta tabela e demais tabelas para a Tabela 2 (análise estrutural) é
que aqui cada fuste foi considerado um ndivíduo e lá as bifurcações ou
trifurcações compuseram um único indivíduo através da fórmula
.
VT - Volume total com casca
(m3/ha)(VT)( Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ³
3cm); VF – volume do fuste (m3//ha) VG - Volume dos galhos com
diâmetro com casca ³ 3 cm (m3/ha); PST
- Peso seco total com casca da árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com
diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha); PSG<3cm -
Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); PSFOL - Peso
seco das folhas (kg/ha); POT - Peso de óleo total da árvore(kg/ha); POFG - Peso
de óleo do do fuste e galhos com diâmetro com casca ³
3cm (kg/ha); POF - Peso de óleo do fuste(kg/ha); POG>3cm peso de óleo dos
galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha); POG<3cm -
Peso de óleo dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha); POFOL - Peso
de óleo das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM - Número
de árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por hectare.
Na Tabela 23 é apresentado,
somente para a candeia (Eremanthus
incanus), o processamento das quantidades de volume total (VT) (fuste +
galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm), do volume do fuste (VF), e do volume dos galhos
(VG). É também apresentado até 3 cm de diâmetro com casca. É também apresentado
o peso seco total com casca da árvore, o peso seco do fuste e galhos com
diâmetro com casca ³
3cm (kg/ha), o PSG - peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm
(kg/ha) e o peso seco das folhas (kg/ha). É mostrada ainda a área basal e o
número de moirões estimados, já que esta é a espécie na qual se tem interesse
em aplicar o manejo florestal sustentado. Foi considerado no inventário um
diâmetro mínimo de medição igual a 7 cm, para este fim.
Quanto ao número de moirões médio
por planta existente em cada classe diamétrica, obtido a partir da Tabela 23, é
evidente que há um acréscimo contínuo em suas quantidades quanto maior a classe
diamétrica. Por exemplo, plantas com diâmetro cujo valor central é 8 cm
apresentam 1,36 vezes menos moirões que aquelas com diâmetro 10,0 cm ou 3,27
vezes menos que aquelas com diâmetro 16,0 cm. Este fato também pode ser
visualizado na Figura 37.
TABELA 23 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para Eremanthus incanus, para diâmetro mínimo de 5 cm e diâmetro mínimo para moirões de 7 cm.
Característica |
6 |
8 |
10 |
12 |
14 |
16 |
Total |
VT |
6,1809 |
2,0083 |
0,5817 |
0,4142 |
0,0000 |
0,1041 |
9,2891 |
Média de volume/árvore |
0,0072 |
0,0135 |
0,0216 |
0,0336 |
0,0000 |
0,0676 |
0,0089 |
VFG |
4,8203 |
1,3895 |
0,3556 |
0,2307 |
0,0000 |
0,0503 |
6,8464 |
VG ³ 3 cm |
1,3606 |
0,6188 |
0,2261 |
0,1835 |
0,0000 |
0,0537 |
2,4427 |
PST |
6302,69 |
2001,03 |
588,38 |
413,87 |
0,00 |
101,93 |
9407,90 |
Média de peso/árvore |
7,3815 |
13,4090 |
21,8566 |
33,6206 |
0,0000 |
66,1883 |
9,0127 |
PSFG |
4150,77 |
1362,56 |
403,73 |
290,28 |
0,00 |
74,00 |
6281,34 |
PSG<3cm |
1738,09 |
499,40 |
146,21 |
96,34 |
0,00 |
21,58 |
2501,62 |
PSFOL |
413,83 |
139,07 |
38,43 |
27,25 |
0,00 |
6,36 |
624,95 |
G |
2,285 |
0,687 |
0,200 |
0,136 |
0,000 |
0,032 |
3,339 |
ARVNUM |
853,85 |
149,23 |
26,92 |
12,31 |
0,00 |
1,54 |
1043,85 |
Total de Moirões |
0,00 |
103,25 |
25,24 |
16,15 |
0,00 |
3,48 |
148,12 |
Média de moirões/árvore |
- |
0,69 |
0,94 |
1,31 |
- |
2,26 |
- |
VT - Volume
total com casca (m3/ha)( Volume do fuste e galhos com diâmetro com
casca ³ 3cm (m3/ha);
VF- Volume do fuste com casca(m3/ha); VG³3cm - Volume dos
galhos com diâmetro com casca ³ 3 cm (m3/ha);
PST - Peso seco total com casca da árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos
com diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha);
PSG<3cm - Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha);
PSFOL - Peso seco das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM
- Número de árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por
hectare.
FIGURA 37 -
Número de moirões por planta nas diferentes classes de diâmetro.
Observando, entretanto o número de
moirões por hectare (número de moirões por classe diamétrica vezes o número de
árvores na classe) o que pode ser visualizado na Figura 38, verifica-se que
este decresce das menores para as maiores classes diamétricas, já que o número
de árvores por hectare influencia esta relação. Na classe de 8,0 cm (7,0 - 8,9
cm), o número de moirões é 103,25 e decresce sistematicamente a partir desta.
Este fato mostra que as plantas de candeia a serem exploradas para moirões
podem ter diâmetro mínimo igual a 7 cm.
FIGURA 38 - Número de moirões (a) e número de
árvores/ha (b).
Na Tabela 24 são mostrados os acréscimos insignificantes no volume, peso seco, área basal, número de árvores e número de moirões por ser agregada ao processamento a candeia (Eremanthus eythropappus).
TABELA 24 - Resultado do inventário por classe diamétrica e por unidade de área para a candeia para diâmetro mínimo de 5 cm e diâmetro mínimo para moirões de 7 cm.
Característica |
6 |
8 |
10 |
12 |
14 |
16 |
Total |
VT |
6,2035 |
2,0333 |
0,6101 |
0,4142 |
0,0302 |
0,1041 |
9,3953 |
VFG |
4,8372 |
1,4059 |
0,3720 |
0,2307 |
0,0153 |
0,0503 |
6,9115 |
VG³3cm |
1,3663 |
0,6273 |
0,2381 |
0,1835 |
0,0149 |
0,0537 |
2,4838 |
PST |
6328,37 |
2026,06 |
620,10 |
413,87 |
32,23 |
101,93 |
9522,57 |
PSFG |
4166,57 |
1379,65 |
424,26 |
290,28 |
21,92 |
74,00 |
6356,67 |
PSG<3cm |
1747,69 |
505,56 |
155,91 |
96,34 |
8,39 |
21,58 |
2535,47 |
PSFOL |
414,11 |
140,86 |
39,93 |
27,25 |
1,92 |
6,36 |
630,42 |
G |
2,2957 |
0,6957 |
0,2115 |
0,1355 |
0,0111 |
0,0316 |
3,3811 |
ARVNUM |
857,69 |
150,77 |
28,46 |
12,31 |
0,77 |
1,54 |
1051,54* |
Total de Moirões |
0,00 |
104,44 |
26,27 |
16,15 |
0,97 |
3,48 |
151,31 |
Média de moirões/árvore |
- |
0,69 |
0,92 |
1,31 |
1,26 |
2,25 |
- |
VT - Volume total com casca (m3/ha)(
Volume do fuste e galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (m3/ha); VF- Volume do
fuste com casca(m3/ha); VG³3cm - Volume dos galhos com diâmetro com
casca ³ 3 cm (m3/ha); PST - Peso seco total com casca da
árvore; PSFG - Peso seco do fuste e galhos com diâmetro com casca ³ 3cm (kg/ha);
PSG<3cm - Peso seco dos galhos com diâmetro com casca < 3 cm (kg/ha);
PSFOL - Peso seco das folhas (kg/ha); G - Área basal (m2/ha); ARVNUM
- Número de árvores por hectare; Total de Moirões - Número de moirões por
hectare.
Os
sistemas silviculturas são um conjunto de intervenções do homem na floresta,
tais como, desbastes de árvores, a remoção e a substituição por novas culturas,
de modo a aumentar sua produtividade. Um sistema silvicultural é caracterizado
pelo método de regeneração utilizado, e pelo arranjo no espaço da cultura em
questão, de modo a facilitar sua proteção e colheita. Para que a pratica de
manejo florestal sustentado tenha êxito é necessário o conhecimento teórico
destes sistemas.
Especificamente para
a candeia, espécie pioneira e cujo aproveitamento para fins comerciais deve ser
restrito à áreas homogêneas com a espécie ou nas bordas das matas, o conjunto
de métodos silviculturais que mais se aproximam ao manejo desejável para esta
espécie são aqueles baseados no Método de Transformação por Via da Sucessão
Dirigida. Será então apresentada uma síntese de alguns métodos que compõem o
espectro dos métodos de transformação por via da sucessão dirigida para que o
manejador possa fazer o julgamento de qual deles será o mais viável para
viabilizar o manejo da candeia.
Em certas condições o
sistema de corte raso pode ser seguido por uma bem sucedida regeneração
natural. A regeneração natural pode ser obtida por meio do banco de sementes ou
mudas, já existente na área ou por meio da dispersão das sementes, das árvores
adjacentes e/ou circunvizinhas, através do vento, água ou por animais silvestres.
Este sistema é bastante
simples de ser praticado e a cobertura vegetal do solo é reestabelecida com
rapidez e de forma mais segura, visto que as novas mudas estão mais aptas
morfologicamente às condições do sítio (fatores bióticos e abióticos). Uma
outra importante característica deste sistema é redução (quase zero) das
despesas necessárias com a implantação da regeneração.
Uma importante
observação a ser seguida quando optar por este sistema, é o fato de que a
derrubada (corte raso) deverá ser feita após a dispersão das sementes da(s)
espécie(s) de interesse, para que haja redução dos danos à regeneração devido a
exploração (quebra das mudas).
·
Aplicação:
O caso mais conhecido de
corte raso seguido de regeneração natural, a partir do banco de sementes
existente, é o caso particular da floresta de Pinus pinaster localizada
no Sudoeste da França.
Um dos mais notáveis
exemplos de regeneração natural, em áreas submetidas a corte raso, a partir do
estoque de semente no solo foi descrito para a espécie de Tectona grandis no
Sudeste da Índia.
Com relação a regeneração
natural a partir da disseminação das sementes de áreas circunvizinhas e/ou
adjacentes, a forma mais comum é através do vento (dispersão eólica) sendo
menos comum pela água e por animais silvestres. No entanto, este último agente
é bastante importante nas florestas tropicais úmidas principalmente em se
tratando de grandes distâncias de dispersão e sementes pesadas.
Na região da Costa do
Pacífico, na América do Norte, espécies como: Pseudotsuga menziesii, Tsuga
heterophylla, Thuja plicata e Abies grandis regeneram
frequentemente após o corte raso, principalmente se os rejeitos forem queimados
após a exploração.
Na Europa o corte raso
com regeneração natural a partir de florestas adjacentes ou circunvizinha tem
sido sistematizado principalmente de Pinus silvestris, embora ele também
tenha sido aplicado para outras coníferas inclusive Pinus nigra var nigra.
Algumas variações do
sistema de corte raso com regeneração natural podem ser encontrados na literatura.
Estas são apenas uma pequena modificação do sistema original, visando uma
melhor adaptação do sistema às condições locais, tais como: sistema de corte
raso em blocos (Região da Costa do Pacífico na América do Norte); sistema de
corte raso em faixas (Europa); sistema de corte raso progressivo (Alemanha);
sistema de corte raso em faixas alternadas (França e Canadá).
Na sua forma mais
primitiva o sistema de corte seletivo se baseava na remoção de todas as árvores
que alcançassem um certo diâmetro mínimo pré-estabelecido de acordo com o
objetivo e destino da madeira explorada, deixando apenas as árvores de menor
tamanho, algumas poucas árvores porta-sementes, a fim de garantir a regeneração
na área, e as árvores sem interesse comercial.
Tal prática, é uma mera
exploração, não constituindo-se em um sistema silvicultural e não faz parte do
espectro de práticas que caracterizam o manejo florestal. O corte seletivo como
descrito no parágrafo anterior é uma prática mecânica propiciando a degradação
da floresta. Para que o corte seletivo seja considerado um sistema
silvicultural, é necessário que haja compromisso com a produção sustentada, com
retiradas periódicas em cada talhão ou compartimento nas várias classes de
idade, de maneira a manter proporções corretas de plantas nas classes
diamétricas sucessivas, ou seja, adotar o conceito de floresta balanceada;
compreender a estrutura da floresta, respeitar a diversidade florística ou a
biodiversidade; efetuar tratamentos que privilegiem a regeneração das espécies
de interesse, eliminando-se a concorréncia com as plantas invasoras. Deve-se
eliminar ainda as plantas doentes, sem vigor e que de certa forma diminuem a
potencialidade da floresta. Por último, deve-se adotar um sistema de corte e
colheita que impactem o mínimo a floresta remanescente.
Desta forma pode-se
concluir que o sistema de corte seletivo quando aplicado corretamente,
respeitando as leis ecológicas impostas pela natureza, é inegavelmente uma
prática de melhoramento da floresta. Aumenta a proporção das espécies de
interesse na área, através do processo de regeneração dirigida, conduzindo-as
para uma produção sustentável e ecologicamente viável.
Atualmente este método
caracteriza-se por selecionar plantas de modo que haja uma série contínua de
classes de idade e um contínuo recrutamento, advindo da regeneração natural. A
idéia é abastecer o estoque de crescimento, de maneira que a razão entre o
número de árvores remanescente nas classes de diâmetro seja constante. Este fato
indica que a floresta é balanceada e pode ser representada pela distribuição
exponencial negativa.
A seleção de árvores na
floresta toda só é possível em áreas pequenas. Em grandes áreas florestais
faz-se necessário a divisão desta em vários blocos ou compartimentos, para
operacionalizar a remoção das árvores selecionadas, isoladas ou em pequenos
grupos. Esses compartimentos são explorados um a cada ano, estabelecendo assim
o ciclo de corte que será igual ao número de compartimentos. O ciclo de corte é
estabelecido de acordo com as características particulares da floresta,
principalmente utilizando-se informações do incremento periódico em diâmetro
das árvores.
Deve-se tomar um cuidado
muito especial no estabelecimento do ciclo de corte. Se este é muito curto,
envolvendo grandes áreas, há o risco de ocorrer uma rápida degradação da
floresta o que é indesejável para qualquer plano de manejo florestal visando a
sustentabilidade, se for longo elimina a possibilidade da prática de manejo
florestal ser economicamente viável.
Em sítios onde as
condições são favoráveis a regeneração natural deve ser conduzida, nas
clareiras formadas durante o processo de exploração. Caso contrário, serão
introduzidas novas plantas na área através da regeneração artificial.
Na Tabela 25 são
listadas algumas das principais atividades envolvidas do sistema de corte
seletivo. A implementação destas deve ser de acordo com as características
particulares de cada área de interesse.
TABELA 25 - Sequência das principais atividades silviculturais
envolvidas no sistema de corte seletivo.
Atividades
|
Período |
1 - Inventário detalhado, visando
obter informações sobre a viabilidade do sistema (qualidade e quantidade do
estoque comercial e da regeneração) e delimitar as unidades de exploração (3
a 20 ha) e as vias de acesso |
(n - 2) |
2 - Marcar e mapear as árvores
selecionadas, a partir de um DAP mínimo pré-estabelecido, anelamento ou
envenenamento das árvores sem interesse (com grandes copas) e remoção dos
cipós |
(n - 1) |
3 - Exploração das árvores
marcadas e derrubada das árvores aneladas ou envenenamentos |
n |
4 - Reparo dos danos causados
pela exploração e se necessário efetuar a regeneração artificial |
(n + 1) |
5 - Condução e acompanhamento
(inventário) do crescimento da regeneração |
n + 1 + i |
a = ano da exploração comercial
n = idade da rotação ou ciclo de corte
·
Aplicação
O corte seletivo é
difundido e utilizado nas florestas do mundo todo, principalmente nas florestas
tropicais úmidas onde há um amplo diverso estoque de madeiras comercializáveis
e o crescimento destas, de certa forma, ocorre rapidamente. De acordo com a
região e o tipo de floresta onde ele é aplicado algumas modificações são
implementadas para ajustá-lo as características locais.
Por exemplo: nas
Florestas das Filipinas o sistema de seleção é empregado para favorecer as
espécies da família Dipterocarpaceae, e o número de árvores a serem
exploradas, obedece o cálculo da distribuição balanceada das classes
diamétricas (20-70 de DAP), em cada unidade de área pré-delimitada para a
exploração. Normalmente deixa-se na área aproximadamente 60% das árvores do
grupo das espécies de interesse comercial e o ciclo de corte varia entre 30 e
40 anos.
Na Malásia o sistema de
corte seletivo foi considerado como sendo o sistema ideal para as florestas
tropicais pluviais ali existentes. No entanto, algumas observações são
recomendadas para garantir a sustentabilidade econômica e ecológica destas
florestas. Sendo este também conhecido como método do limite de circunferência
desenvolvido no estado de Sarawak.
Em Porto Rico o sistema
de corte seletivo é considerado como o satisfatório para as florestas pluviais
das montanhas de Luqüillo. Neste caso particular, os objetivos do uso deste
sistema é a formação de maciços florestais, com uma área basal de
aproximadamente 18 m2/ha, para um DAP mínimo de 50 cm, com um ciclo
de corte entre 5 a 10 anos dependendo da qualidade do sítio, visando
fundamentalmente proporcionar uma distribuição balanceada dos indivíduos
remanescentes em todas as classes de diâmetro na floresta.
No Norte de Queensland o
sistema é aplicado nas florestas tropicais úmidas de Atherton, classificada
como “Florestas Pluviais Submontanas”. Nesta região o ciclo de corte varia
entre 15 a 20 anos, e as espécies mais enfatizadas pelo sistema são: Flindensia
braylexana e Cenatopetalum apetalurn, alcançando uma produção média
de m3/ha em condições de clima e sítio favorável.
Vários outros exemplos
de uso deste sistema são encontrados na literatura tanto para as florestas
tropicais e sub-tropicais como também para as florestas equatoriais. No Brasil
, infelizmente, a versão original deste procedimento e não a versão moderna, é
utilizada em muitas áreas de vegetação nativa, seja em cerrado, seja nas
florestas tropicais úmidas da Amazônia. A definição da prática de manejo
baseada no sistema silvicultural de corte seletivo, deve fortalecer a ação dos
organismos público do pais, no sentido de cobrar que os empreendedores do setor
florestal pratiquem o verdadeiro manejo florestal.
Vantagens: Por manter uma
constante cobertura floresta no solo há uma redução dos danos causados pela
erosão tais como, deslizamento de terra em áreas inclinadas e perda de
nutrientes por escorrimento superficial das águas da chuva; reduz a
possibilidade de danos causados por ventos e geadas; boa flexibilidade do
sistema, adaptando-se a qualquer área; respeita a capacidade suporte de
produção de sítio; possibilita a promoção do desenvolvimento das árvores com
maior crescimento e com forma florestal comercializável; e proporciona a
manutenção da aparência estética da floresta além de manter a fauna silvestre
no local.
Desvantagens: Exige uma
intensiva intervenção silvicultural; a operação de derrubada e extração é cara
e exige perícia do operador; o sistema necessita de um bom estoque de
regeneração das espécies de interesse; o sistema é de difícil supervisão e
acompanhamento de regeneração e; durante a operação de derrubada e extração os
danos aos indivíduos remanescentes é elevado podendo às vezes atingir
proporções de 1:1 ou 1:2, ou seja, para cada m3 explorado 1 ou 2 m3
são danificados.
A forma típica do
sistema de corte seletivo, na qual árvores isoladas são exploradas, é mais
indicado para se trabalhar com espécies que desenvolvem e reproduzem na sombra,
o que reduz a possibilidade de ser rapidamente suprimida pelas espécies de
rápido crescimento (exigentes de luz), geralmente sem interesse econômico.
O sistema de corte
seletivo aplicado em espécies que sejam exigentes de luz, baseia-se na remoção
de um pequeno grupo de árvores na operação de exploração e derrubada. Desta
forma, pequenas clareiras são formadas para que haja boa incidência de luz
solar e estas sejam distribuídas por toda a área. O propósito é garantir que a
regeneração natural das espécies de interesse ocorram de forma satisfatória.
Portanto, o sistema de
seleção de grupo consiste apenas em uma pequena variação do sistema de corte
seletivo. As demais operações envolvidas neste sistema são semelhantes ao do
sistema anterior, assim como as suas vantagens e desvantagens.
17.4 Sistema de floresta de cobertura (shelterwood system)
Este sistema teve a sua
origem na Europa, com predominância nas florestas de Quercus sp e Fagus
sp.
O sistema de floresta de
cobertura é compreendido pela associação do sistema de corte sucessivos da
regeneração e o sistema de seleção ou corte seletivo. Constitui-se,
basicamente, na abertura do dossel através da remoção ou eliminação das
árvores, arbustos e cipós existentes na floresta original.
Posteriormente, a esta
etapa de preparação da floresta, são introduzidas as práticas de condução da
regeneração das espécies de interesse, sob um dossel composto pelas espécies de
interesse econômico.
Os principais passos a
serem seguidos neste sistema são resumidos na Tabela 26.
TABELA 26 - Seqüência das principais atividades envolvidas no
sistema de floresta de cobertura.
Atividades |
Período |
1 - Inventário detalhado (regeneração e
estoque) |
a-2 |
2 - Eliminação dos cipós e indivíduos indesejados
(todos os estratos |
a-1 |
3 - Exploração das árvores de interesse
(adultas/maduras) |
a |
4 - Condução da regeneração das
espécies de interesse (tratos silviculturais) |
a+ n |
a = ano da
exploração comercial e; n = período do ciclo de corte.
Vantagens: Proporciona uma
maior proteção do solo contra erosão (escoamento superficial), menor risco de
pragas e doenças, obtenção de um produto final mais homogêneo; redução da competição
entre as espécies comerciais através do corte de melhoramento, e substituição
gradual da floresta pelas espécies desejáveis.
Desvantagens: Demanda um
maior tempo (inicial) para obtenção retorno financeiro; o controle da
regeneração é difícil, assim como a execução dos cortes de exploração; e as
atividades não são concentradas um único período, resultando em um maior custo
operacional.
·
Variações
do sistema:
A seguir serão
descritos, sucintamente, as cinco classificações do sistema de floresta de cobertura
(Shelterwood system): sistema uniforme, em grupos, sistema irregular, sistema
em faixa e sistema tropical.
O sistema uniforme
implica basicamente na abertura uniforme do dossel superior da floresta com o
propósito de favorecer a regeneração (natural ou artificial).
Durante o estádio de
desenvolvimento e crescimento da regeneração de interesse, até que esta atinja
o estádio final, o sistema é dividido em duas etapas:
1. Fase de Preparação ou Condução: nesta etapa a
regeneração, em sua fase inicial, está sujeita à atividades de limpeza (capina,
desbastes. etc.). estendendo-se até o estabelecimento propriamente dito da
regeneração.
2. Fase de Regeneração: inicia-se com o favorecimento
das espécies de interesse, através de cortes das espécies indesejáveis, visando
proporcionar condições para que as mudas se estabeleçam e desenvolvam.
Terminando com o corte final da “nova” floresta.
Os cortes de regeneração
podem ser subdivididos em três fases distintas:
·
Corte de
semeadura: o objetivo principal desta operação não é estimular a produção de
sementes, mas sim promover uma maior e melhor dispersão das sementes por toda a
floresta. Favorecendo assim a germinação, o estabelecimento das mudas, além de
propiciar uma maior infiltração de luz, a qual é de fundamental importância
para que as mudas sobrevivam e desenvolvam-se;
·
Corte
secundário: o objetivo desta operação é a remoção do sub-bosque, do dossel
superior, os quais são concorrentes por água, luz e nutrientes com as espécies
de interesse. A periodicidade e a intensidade do corte secundário vai depender
das características particulares da área (qualidade do sítio espécies
envolvidas (exigência de luz e tolerância a competição);
·
Corte final:
nesta operação são removidas todas as árvores de interesse, respeitando um
diâmetro mínimo pré-estabelecido. Após o corte final, as áreas de clareiras
formadas pela extração devem ser recuperadas através da regeneração dirigida ou
artificial).
No sistema uniforme
com regeneração natural, também chamado de desbaste de transformação ou
homogeneização via desbaste é possível em alguns casos, entre as fases dos 3
estádios descritos, proceder um ou mais desbastes afim de favorecer o
desenvolvimento das árvores de interesse.
O sistema uniforme com
regeneração artificial é recomendado quando a regeneração natural não for
suficiente; para introduzir uma nova espécie de interesse ou então para
aumentar a proporção de uma determinada espécie já existente na área. A
introdução das novas espécies poderá ser via semeadura direta ou plantio de
mudas, sendo este último mais eficiente, porém mais oneroso.
A seqüência das
atividades envolvidas neste sistema são ilustradas na Tabela 28. Utilizou-se
para tal as atividades do sistema Malaio Uniforme que constitui-se no exemplo
clássico do sistema uniforme de floresta de cobertura (Lamprecht, 1990).
TABELA 28 - Seqüência das principais
atividades envolvidas no sistema uniforme.
Atividades |
Período |
·
Inventário
detalhado da regeneração natural e do estoque. Se o estoque de regeneração
for satisfatório (40% das espécies comercializadas estiverem regenerando e
20% atingiram o estádio de exploração) é feito a exploração caso contrário
espera-se até atingir tal exigência. |
a-2 |
·
Exploração
do estoque comercial (DAP ³ 40 cm) e envenenamento ou anelamento das
árvores indesejadas (DAP ³ 5 cm) |
a |
·
Tratos
silviculturais do povoamento para promover o desenvolvimento da regeneração |
a + 2 |
·
Acompanhamento
de desenvolvimento dos remanescentes através do uso de amostragem |
a + 5 e a + 10 |
·
Rotação do
povoamento “domesticado” (DAP ³ 60 cm) |
a + 70 |
a = ano
da exploração comercial.
As atividades neste sistema
são semelhantes ao do sistema de floresta de cobertura original, com algumas
vantagens quando comparada com os demais tipos de sistema de cobertura.
Vantagens: as operações de
corte são mais simples de serem conduzidas e são produzidos estratos com
regenerações de diferentes idades, assemelhando-se a estrutura da floresta
nativa, porém com ênfase nas espécies com boa forma florestal e de interesse
comercial.
Desvantagens: maior dano
ao estrato inferior em desenvolvimento durante a exploração; as árvores
porta-sementes mantidas isoladas, são mais susceptíveis a danos pela ação do
vento, entre outras.
Geralmente, quando o
clima, as condições de regeneração e o crescimento das mudas são favoráveis, o
sistema uniforme torna-se mais viável. Porém quando o clima e as condições de
solo não são favoráveis o sistema uniforme não é bem sucedido.
·
Aplicação
Na França o sistema de
floresta de cobertura é regenerar 90% das florestas de Quercus sp e Facus
sp.
Na Alemanha hoje em dia
o sistema é pouco usado, ele é aplicado nos povoamentos de Facus sp. Na
Dinamarca e nos países escandinavos ele é usado para regenerar os povoamentos
de Pinus silvestris, principalmente na Finlândia.
O sistema uniforme com
árvores porta-sementes é usado na Índia e Paquistão (Pinus roxburghii),
no sudoeste dos Estados Unidos Pinus echinata e Pinus elliotti)
e no noroeste do Himalaia (Pinus roxburghii).
A diferença entre este
sistema e o sistema uniforme está no fato de que o sistema de regeneração por
grupo, favorece a regeneração de grupos de indivíduos de interesse econômico
(mesma espécie ou não).
A estratégia para
promover esta regeneração é a partir das clareiras naturais. Se estas não
existirem em número suficientes, então serão abertas clareiras, de pequeno
porte, distribuídas por toda a área da floresta (clareiras artificiais).
O tamanho e a forma das
clareiras artificiais depende das condições locais (tipo de solo, topografia,
relevo) e as características da(s) espécie(s) de interesse (exigência de luz,
resistência a competição, desgalhamento). Normalmente as clareiras devem
possuir entre 18-23 m de diâmetro. Clareiras maiores propiciam ocorrência de
espécies pioneiras, sem interesse comercial.
Nestas áreas abertas são
conduzidos os cortes de regeneração (semeadura), corte secundário e o corte
final, de forma semelhante ao sistema uniforme de floresta de cobertura.
O sistema é implantado
de maneira semelhante ao sistema uniforme, porém favorecendo não apenas
indivíduos isolados de forma uniforme, mas sim grupos de indivíduos de
interesse comercial com crescimento promissor.
As vantagens e
desvantagens gerais do sistema de floresta de cobertura, também podem ser
aplicadas à este sistema, porém o sistema em grupo apresenta ainda as seguintes
particularidades.
Vantagens: por favorecer
grupos de espécies com alto crescimento e desenvolvimento, o sistema torna-se
mais eficiente em florestas onde a produção de sementes não é freqüente e
vigorosa; a regeneração desenvolve-se mais naturalmente, explorando melhor a
capacidade do sítio e a potencialidade da(s) espécie(s); há melhor controle da
heterogeneidade de espécies em regeneração pela introdução de novas espécies ou
por mecanismos de regulação da regeneração natural; há maior controle das
clareiras, quanto ao tamanho e forma.
Desvantagens: Propicia
condições a ocorrência de danos causados pelo vento, principalmente nas bordas
das clareiras; devido ao grande número de pontos de regeneração, o controle é
mais difícil e oneroso; a regeneração remanescente sofre maior dano devido a
maior exposição direta ao sol e compactação do solo, provocados pelo grande
número de intervenções.
Este sistema pode ser
definido como um sistema de sucessivos cortes de regeneração, com um longo e
indefinido período de regeneração (± 50 anos), variando de acordo com as
características particulares do local e da(s) espécie(s) envolvida(s),
produzindo colheitas dos indivíduos, ainda jovens, em diferentes estádios de
regeneração.
O sistema irregular de
floresta de cobertura é baseado nas características individuais da floresta e
da região onde ele é implementa
O objetivo principal
desse sistema é a qualidade e quantidade de madeira produzida no campo, respeitando
a capacidade de suporte do sítio.
Embora possa fazer uso
de espécies exóticas, este método é preferencialmente aplicado às espécies
nativas da região.
Um importante fator de
melhoramento aplicado ao crescimento do estoque de madeira é realizado através
da seleção ou eliminação das árvores com crescimento lento. Assim, a qualidade
da madeira produzida no final do ciclo de corte será mais elevada. Para estes
fins, são aplicado as operações de capina, limpeza, refinamentos, corte de
regeneração (semeadura), desbaste, corte de melhoramento entre outras
atividades. Sendo estas, aplicadas como um contínuo processo de seleção e
melhoramento da floresta.
O sistema assemelha-se
ao procedimento adotado no sistema de regeneração por grupo, com algumas diferenças
particulares: as áreas destinadas à regeneração dirigida são abertas em linhas
paralelas e espaçadas a partir de 20-30 m; a abertura das áreas é obtida
através da remoção das árvores com tronco danificados, doentes e com copas
grandes, aumentando assim a proporção de árvores com melhor forma; e as
operações de desbaste seletivo, devem ser efetuadas em toda a floresta, em
todas as classes de altura e distribuídas em intervalos de tempo regulares.
Vantagens: o sistema
apresenta flexibilidade o que possibilita uma boa prática de manejo da
floresta, considerando-se as características particulares para cada sítio; o
incremento em volume das espécies que propiciam madeira de valor comercial é
assegurado através das condições criadas para o desenvolvimento e crescimento
das melhores árvores; e a floresta apresenta uma maior variabilidade de
atrativos e aparência para a fauna local.
Desvantagens: requer
grande intensidade de operações silviculturais e estas operações exigem grande
número de mão de obra, consequentemente onera os custos do sistema; necessita
de um tempo inicial (carência) para obtenção dos primeiros retornos
financeiros; o sistema tende a favorecer a abertura de clareira proporcionando
assim o crescimento de espécies secundárias exigentes de luz (sem interesse
econômico), causando competição com as espécies de interesse.
·
Aplicação:
O sistema irregular
de floresta de cobertura é bastante utilizado nas florestas da Alemanha e
Áustria, com algumas variações em relação ao sistema original.
Embora seja um sistema
silvicultural recente ele tem sido bem desenvolvido e tem superado os outros
sistemas, exceto o sistema de seleção. Na região Norte da Alemanha, este
sistema é usado associando as espécies Fagus sp e Abies alba.
Na Inglaterra o sistema também tem sido utilizado com algum sucesso.
Este sistema difere em
poucos detalhes dos outros sistema, tendo em comum a característica de deixar o
estrato superior visando a proteção natural do solo. Neste caso, a regeneração
dirigida é conduzida em estreitas faixas abertas na floresta.
O sistema em faixa pode
ser dividido em 5 formas diferentes:
·
Sistema de
faixas progressivas;
·
Sistema de
faixas alternadas;
·
Sistema de
faixa em cunha;
·
Sistema de
cobertura em faixa;
·
Sistema de
faixa em grupo.
Neste módulo será
abordado apenas os dois últimos sistemas.
a) Sistema de floresta de cobertura em faixa
Este sistema foi
desenvolvido a partir do sistema uniforme de floresta de cobertura, com algumas
modificações. Os cortes de condução da regeneração são realizados seguindo a
direção predominante dos ventos, evitando assim maiores danos.
O sistema de floresta de
cobertura em faixa, requer poucas alterações para se converter em um sistema de
cortes sucessivos regeneração (corte de semeadura, corte secundário e corte
final). O resultado final deste sistema, consiste na abertura de estreitas
faixas dos estratos superiores, com o objetivo de proporcionar um maior ou
menor ângulo de infiltração de luz à regeneração, seguindo a direção
predominante dos ventos na região.
Assim que a regeneração
de interesse estiver suficientemente estabelecida na faixa, um segundo corte de
semeadura é feito ao longo de segunda faixa adjacente a primeira, seguindo a
direção do vento.
Quando a regeneração
estiver suficientemente estabelecida na segunda faixa, esta será submetida ao
corte secundário e a primeira faixa, aos sucessivos cortes de condução
(desbaste, melhoramento, refinamento e colheita). Na terceira faixa, adjacente
a segunda é feito então o corte de semeadura. Estes tratamentos para
favorecimento da regeneração são conduzidos progressivamente seguindo a direção
dos ventos predominante em uma série de estreitas faixas adjacentes a anterior
e distribuídas regularmente sobre toda a floresta a ser manejada.
Assim como no sistema
uniforme, no sistema de floresta de cobertura em faixa, o número, a freqüência
dos cortes de condução da regeneração, a amplitude e o espaçamento entre as
faixas, variam de acordo com a espécie, localidade, desenvolvimento de
regeneração, e outros fatores relacionados à ecologia da espécie e
características do sitio.
Na prática, o número de
sucessivos cortes de condução da regeneração não são constantes para todas as
faixas, já que em algumas faixas a regeneração pode desenvolver-se mais
rapidamente do que em outras. Desta forma o número de faixas sucessivas com
regeneração em um certo tempo pode variar, embora teoricamente elas sejam
geralmente 3: estádio de muda, estádio secundário e estádio final seguindo
respectivamente esta ordem quanto a sua idade.
Vantagens: Proporciona uma
melhor proteção da floresta contra a ação dos ventos; favorece a regeneração
das espécies exigentes de luz; minimiza os danos ao povoamento durante as
operações de corte e extração; melhor controle do progresso da regeneração;
proporciona uma melhor aparência à floresta devido a diversidade de estratos.
Desvantagens: As
atividades silviculturais não são concentradas em uma única área, o que aumenta
ainda mais os custos de condução do povoamento; o sistema demanda um rigoroso e
específico mapeamento da área e faixas de regeneração.
·
Aplicação
Este método segundo
Matthews (1994), foi utilizado a ± 150 anos em povoamentos puros de abeto
vermelho na Noruega com adição de espécies exigentes de luz e tolerante à
sombra.
À partir da 2ª guerra
vem sendo praticado no sudeste da Alemanha, com algumas adaptaç6es para
favorecer as espécies locais.
b) Sistema de Faixa em Grupos
Este sistema é uma
modificação do sistema de floresta de cobertura em faixa. De modo geral, o
planejamento com relação a abertura do dossel e as faixas são iguais, somente o
modo de como são executados esses cortes é que difere.
No primeiro caso o corte
de semeadura consiste de uma abertura total do dossel dispostos em faixas
espaçadas regularmente sobre toda a área. Já para o segundo caso, a abertura do
dossel superior também são feitas em faixas, porém não é removida toda a
cobertura florestal da faixa. A intenção é de favorecer grupos de espécies de
interesse e com crescimento superior.
São abertas pequenas
clareiras com um diâmetro médio variando entre 30-50 m, dependendo do sítio e
das características ecológicas da(s) espécie(s) envolvida(s).
Estas clareiras
destinadas a favorecer o desenvolvimento dos grupos de espécies de interesse
são ampliadas continuamente com o passar dos anos.
O progresso dos cortes
(de regeneração, secundário e colheita) e a forma das faixas são pouco
regulares neste sistema, quando comparadas com o sistema de floresta de
cobertura em faixa.
Vantagens: A regeneração
pode ser estabelecida de maneira mais simples e rápida, por favorecer grupos de
indivíduos com melhor desenvolvimento; a formação de estratos de diferentes
idades e tamanho, proporcionam uma melhor proteção aos estádios mais jovens; os
povoamentos mistos podem ser facilmente conduzidos; e a aparência da floresta
torna-se mais atraente à fauna.
Desvantagem: A maior
desvantagem está nos danos causados ao estoque de regeneração das espécies de
interesse, durante a exploração. Estes danos tornam-se maiores quando a área
possui uma inclinação elevada.
Este sistema foi
amplamente utilizado por H. von Huber, do serviço florestal alemão,
especificamente na Bavaria e toda Europa Central.
Este sistema é uma
modificação do sistema uniforme de floresta de cobertura adaptado às florestas
tropicais úmida, na qual o corte de semeadura consiste de uma abertura geral do
dossel superior. Esta abertura é feita pelo corte de cipós, progressiva redução
do estoque de árvores medianas através de desbastes, e anelamento e
envenenamento das árvores sem interesse comercial.
O sistema tropical de
floresta de cobertura consiste basicamente na conversão da floresta nativa em
uma floresta mais uniforme, sob o ponto de vista da altura e homogeneidade da
composição das espécies de interesse econômico. As
atividades de condução da regeneração são reduzidas, geralmente, em duas
operações: cortes de semeadura (regeneração) e cortes de melhoramento e
seleção, incluindo o desbaste.
Normalmente os cortes de
semeadura consistem simplesmente, na liberação da regeneração já existente,
embora ocorram situações em que se faz necessário o emprego da regeneração
artificial.
Os cortes de
melhoramento e seleção são utilizados para explorar a madeira das "árvores
maduras", assim como, remover as árvores defeituosas e sem valor
comercial, que estiverem competindo e interferindo negativamente no
desenvolvimento dos indivíduos de maior interesse.
O sistema tropical de
floresta de cobertura difere do sistema uniforme nos seguintes aspectos: o
sistema tropical de cobertura mantém o dossel superior da floresta fechada,
formando uma cobertura alta da floresta das espécies de interesse com boas
características florestais e boa produção de sementes; difere ainda por manter
na floresta, todos os indivíduos da(s) espécie(s) de interesse pertencentes as
diversas classes de desenvolvimento.
Este sistema é bastante
difundido nas florestas tropicais do mundo, variando de acordo com as
características particulares de cada região.
A seguir na Tabela 28,
serão apresentados de maneira resumida, as principais atividades envolvidas no
sistema tropical de floresta de cobertura.
Os cortes na floresta
prosseguem através da seleção e melhoramento, explorando as árvores “maduras” e
eliminando as indesejadas, proporcionando condições favoráveis para que os
estratos inferiores desenvolvam-se e ocupem o dossel superior, formando assim
um sistema policíclico de exploração da floresta.
TABELA 28 - Síntese das principais
atividades envolvidas no sistema tropical de floresta de cobertura, nas suas
mais variadas formas de aplicação.
Atividades |
Período
|
1 - Inventário
detalhado e demarcação das sub-áreas de regeneração (talhões com ± 250 ha) |
a -2 |
2 - Remoção das
trepadeiras e eliminação das árvores indesejadas (envenenamento ou
anelamento) |
a - 1 |
3 - Exploração das
árvores “maduras” da (s) espécie (s) de interesse e remoção do sub-bosque
indesejado |
a |
4 - Tratos silviculturais
(favorecer os indivíduos de interesse e eliminar os danos ocasionados durante
a exploração), se necessário, efetuar a regeneração artificial |
a + 1 |
5 - Corte de
melhoramento e seleção (desbaste), limpeza do sub-bosque (eliminação dos indivíduos
indesejados) e remoção de cipós |
a + (2 a 6) |
6 - Acompanhamento do
crescimento do povoamento (Inventário) e exploração das árvores “maduras”
tempo de exploração da floresta |
a + n |
a = ano da exploração comercial
n = período do ciclo de corte
Todas estas operações devem ser conduzidas separadamente
nos talhões de regeneração de forma intercalada com ações anuais.
Vantagens: O estoque de
crescimento poderá ser enriquecido com espécie(s) de interesse através da condução
da regeneração ou por regeneração artificial; a divisão da floresta em talhões
de regeneração, favorece o controle e acompanhamento do desenvolvimento e
crescimento da(s) espécie(s) de interesse; o custo total da regeneração é
reduzido; a regeneração desenvolve-se em condições de rápido estabelecimento e
desenvolvimento; não expõe o solo, com isso reduz os riscos de erosão; mantém
na área as árvores porta-sementes até que a regeneração seja estabelecida.
Desvantagem: Só produz
receita após um certo período de tempo gasto na preparação da floresta, ou
seja, apresenta um alto custo inicial de transformação da floresta.
·
Aplicação:
Na Malásia o sistema
tem sido aplicado nas florestas de Dipterocarpaceas, com uma estrutura de
multi-estoque, a qual é conhecido como "Sistema Malaio Uniforme".
O ponto chave do sucesso
deste sistema é a presença constante na floresta, dos cortes de condução da
regeneração, favorecendo as espécies de interesse, principalmente a espécie Shorea
leprosula (Dipterocarpaceae).
Em Uganda, o sistema é
aplicado em 2 grandes grupos de florestas tropicais semi-decídua. O primeiro
ocorre na Costa Norte e Noroeste do lago Victória, chamado de Mengo do Sul; o
segundo grande grupo, estende-se do Norte de Masindi ao Sul de Ruanda, chamado
de floresta de Budongo, Bugoma e Toro. As espécies predominantes nas florestas
mistas destas áreas são: Khaya anthotheca, Entandrophragma
angolense, E. cylindricum, E. utile, Lovoa brownii,
Chlorophora excelsa, entre outras, incluindo alguns gêneros da família
Meliaceae com valor comercial.
Na Índia o sistema é
aplicado às florestas onde a espécie Shorea robusta
(Dipterocarpaceae) apresenta um padrão agregado de distribuição sobre uma área
com uma ampla variação edáfica e climática. Nestas florestas, 5-6 anos após a
primeira intervenção inicia-se o desbaste da regeneração e uma gradual remoção
do sub bosque. O processo de transformação da floresta, completa-se por volta
do 10° - 12° ano.
Em síntese o objetivo do
sistema neste caso baseia-se em elevar o dossel superior das espécies de
interesse e reduzir o número de classes de idade na floresta.
O sistema tropical de
floresta de cobertura é também aplicado em outras regiões, obtendo resultados
satisfatórios como no caso da Nigéria, Guiana Inglesa e Trinidad e Tobago. Em
alguns casos, o sistema original sofreu modificações, objetivando-se
proporcionar melhores condições de desenvolvimento da espécie de interesse e
ajustar o sistema às condições locais. Estas modificações são conhecidas por
outras denominações como: "Método do plantio sob abrigo temporário em
Trinidad e Tobago, entre outros.
O sistema de manejo utilizado para a candeia é o de corte seletivo, para o qual devem observadas as seguintes informações:
·
Inventário
florestal;
·
Análise
da estrutura da vegetação;
·
Peso
de óleo contido nas diversas classes diamétricas;
·
Número
de moirões contidos nas diversas classes diamétricas;
·
Ritmo
de crescimento em diâmetro das árvores;
·
Critério
de floresta balanceada;
·
Plano
de manejo propriamente dito.
Após a aplicação do plano é crucial o cuidado com a floresta remanescente. Especieficamente no caso da candeia o cuidado deve ser em estimular o desenvolvimento da regeneração natural, assim como em conduzi-la para gerar uma nova floresta, com potencial comercial.
Para que os fragmentos com candeia posaam ser conduzidos conforme este critério, é necessário ajustar o modelo de Meyer em sua forma logarítmica:
no qual Y é o número de árvores
correspondente à i-ésima classe diamétrica; Xi é o valor central da
classe diamétrica; são os parâmetros a
serem estimados no ajuste do modelo; e Ln é o logaritmo natural.
Com esse modelo ajustado, pode-se obter o quociente de De Lioucourt (q), que nada mais é que a razão entre o número de árvores das classes diamétricas sucessivas, sendo o número de árvores em cada classe diamétrica estimado pela equação ajustada.
Para alcançar o modelo de floresta balanceada deve-se:
· Definir a área basal remanescente (Gremanescente);
· Redefinir o novo valor do Quociente de De Lioucourt;
· Redefinir ou não o diâmetro máximo (Dmax) para a floresta remanescente;
·
Calcular o novo valor de como:
Calcular o novo valor de como:
Maiores detalhes sobre o método podem ser encontrados em Campos, Ribeiro e Couto (1983), Lima (1997) e Scolforo (1998).
O plano deve considerar somente a remoção da candeia. Todas as demais espécies devem ser consideradas proibidas de corte. A definição de quantas plantas serão removidas por classe diamétrica será através da expressão desenvolvida por Scolforo (1998):
Onde:
NR |
- |
Número de indivíduos a serem
removidos da i-ésima espécie; |
NEiDi |
- |
Número de indivíduos a serem
removidos na i-ésima classe diamétrica; |
|
- |
Número total de árvores na i-ésima
classe diamétrica; |
|
- |
Número de espécies; |
|
- |
Número de árvores das espécies
proibidas de corte na i-ésima classe de diâmetro (NEPROIB) no plano de manejo
e a exigência de deixar no mínimo 20% de plantas de candeia como porta
sementes em cada classe de diâmetro (20PS); |
|
- |
Freqüência a ser removida da
i-ésima classe pelo conceito de floresta balanceada. |
Para que esta expressão possa ser efetiva na definição de um plano de manejo sustentado deve-se obrigatoriamente considerar:
· Em qualquer circunstância cada classe diamétrica ficará com no mínimo 20% como porta sementes;
· Peso de óleo existente por planta associado ao número de árvores por classe diamétrica; ou o número de moirões + o peso de óleo dos galhos por classe diamétrica;
· Ritmo de crescimento das plantas nas diferentes classes diamétricas;
· Conceito da floresta balanceada;
· Necessidade de definir um diâmetro mínimo de corte embasado nos 3 últimos critérios mencionados.
Definida a estratégia de como implantar o plano, pôde-se então
ajustar o modelo de Meyer na forma logarítmica. Para fins de exemplificação
será utilizada a equação , para a qual o quociente de De Lioucourt foi igual a 1,5747.
O plano adotado foi aquele em que o quociente de De Lioucourt (q) foi 2,2 vezes
o valor do q original (1,5747) para uma área basal remanescente de 40% e um
diâmetro máximo remanescente de 30 cm. Esta opção de plano implicou numa
exploração de 13,394 m3/ha ou 25,625 mst/ha (Tabela 29).
TABELA 29 - Número de
plantas maiores que 5cm de diâmetro por classe diamétrica, média aritmética das
alturas, volume, peso seco, peso de óleo e área basal por hectare antes da
exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira
explorada quando comercializada para produção de óleo.
ANTES DA EXPLORAÇÃO |
||||||||
VC |
N |
|
Volume de fuste + galhos ³ 3 cm observado (m3/ha) |
Volume de fuste + galhos ³ 3 cm (mst) |
Peso seco de fuste + galhos
³ 3 cm observado (kg/ha) |
Peso de óleo (kg/mst) |
Peso de óleo de fuste +
galhos ³ 3 cm
observado (kg/ha) |
Área basal observada (m2/ha) |
7,5 |
323,69 |
5,22 |
4,548 |
10,37 |
3032,647 |
3,01 |
31,201 |
1,430 |
12,5 |
111,06 |
6,49 |
5,251 |
10,45 |
3541,913 |
3,75 |
39,197 |
1,363 |
17,5 |
29,03 |
8,85 |
3,501 |
5,67 |
2317,731 |
4,62 |
26,236 |
0,698 |
22,5 |
4,32 |
8,93 |
0,873 |
1,76 |
590,333 |
4,00 |
7,031 |
0,172 |
27,5 |
5,30 |
8,94 |
1,609 |
2,78 |
1107,905 |
4,95 |
13,754 |
0,315 |
32,5 |
2,78 |
7,70 |
1,047 |
1,95 |
749,183 |
5,05 |
9,851 |
0,231 |
37,5 |
0,93 |
6,80 |
0,422 |
0,79 |
312,295 |
5,46 |
4,311 |
0,103 |
67,5 |
1,28 |
15,00 |
3,665 |
6,82 |
2520,381 |
5,11 |
34,846 |
0,458 |
Média |
|
|
|
|
|
4,49 |
|
|
Total |
478,39 |
|
20,917 |
40,59 |
14172,389 |
|
166,427 |
4,769 |
|
REMOVIDO A PARTIR DO PLANO
DE MANEJO |
|||||||||||||
VC |
N removida |
Volume removido de fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
FE |
Volume removido de fuste +
galhos ³ 3 cm (mst) |
Renda da madeira (mst/ha)2 |
Peso de óleo removido de
fuste + galhos ³ 3 cm (kg/ha) |
Renda do óleo (US$/ha)3 |
Peso de óleo removido de
galhos < 3 cm (kg/ha) |
Renda do óleo removido de
galhos < 3 cm (US$/ha)3 |
Peso de óleo removido das
folhas (kg/ha) |
Renda do óleo das folhas (US$/ha) 3 |
Renda total da venda do
óleo (US$/ha)3 |
|
7,5 |
155,42 |
2,184 |
2,28 |
4,979 |
298,77 |
14,981 |
269,66 |
1,698 |
30,56 |
1,190 |
21,43 |
321,65 |
|
12,5 |
62,49 |
2,955 |
1,99 |
5,880 |
352,78 |
22,055 |
396,99 |
2,000 |
36,00 |
1,357 |
24,43 |
457,41 |
|
17,5 |
15,01 |
1,810 |
1,62 |
2,933 |
175,96 |
13,566 |
244,18 |
0,864 |
15,55 |
0,654 |
11,77 |
271,50 |
|
22,5 |
0,28 |
0,057 |
2,02 |
0,114 |
6,86 |
0,456 |
8,20 |
0,029 |
0,53 |
0,017 |
0,30 |
9,03 |
|
27,5 |
4,13 |
1,254 |
1,73 |
2,170 |
130,17 |
10,718 |
192,92 |
0,703 |
12,65 |
0,301 |
5,41 |
210,98 |
|
32,5 |
2,78 |
1,047 |
1,86 |
1,947 |
116,84 |
9,851 |
177,31 |
0,789 |
14,20 |
0,194 |
3,49 |
195,00 |
|
37,5 |
0,93 |
0,422 |
1,86 |
0,786 |
47,14 |
4,311 |
77,60 |
0,408 |
7,35 |
0,043 |
0,78 |
85,73 |
|
67,5 |
1,28 |
3,665 |
1,86 |
6,816 |
408,97 |
34,846 |
627,23 |
1,306 |
23,52 |
-0,664 |
-11,95 |
638,79 |
|
Total |
242,32 |
13,394 |
1,921 |
25,625 |
1537,49 |
110,783 |
1994,09 |
7,797 |
140,35 |
3,092 |
55,66 |
2190,10 |
|
Onde: VC - Valor central das
classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ³
5 cm por hectare; - Média aritmética
das alturas (m); FE - fator de empilhamento.
1 Valor ponderado pelas
classes diamétricas.
2 R$ 60,00 é o valor de venda
da cada mst.
3 US$ 18,00 é o valor de venda
do óleo na forma bruta.
Biologicamente, o volume
removido e o número de plantas removidas são consistentes com o grupo ecológico
ao qual a espécie pertence. Sendo este grupo o das pioneiras, a espécie em
questão necessita de muita luminosidade para se desenvolver, o que será obtido
com o plano proposto. Este propiciará o dobro de espaçamento entre plantas em
relação àquele que a vegetação apresenta naturalmente. Este fato propiciará um
desenvolvimento mais acelerado do estoque das plantas que estão no estrato das
dominadas e codominadas.
A execução deste plano
implicará numa renda/ha ao agricultor de R$ 1.537,49 pela venda da madeira de
fuste mais galhos até 3 cm de diâmetro com casca. Se forem incluídos os galhos
com menos de 3 cm de diâmetro serão agregados R$ 108,21 ou 7,038% a mais na
renda do agricultor. Incluindo-se as folhas, agrega-se mais R$ 42,91 ou 2,79%
em relação a venda de madeira do fuste mais galhos com diâmetro maior ou igual
a 3 cm.
Um ponto significativo
nesta análise de renda é que ao extrair o óleo da madeira de candeia o pequeno
empresário obterá um renda de US$ 1.994,00, se utilizada madeira do fuste mais
galhos com diâmetro maior ou igual a 3 cm. Se utilizar também galhos com
diâmetro menor que 3 cm e folhas agregará US$ 140,35 e US$ 55,66
respectivamente que somados implicará em uma renda extra de 9,83% em relação
aquela obtida pela venda do alfabisabolol retirado do fuste e dos galhos com
diâmetro maior ou igual a 3cm. Observando a renda de US$ 1.994,00 ou US$
2.190,10 e conhecendo-se a estrutura relativamente simples para extrair o óleo
da candeia (picador + autoclave + caldeira + galpão + pátio de estocagem)
parece ser bastante interessante definir uma política pública de apoio aos
agricultores da região para que possam, em sistema de cooperativa, extrair e
comercializar diretamente o óleo extraído da candeia. Este fato propiciará um
significativo aumento na renda obtida por estes.
Considerando o dólar a R$ 2,65, esta
seria de R$ 5.284,33/ha se forem utilizados o fuste e os galhos com diâmetro
maior ou igual a 3cm ou R$ 5.803,76 se toda a árvore for utilizada.
A estratégia de intervenção é idêntica a do plano para
produção de óleo. Como exemplificação o modelo de Meyer, considerando o
diâmetro mínimo de medição igual a 7 cm, resultou na equação: , para a qual o quociente de De Lioucourt foi 1,5260. O plano
de manejo adotado para a produção de moirões foi similar ao adotado para a
produção de óleo, no qual o quociente de Lioucourt foi 2,2 vezes o valor do
quociente original (1,526), a intensidade de remoção em área basal foi de 60% e
o diâmetro máximo de condução dos candeais foi de 30 cm. Esta opção do plano
implicou numa exploração de 12,154 m3/ha ou 22,504 mst/ha, da quais
5,256 m3 ou 9,788 mst foram utilizados para produção de moirões e os
6,897 m3 ou 12,716 mst dos galhos podem ser utilizados para óleo ou
numa situação menos nobre para energia (Tabela 30).
Biologicamente as considerações são as mesmas já realizadas para o plano de manejo visando o uso da madeira exclusivamente para a produção de óleo.
A execução deste plano implicará numa renda/ha ao agricultor pela venda da madeira do fuste após o desdobro para moirões, de R$ 1.238,59. Vendendo ainda o volume do galhos ³ 3 cm de diâmetro como madeira para produção de óleo, agregará mais R$ 762,95 o que totalizará R$ 2.001,54/ha o que mostra a potencialidade deste plano de manejo para a candeia.
TABELA 30 - Número de
plantas maiores que 5cm de diâmetro por classe diamétrica, média aritmética das
alturas, volume, número de moirões, e área basal por hectare antes da
exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira
explorada quando comercializada para produção de moirões e os galhos para
produção de óleo.
ANTES DA REMOÇÃO |
|||||||||||||
VC |
N |
|
Volume de fuste + galhos ³ 3 cm observado (m3/ha) |
Volume de fuste + galhos ³ 3 cm (mst) |
Volume do fuste observado (m3/ha) |
Volume do fuste (mst) |
Volume dos galhos ³ 3 cm observado (m3/ha) |
Proporção de volume de
galhos em relação ao volume do fuste |
Área basal observada (m2/ha) |
Número de moirões |
Número de moirões por mst
em relação ao volume do fuste + galhos ³ 3cm |
Número de moirões por mst
em relação ao volume do fuste |
|
7,5 |
125,28 |
5,67 |
1,884 |
4,29 |
1,367 |
3,12 |
0,517 |
0,378 |
0,553 |
110,4 |
25,7 |
35,4 |
|
12,5 |
111,06 |
6,49 |
5,251 |
10,45 |
3,007 |
5,98 |
2,244 |
0,746 |
1,363 |
235,9 |
22,6 |
39,4 |
|
17,5 |
29,03 |
8,85 |
3,501 |
5,67 |
1,793 |
2,9 |
1,708 |
0,952 |
0,698 |
153,3 |
27,0 |
52,9 |
|
22,5 |
4,32 |
8,93 |
0,873 |
1,76 |
0,393 |
0,79 |
0,480 |
1,221 |
0,172 |
32,3 |
18,3 |
40,9 |
|
27,5 |
5,30 |
8,94 |
1,609 |
2,78 |
0,654 |
1,13 |
0,956 |
1,462 |
0,315 |
51,8 |
18,6 |
45,8 |
|
32,5 |
2,78 |
7,70 |
1,047 |
1,95 |
0,379 |
0,70 |
0,668 |
1,762 |
0,231 |
27,1 |
13,9 |
38,7 |
|
37,5 |
0,93 |
6,80 |
0,422 |
0,79 |
0,138 |
0,26 |
0,284 |
2,058 |
0,103 |
9,1 |
11,5 |
35,0 |
|
67,5 |
1,28 |
15,00 |
3,665 |
6,82 |
1,038 |
1,93 |
2,626 |
2,530 |
0,458 |
89,3 |
13,1 |
46,3 |
|
Média |
|
|
|
|
|
|
|
1,389 |
|
|
18,8 |
41,8 |
|
Total |
279,98 |
|
18,253 |
34,51 |
8,769 |
16,81 |
9,484 |
|
3,893 |
709,0 |
|
|
|
REMOVIDO A PARTIR DO PLANO
DE MANEJO |
|||||||||||||
VC |
N removida |
Número de moirões removidos |
Volume de fuste + galhos ³ 3 cm removidos (m3) |
Volume de moirões removidos (m3) |
FE |
Volume de fuste + galhos ³ 3 cm removidos (mst) |
Volume de moirões removidos (mst) |
Volume de galhos não
aproveitados como moirão (m3) |
Volume dos galhos não
aproveitados como moirão (mst) |
Renda advinda dos moirões (R$/ha) |
Renda advinda do volume de
galhos para óleo (R$/ha) |
Renda total (R$/ha) |
|
7,5 |
15,49 |
13,6 |
0,233 |
0,169 |
2,28 |
0,531 |
0,385 |
0,064 |
0,146 |
39,84 |
8,75 |
48,59 |
|
12,5 |
70,32 |
149,3 |
3,325 |
1,904 |
1,99 |
6,616 |
3,788 |
1,421 |
2,828 |
436,07 |
169,68 |
605,75 |
|
17,5 |
16,89 |
89,2 |
2,037 |
1,043 |
1,62 |
3,300 |
1,690 |
0,994 |
1,610 |
260,44 |
96,62 |
357,06 |
|
22,5 |
0,71 |
5,3 |
0,143 |
0,065 |
2,02 |
0,290 |
0,131 |
0,079 |
0,159 |
15,49 |
9,56 |
25,05 |
|
27,5 |
4,22 |
41,2 |
1,281 |
0,521 |
1,73 |
2,217 |
0,901 |
0,761 |
1,316 |
120,33 |
78,98 |
199,31 |
|
32,5 |
2,78 |
27,1 |
1,047 |
0,379 |
1,86 |
1,947 |
0,704 |
0,668 |
1,243 |
79,11 |
74,58 |
153,69 |
|
37,5 |
0,93 |
9,1 |
0,422 |
0,138 |
1,86 |
0,786 |
0,257 |
0,284 |
0,528 |
26,56 |
31,70 |
58,26 |
|
67,5 |
1,28 |
89,3 |
3,665 |
1,038 |
1,86 |
6,816 |
1,931 |
2,626 |
4,885 |
260,75 |
293,09 |
553,84 |
|
Média |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
112,62 |
424,2 |
12,154 |
5,256 |
1,92* |
22,504 |
9,788 |
6,897 |
12,716 |
1238,59 |
762,95 |
2001,54 |
|
VC - Valor central das
classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ³
5 cm por hectare; - Média aritmética
das alturas (m); FE - fator de empilhamento.
* Valor ponderado pelas
classes diamétricas.
R$ 35,00 - preço da dúzia de
moirões.
R$ 2,92/moirão.
Embora gere mais renda que o plano definido para produção de óleo deve-se considerar:
· Os custos com o desdobro dos moirões são mais altos que a venda da madeira para a produção de óleo;
· Os custos em comercializar moirões não existem na produção de óleo;
· Os custos em comercializar moirões são mais altos que a venda da madeira para produção de óleo;
· A produção de óleo permite ao agricultor se organizar em cooperativas e buscar não mais vender o produto primário, madeira, mas sim o alfabisabolol extraído da madeira o que possibilita maior agregação de renda, apesar dos custos envolvidos na obtenção do óleo.
Na Tabela 31 é apresentado um
plano de manejo para um valor de De Lioucourt igual ao valor original, assim
como uma remoção de 60% da área basal de candeias. Pode-se observar que a renda
de R$ 475,00 por hectare é pequena. No entanto é significativa se considerado
que a existência de candeias foi decorrente da ação nos últimos 10 anos do
proprietário João Alves Taveira, numa área típica de cerrado sensu stricto.
TABELA 31 - Número de plantas maiores que 5cm de diâmetro por classe diamétrica,
média aritmética das alturas, volume, número de moirões, e área basal por
hectare antes da exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a
renda da madeira explorada quando comercializada para produção de moirões (Eremanthus incanus) e para produção de
óleo (Eremanthus erythropappus).
ANTES DA REMOÇÃO |
||||||||
VC |
Número de plantas/ha |
Número de plantas/ha |
Número total de plantas/ha |
|
Área basal (m2/ha) |
Volume observado do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
Volume observado do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
FE |
E. erythropappus |
E. incanus |
E. erythropappus |
E. incanus |
|||||
6 |
45,33 |
166,67 |
212,00 |
3,9 |
0,5716 |
0,3602 |
1,0792 |
2,2 |
8 |
28,67 |
82,67 |
111,34 |
4,6 |
0,5487 |
0,4404 |
1,1260 |
2,1 |
10 |
16,00 |
30,00 |
46,00 |
5,1 |
0,3487 |
0,4265 |
0,6728 |
2,1 |
12 |
9,33 |
16,67 |
26,00 |
5,2 |
0,2885 |
0,3551 |
0,5774 |
2,0 |
14 |
3,33 |
6,00 |
9,33 |
5,4 |
0,1411 |
0,1751 |
0,2905 |
2,0 |
16 |
2,00 |
1,33 |
3,33 |
6,3 |
0,0675 |
0,1675 |
0,0865 |
1,9 |
18 |
2,00 |
4,00 |
6,00 |
5,8 |
0,1521 |
0,2257 |
0,3192 |
1,9 |
20 |
0,67 |
2,00 |
2,67 |
5,9 |
0,0804 |
0,0769 |
0,2112 |
1,9 |
26 |
0,00 |
1,33 |
1,33 |
6,6 |
0,0679 |
0,0000 |
0,2706 |
1,8 |
|
107,33 |
310,67 |
418,00 |
- |
2,2655 |
2,2274 |
4,6334 |
2,1 |
ANTES DA REMOÇÃO |
|||||||
Volume observado do fuste
(m3/ha) |
Volume observado dos galhos
³ 3 cm (m3/ha) |
Proporção do volume dos
galhos em relação ao fuste |
Número de moirões por
hectare |
Número de moirões em relação
ao volume do fuste + galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
Número de moirões em
relação ao volume do fuste + galhos ³ 3 cm
(mst/ha) |
Número de moirões em
relação ao volume do fuste (m3/ha) |
Número de moirões em
relação ao volume do fuste (mst/ha) |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
0,8174 |
0,2618 |
0,3203 |
- |
- |
- |
- |
- |
0,7510 |
0,3750 |
0,4993 |
53,31 |
47,34 |
22,55 |
70,99 |
33,80 |
0,4064 |
0,2664 |
0,6555 |
28,59 |
42,49 |
20,24 |
70,35 |
33,50 |
0,3222 |
0,2552 |
0,7921 |
22,71 |
39,33 |
19,67 |
70,48 |
35,24 |
0,1506 |
0,1399 |
0,9290 |
10,44 |
35,94 |
17,97 |
69,32 |
34,66 |
0,0424 |
0,0442 |
1,0425 |
2,92 |
33,76 |
17,77 |
68,87 |
36,25 |
0,1458 |
0,1732 |
1,1879 |
9,68 |
30,33 |
15,96 |
66,39 |
34,94 |
0,0942 |
0,1170 |
1,2420 |
6,48 |
30,68 |
16,15 |
68,79 |
36,21 |
0,1077 |
0,1629 |
1,5125 |
7,50 |
27,72 |
15,40 |
69,64 |
38,69 |
2,8377 |
1,7956 |
0,4627 |
141,63 |
- |
- |
- |
- |
VC - Valor central da classe diamétrica; FE
-Fator de empilhamento.
APÓS A REMOÇÃO |
|||||
VC |
Número de plantas
removidas/ha |
Número de plantas
removidas/há |
Número de moirões
removidos/ha |
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm
(mst/ha) |
E. erythropappus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
|
6 |
36,30 |
- |
- |
- |
- |
8 |
22,93 |
66,13 |
42,64 |
0,9007 |
1,8915 |
10 |
11,32 |
21,23 |
20,23 |
0,4761 |
0,9998 |
12 |
6,38 |
11,40 |
15,53 |
0,3949 |
0,7897 |
14 |
1,54 |
2,77 |
4,82 |
0,1341 |
0,2682 |
16 |
0,16 |
0,11 |
0,24 |
0,0072 |
0,0136 |
18 |
1,38 |
2,75 |
6,66 |
0,2195 |
0,4170 |
20 |
0,38 |
1,14 |
3,69 |
0,1204 |
0,2287 |
26 |
- |
1,07 |
6,03 |
0,2177 |
0,3919 |
|
80,39 |
106,60 |
99,85 |
2,4705 |
5,0004 |
APÓS A REMOÇÃO |
|||||
Volume de moirões removidos
(m3/há) |
Renda advinda dos moirões
(R$/ha) |
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm
(mst/ha) |
Renda advinda do fuste +
galhos para óleo (R$/ha) |
Renda total (R$/ha) |
E. incanus |
E. incanus |
E. erytropappus |
E. erytropappus |
E. erytropappus |
|
- |
- |
0,2884 |
0,6346 |
38,07 |
38,07 |
0,6007 |
124,52 |
0,3522 |
0,7397 |
44,38 |
168,90 |
0,2876 |
59,08 |
0,3017 |
0,6337 |
38,02 |
97,10 |
0,2203 |
45,35 |
0,2428 |
0,4856 |
29,14 |
74,49 |
0,0695 |
14,07 |
0,0810 |
0,1620 |
9,72 |
23,79 |
0,0035 |
0,71 |
0,0134 |
0,0255 |
1,53 |
2,23 |
0,1002 |
19,43 |
0,1557 |
0,2959 |
17,75 |
37,19 |
0,0537 |
10,79 |
0,0436 |
0,0829 |
4,97 |
15,76 |
0,0866 |
17,62 |
- |
- |
0,00 |
17,62 |
1,4223 |
291,56 |
1,4790 |
3,0598 |
183,59 |
475,15 |
VC
- Valor central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo
³ 5 cm por
hectare; - Média aritmética
das alturas (m); FE - fator de empilhamento.
* Valor ponderado
pelas classes diamétricas.
R$
35,00 - preço da dúzia de moirões.
R$
2,92/moirão.
A renda propiciada por este plano foi de R$ 540,28/ha o que está abaixo daquela obtida em áreas onde há candeiais formados. Entretanto como, já considerado anteriormente, a instalação da candeia na área ocorreu a partir dos 10 últimos anos através da dispersão de sementes desta espécie pelo agricultor João Alves Taveira. Sob esta ótica a renda propiciada pelo plano de manejo é considerável.
TABELA 32 - Número de
plantas maiores que 5cm de diâmetro por classe diamétrica, média aritmética das
alturas, volume, número de moirões, e área basal por hectare antes da
exploração e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira
explorada quando comercializada para produção de moirões e os galhos para
produção de óleo.
ANTES DA REMOÇÃO |
||||||||
VC |
Número de plantas/ha |
Número de plantas/ha |
Número total de plantas/ha |
|
Área basal (m2/ha) |
Volume observado do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
Volume observado do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
FE |
E. erythropappus |
E. incanus |
E. erythropappus |
E. incanus |
|||||
6 |
45,33 |
166,67 |
212,00 |
3,9 |
0,5716 |
0,3602 |
1,0792 |
2,2 |
8 |
28,67 |
82,67 |
111,34 |
4,6 |
0,5487 |
0,4404 |
1,1260 |
2,1 |
10 |
16,00 |
30,00 |
46,00 |
5,1 |
0,3487 |
0,4265 |
0,6728 |
2,1 |
12 |
9,33 |
16,67 |
26,00 |
5,2 |
0,2885 |
0,3551 |
0,5774 |
2,0 |
14 |
3,33 |
6,00 |
9,33 |
5,4 |
0,1411 |
0,1751 |
0,2905 |
2,0 |
16 |
2,00 |
1,33 |
3,33 |
6,3 |
0,0675 |
0,1675 |
0,0865 |
1,9 |
18 |
2,00 |
4,00 |
6,00 |
5,8 |
0,1521 |
0,2257 |
0,3192 |
1,9 |
20 |
0,67 |
2,00 |
2,67 |
5,9 |
0,0804 |
0,0769 |
0,2112 |
1,9 |
26 |
0,00 |
1,33 |
1,33 |
6,6 |
0,0679 |
0,0000 |
0,2706 |
1,8 |
|
107,33 |
310,67 |
418,00 |
- |
2,2665 |
2,2274 |
4,6334 |
2,1 |
ANTES DA REMOÇÃO |
|||||||
Volume observado do fuste
(m3/ha) |
Volume observado dos galhos
³ 3 cm (m3/ha) |
Proporção do volume dos
galhos em relação ao fuste |
Número de moirões/há |
Volume observado do fuste
(m3/ha) |
Volume observado dos galhos
³ 3 cm (m3/ha) |
Proporção do volume de
galhos em relação ao fuste |
Número de moirões/ha |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
0,8174 |
0,2618 |
0,3203 |
- |
0,2832 |
0,0770 |
0,2719 |
- |
0,7510 |
0,3750 |
0,4993 |
53,31 |
0,3073 |
0,1330 |
0,4328 |
23,92 |
0,4064 |
0,2664 |
0,6555 |
28,59 |
0,2752 |
0,1512 |
0,5494 |
22,14 |
0,3222 |
0,2552 |
0,7921 |
22,71 |
0,2038 |
0,1513 |
0,7424 |
15,36 |
0,1506 |
0,1399 |
0,9290 |
10,44 |
0,0932 |
0,0819 |
0,8788 |
6,86 |
0,0424 |
0,0442 |
1,0425 |
2,92 |
0,0847 |
0,0828 |
0,9776 |
6,51 |
0,1458 |
0,1732 |
1,1879 |
9,68 |
0,1081 |
0,1176 |
1,0879 |
8,33 |
0,0942 |
0,1170 |
1,2420 |
6,48 |
0,0340 |
0,0430 |
1,2647 |
2,36 |
0,1077 |
0,1629 |
1,5125 |
7,50 |
- |
- |
- |
- |
2,8377 |
1,7956 |
0,4627 |
141,63 |
1,3895 |
0,8378 |
0,4505 |
85,48 |
VC - Valor central da classe diamétrica; FE
-Fator de empilhamento.
APÓS A REMOÇÃO |
||||||||
VC |
Número de plantas
removidas/ha |
Número de plantas
removidas/ha |
Número de moirões
removidos/há |
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm
(mst/ha) |
Volume de moirões removidos
(m3/ha) |
Número de moirões
removidos/ha |
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
E. erythropappus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. incanus |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
|
6 |
36,30 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
0,2884 |
8 |
22,93 |
66,13 |
42,64 |
0,9007 |
1,8915 |
0,6007 |
19,13 |
0,3522 |
10 |
11,32 |
21,23 |
20,23 |
0,4761 |
0,9998 |
0,2876 |
15,66 |
0,3017 |
12 |
6,38 |
11,40 |
15,53 |
0,3949 |
0,7897 |
0,2203 |
10,50 |
0,2428 |
14 |
1,54 |
2,77 |
4,82 |
0,1341 |
0,2682 |
0,0695 |
3,17 |
0,0810 |
16 |
0,16 |
0,11 |
0,24 |
0,0072 |
0,0136 |
0,0035 |
0,52 |
0,0134 |
18 |
1,38 |
2,75 |
6,66 |
0,2195 |
0,4170 |
0,1002 |
5,75 |
0,1557 |
20 |
0,38 |
1,14 |
3,69 |
0,1204 |
0,2287 |
0,0537 |
1,34 |
0,0436 |
26 |
- |
1,07 |
6,03 |
0,2177 |
0,3919 |
0,0866 |
- |
- |
|
80,39 |
106,60 |
99,85 |
2,4705 |
5,0004 |
1,4223 |
56,08 |
1,4790 |
APÓS A REMOÇÃO |
|||||||
Volume removido do fuste +
galhos ³ 3 cm
(mst/ha) |
Volume de moirões removidos
(m3/ha) |
Volume removido de fuste da
classe de 6 cm e de galhos ³ 3 cm para as
demais classes (m3/ha) |
Volume removido de fuste da
classe de 6 cm e de galhos ³ 3 cm para as
demais classes (mst/ha) |
Renda dos resíduos para
óleo (R$/ha) |
Total de moirões (No/ha) |
Renda dos moirões (R$/ha) |
Renda total (R$/ha) |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
E. erythropappus |
E. incanus + E. erythropappus |
E. incanus + E. erythropappus |
E. incanus + E. erythropappus |
0,6346 |
- |
0,2884 |
0,6345 |
41,24 |
- |
0,00 |
41,24 |
0,7397 |
0,2458 |
0,1064 |
0,2234 |
14,52 |
61,78 |
180,38 |
194,90 |
0,6337 |
0,1947 |
0,1070 |
0,2246 |
14,60 |
35,90 |
104,82 |
119,42 |
0,4856 |
0,1394 |
0,1035 |
0,2069 |
13,45 |
26,03 |
76,02 |
89,47 |
0,1620 |
0,0431 |
0,0379 |
0,0758 |
4,92 |
7,99 |
23,34 |
28,26 |
0,0255 |
0,0068 |
0,0066 |
0,0126 |
0,82 |
0,76 |
2,23 |
3,04 |
0,2959 |
0,0746 |
0,0811 |
0,1542 |
10,02 |
12,40 |
36,22 |
46,24 |
0,0829 |
0,0193 |
0,0244 |
0,0463 |
3,01 |
5,03 |
14,69 |
17,71 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
|
- |
3,0598 |
0,7236 |
0,7552 |
1,5783 |
102,59 |
149,89 |
437,69 |
540,28 |
VC - Valor
central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ³
5 cm por hectare; - Média aritmética
das alturas (m); FE - fator de empilhamento.
* Valor ponderado pelas
classes diamétricas.
R$ 35,00 -
preço da dúzia de moirões.
R$ 2,92/moirão.
Neste caso a equação utilizada para gerar o plano foi: , para a qual o quociente de De Liocourt foi igual a 3,5898.
O quociente de De Lioucourt foi 2,2 o original, a área basal remanescente foi
40% da existente originalmente e o diâmetro máximo de 17 cm permaneceu
inalterado. O plano para a área apresentou uma pequena remoção de moirões
(137,72 ou 14 dúzias/ha) provenientes de 175,20 plantas, embora exista um
contigente considerável de plantas na classe de 5 a 7 cm (857,69). Este fato
propiciou uma renda de R$ 402,25 o que é considerado muito baixo para o
potencial da espécie na área em questão. No entanto é necessário considerar que
houve uma grande remoção das plantas com mais que 7 cm para produção de moirões
recentemente. Este fato embora tenha existido foi anterior ao inicio desta
pesquisa. Assim, a aparente pequena renda obtida neste plano não representa o
real potencial desta espécie na área em questão. Na realidade numa situação
normal acredita-se que a renda auferida seja entre 4 a 5 vezes aquela obtida
neste plano.
TABELA 33 - Número de plantas
maiores que 5cm de diâmetro por classe diamétrica, média aritmética das
alturas, volume, número de moirões, e área basal por hectare antes da exploração
e para ser removido nesta, para a candeia, e a renda da madeira explorada
quando comercializada para produção de moirões e os galhos para produção de
óleo.
ANTES DA REMOÇÃO |
|||||||
VC |
Número total
de plantas/ha |
|
Área basal (m2/ha) |
Volume observado do fuste + galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
FE |
Volume observado do fuste (m3/ha) |
Volume observado dos galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
6 |
857,69 |
4,29 |
2,2957 |
6,2035 |
2,2 |
4,8372 |
1,3663 |
8 |
150,77 |
4,71 |
0,6957 |
2,0333 |
2,1 |
1,4059 |
0,6273 |
10 |
28,46 |
4,62 |
0,2115 |
0,6101 |
2,1 |
0,3720 |
0,2381 |
12 |
12,31 |
4,89 |
0,1355 |
0,4142 |
2,0 |
0,2307 |
0,1835 |
14 |
0,77 |
4,26 |
0,0111 |
0,0302 |
2,0 |
0,0153 |
0,0149 |
16 |
1,54 |
5,35 |
0,0316 |
0,1041 |
1,9 |
0,0503 |
0,0537 |
|
1051,54 |
- |
3,3811 |
9,3954 |
2,18 |
6,9114 |
2,4838 |
ANTES DA REMOÇÃO |
||||||
Proporção do volume de galhos em relação ao fuste |
Número de moirões por hectare |
Número de moirões em relação ao volume do fuste +
galhos ³ 3cm (m3/ha) |
Número de moirões em relação ao volume do fuste +
galhos ³ 3cm
(mst/ha) |
Número de moirões em relação ao volume do fuste (m3/ha) |
Número de moirões em relação ao volume do fuste
(mst/ha) |
|
0,2825 |
- |
- |
- |
- |
- |
|
0,4462 |
104,44 |
51,3648 |
24,4594 |
74,2869 |
35,37 |
|
0,6401 |
26,27 |
43,0585 |
20,5041 |
70,6183 |
33,63 |
|
0,7954 |
16,15 |
38,9908 |
19,4954 |
70,0043 |
35,00 |
|
0,9739 |
0,97 |
32,1192 |
16,0596 |
63,3987 |
31,70 |
|
1,0676 |
3,48 |
33,4294 |
17,5944 |
69,1849 |
36,41 |
|
0,3233 |
151,31 |
198,9627 |
98,1129 |
0,4505 |
172,12 |
|
VC - Valor central da classe diamétrica; FE
-Fator de empilhamento.
APÓS A REMOÇÃO |
|
||||||||
|
VC |
Número de plantas removidas/ha |
Número de moirões removidos/ha |
Volume removido do fuste + galhos ³ 3 cm (m3/ha) |
Volume removido do fuste + galhos ³ 3 cm (mst/há) |
Volume de moirões removidos (m3/ha) |
Volume de moirões removidos (mst/ha) |
Renda advinda dos moirões (R$/ha) |
|
|
6 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
|
|
8 |
134,48 |
93,16 |
1,8136 |
3,8086 |
1,2540 |
2,6334 |
272,01 |
|
|
10 |
26,40 |
24,37 |
0,5659 |
1,1885 |
0,3451 |
0,7247 |
71,16 |
|
|
12 |
12,05 |
15,81 |
0,4055 |
0,8109 |
0,2258 |
0,4517 |
46,16 |
|
|
14 |
0,74 |
0,93 |
0,0290 |
0,0580 |
0,0147 |
0,0294 |
2,72 |
|
|
16 |
1,53 |
3,46 |
0,1034 |
0,1965 |
0,0500 |
0,0949 |
10,10 |
|
|
|
175,20 |
137,72 |
2,9174 |
6,0625 |
1,8896 |
3,9341 |
402,15 |
|
VC - Valor
central das classes de diâmetro; N - Número de árvores com diâmetro mínimo ³ 5 cm por hectare; - Média aritmética
das alturas (m); FE - fator de empilhamento.
* Valor ponderado pelas
classes diamétricas.
R$ 35,00 -
preço da dúzia de moirões.
R$
2,92/moirão.
O número de árvores de candeia a ser explorado por classe diamétrica só será uniformemente distribuído na área quando esta for plana ou em declive, sem presença de água. No caso de área plana com presença de curso d’água, será deixada a área mínima prescrita em lei como área de preservação permanente, acrescida de pelo menos 10%. No caso de área inclinada com presença de curso d’água, além da preservação permanente será considerado na faixa vizinha a preservação permanente, uma remoção menos intensa que a prescrita no plano de manejo, até que na faixa mais distante da área de preservação permanente será removida mais plantas de candeia que o prescrito, de maneira que, na média seja removido na área o número de candeia prescrito no plano de manejo adotado. Com medida desta natureza, estará sendo observado o correto manejo e conservação do solo e da água da microbacia em questão.
20
PLANEJAMENTO DA EXPLORAÇÃO
A área poderá ou não ser divida em glebas, já que a espécie necessita de espaços para que a regeneração natural ocorra de maneira acentuada e também em virtude do baixo impacto da exploração. A derrubada da madeira será feita com machado e/ou motosserra através de corte em bisel a uma altura média de 10 cm.
Após o corte, o desgalhamento será feito com machado e foice e o desdobro com machado. A retirada da madeira da área será com muares, até o pátio de estocagem. Lá a madeira será empilhada manualmente para fins de medição e aferição do que foi explorado.
O sistema adotado é de baixíssimo impacto ambiental, não envolve movimento de terra e gera emprego ao homem do campo, sendo, pois, uma ação sensata de aproveitamento do ambiente.
21
REGENERAÇÃO NATURAL
A candeia é uma espécie pioneira, com dispersão das sementes entre agosto e meados de novembro. A sua germinação após a dispersão poderá levar a uma intensa reocupação da área se estas receberem luz diretamente e também a umidade das chuvas que tem seu início por ocasião da dispersão destas sementes. Assim para viabilizar uma maior abundância da regeneração natural é fundamental que estas condições sejam atendidas. Dependendo de cada local e das circunstâncias que o cercam pode-se após a dispersão das sementes não implementar nenhum tratamento de limpeza na área explorada ou pode-se aplicar herbicida no capim existente, ou ainda efetuar roçada na área ou mesmo aplicar queima controlada na área após exploração, logo após a ocorrência de alguma chuva, para diminuir o poder de combustão do material depositado no solo, reduzindo assim a chance de algum desastre ambiental.
21.1
Exemplos de regeneração natural da candeia em povoamentos não sujeitos a
exploração
a) Caso de Baependi
Nas Tabelas 34 e 35 são apresentadas as estruturas da regeneração natural para um fragmento onde não houve corte das candeias adultas. Pode-se observar que a regeneração natural da candeia nesta amostra se mostrou abundante, porém inferior ao potencial da espécie, embora esta seja de longe a espécie que mais ocorreu no sub bosque da vegetação amostrada. Este fato é justificado pelo fato da espécie ser heliófila, necessitando de muita luminosidade para que as sementes germinem e se desenvolvam, fato que não ocorreu na vegetação em questão até porque nenhuma exploração foi efetuada na área. O outro motivo é que os solos onde há uma maior concentração de candeias adultas é tipo Cambissolo o que é outro elemento inibidor da regeneração da espécie.
Entretanto com tratamentos de liberação adequados para o candeal adulto será possível estimular a regeneração natural desta espécie para que o plano de manejo seja sustentável.
TABELA 34 - Estrutura horizontal e vertical da candeia em relação à vegetação amostrada na área de estudo.
Espécie |
DA |
DR |
FA |
FR |
IVI |
PS1 |
PS2 |
PS3 |
PS4 |
PSR |
IVIA |
Eremanthus erythropappus |
1511,11 |
5,05 |
77,78 |
43,75 |
48,8 |
44,44 |
800 |
366,67 |
300 |
4,28 |
53,08 |
Outras
espécies |
8400 |
94,95 |
100 |
56,25 |
151,2 |
5555,56 |
18022,22 |
3133,33 |
1688,89 |
95,72 |
246,92 |
DA - Densidade absoluta; DR -
Densidade relativa; FA - Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI - Índice
de Valor de Importância; PS1 - Posição sociológica dos indivíduos com H <
0,03 m; PS2 - Posição sociológica dos indivíduos com 0,03 £
H < 1,5 m; Posição sociológica dos indivíduos com 1,5 £
H < 3 m; Posição sociológica dos indivíduos com H ³
3 cm e com DAP < 5 cm; PSR - Posição sociológica relativa; IVIA - Índice de
Valor de Importância Ampliado.
Os números apresentados na Tabela 35
mostram que, apesar do sombreamento no sub-bosque, que é limitante ao
desenvolvimento da candeia, existe um considerável número de candeias na classe
de altura entre 30 cm e 1,50 m (em média, 894,41 plantas/ha), o que mostra a
potencialidade da área mesmo sem qualquer tratamento de liberação.
TABELA 35 - Número de indivíduos de candeia e de outras espécies/ha, distribuídas em diferentes classes de altura.
Parcela |
Espécie |
Classes de Altura (m) |
|||
|
1,50 3,00 |
> 3,00 (DAP < 5,0 cm) |
Total |
||
Média |
Candeia |
894,41 |
366,7 |
250,0 |
1511,11 |
Outras |
23544,4 |
3200,0 |
1655,6 |
28400,00 |
Para que o manejador possa tomar decisões técnicas sobre a condução da regeneração natural é apresentado na Figura 39 a distribuição espacial de 18 parcelas (5x20m) amostradas para estudo da regeneração natural, no município de Baependi, Minas Gerais. Pode-se observar que em quatro destas não ocorreu regeneração da candeia, já que estas se encontravam em região de transição com matas densas e de alto porte, o que dificulta a penetração de luz em seu interior.
b) Caso de Carrancas
Nas Tabelas 36 e 37 são apresentadas a estrutura da regeneração natural para um fragmento onde não houve corte da candeia adulta. Observou-se que a regeneração natural da candeia nesta se mostrou abundante, porém inferior ao potencial da espécie, embora esta seja de longe a espécie que mais ocorreu no sub bosque da vegetação amostrada. Entretanto com tratamentos de liberação adequados para o candeal adulto será possível estimular a regeneração natural desta espécie para que o plano de manejo seja sustentável.
TABELA 36 - Estrutura horizontal e vertical da candeia em relação à vegetação amostrada na área de estudo.
Espécie |
DA |
DR |
FA |
FR |
IVI |
PS1 |
PS2 |
PS3 |
PS4 |
PSR |
IVIA |
Eremanthus incanus |
6640 |
92,74 |
100 |
62,5 |
155,24 |
0 |
3666,67 |
2506,67 |
466,67 |
94,25 |
249,48 |
Eremanthus erythropappus |
520 |
7,26 |
60 |
37,5 |
44,76 |
0 |
213,33 |
133,33 |
173,33 |
5,75 |
50,52 |
DA
- Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; FA - Freqüência absoluta; FR -
Freqüência relativa; IVI - Índice de valor de importância; PS1 - Posição sociológica
dos indivíduos com H < 0,03 m; PS2 - Posição sociológica dos indivíduos com
0,03 £ H , 1,5 m; Posição
sociológica dos indivíduos com 1,5 £ H < 3 m; Posição sociológica dos indivíduos com H ³ 3 cm e com DAP < 5 cm; PSR - Posição sociológica
relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância Ampliado.
Os números apresentados na Tabela 37 mostram que, apesar do sombreamento no sub-bosque, que é limitante ao desenvolvimento da candeia, existe um considerável número de candeias na classe de altura entre 30cm e 1,50 m em média, 3666,67 plantas/ha, em média 2746,67 indivíduos na classe de 1,5 a 3,0m de altura e 746,67 indivíduos na classe com mais de 3m de altura e menos que 5cm de diâmetro. Estes números mostram a potencialidade da área mesmo sem qualquer tratamento de liberação para aumento da luminosidade e redução da competição. São mais significativos ainda à medida que na área não havia candeia, o que vem sendo estimulado gradativamente.
TABELA 37 - Número de indivíduos de candeia distribuídas em diferentes classes de altura.
Parcela |
Classes de Altura (m) |
|||
|
|
³ 3,00 (DAP < 5,0 cm) |
Total |
|
Média |
3666,67 |
2746,67 |
746,67 |
7160,00 |
Para que o manejador possa tomar decisões técnicas sobre a condução da regeneração natural é apresentado na Figura 40 a distribuição espacial desta nas 15 parcelas amostradas para estudo da regeneração natural, no município de Carrancas, Minas Gerais.
FIGURA 40- Distribuição espacial das 15 parcelas amostradas para estudo da regeneração natural,no município de Carrancas, Minas Gerais (Continua ...).
21.2 Exemplo de regeneração
natural da candeia em povoamentos sujeito a exploração
Nas Tabelas 38 e 39 são apresentadas a estrutura da regeneração natural para um fragmento de 800ha que desde 1985 vem sofrendo exploração florestal, sendo que somente em 2000 houve exploração de 15000 dúzias de moirões de candeia. Pode-se observar que a regeneração natural da candeia nesta amostra se mostrou muito abundante, o que possibilita um imediato manejo para sua condução no intuito de selecionar os melhores indivíduos para que seja obtida uma maior colheita num menor prazo possível aumentando assim a rentabilidade do manejo.
TABELA 38 - Estrutura horizontal e vertical da candeia em relação à vegetação amostrada na área de estudo.
Espécie |
DA |
DR |
FA |
FR |
IVI |
PS1 |
PS2 |
PS3 |
PS4 |
PSR |
IVIA |
Eremanthus incanus |
17907,69 |
99,91 |
100 |
92,86 |
192,77 |
0,00 |
3569,23 |
8800 |
5538,46 |
99,89 |
292,66 |
Outras
espécies |
15,38 |
0,09 |
7,69 |
7,14 |
7,23 |
0,00 |
0,00 |
15,38 |
0,00 |
0,11 |
7,34 |
DA - Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; FA
- Freqüência absoluta; FR - Freqüência relativa; IVI - Índice de Valor de Importância;
PS1 - Posição sociológica dos indivíduos com H < 0,03 m; PS2 - Posição
sociológica dos indivíduos com 0,03 £ H < 1,5 m; Posição
sociológica dos indivíduos com 1,5 £ H < 3 m; Posição
sociológica dos indivíduos com H ³ 3 cm e com DAP < 5 cm;
PSR - Posição sociológica relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância
Ampliado.
Os números apresentados na Tabela
39 mostram que, apesar do sombreamento no sub-bosque, que é limitante ao
desenvolvimento da candeia, existe um considerável número de candeias na classe
de altura entre 30cm e 1,50 m em média, 3569,23 plantas/ha, em média 8815,38
indivíduos na classe de altura de 1,5 a 3,0m de altura e 5538,46 indivíduos na
classe com mais de 3m de altura e menos que 5cm de diâmetro. Estes números
mostram a potencialidade da área mesmo sem qualquer tratamento de liberação
para aumento da luminosidade e redução da competição.
TABELA 39 - Número de indivíduos de candeia distribuídas em diferentes classes de altura.
Parcela |
Classes de Altura (m) |
|||
|
|
³
3,00 (DAP < 5,0 cm) |
Total |
|
Média |
3569,23 |
8815,38 |
5538,46 |
17923,08 |
Para que o manejador possa tomar decisões técnicas sobre a condução da regeneração natural é apresentado, na Figura 41, a distribuição espacial desta nas 33 parcelas amostradas para estudo da regeneração natural, no município de Morro do Pilar, Minas Gerais.
FIGURA 41 - Distribuição espacial das 30 parcelas amostradas para estudo da regeneração natural, no município de Morro do Pilar, Minas Gerais (Continuação ...)
FIGURA 41 - Distribuição espacial das 30 parcelas amostradas para estudo da regeneração natural, no município de Morro do Pilar, Minas Gerais (Continuação ...)
21.3 O manejo a partir do controle
da regeneração natural
a)
O povoamento remanescente não recebe nenhum tratamento silvicultural
A Figura 42(a) retrata a estrutura de um povoamento de candeia remanescente à exploração, no qual a própria natureza se encarrega de prover o auto desbaste para que parte das plantas possam apresentar um desenvolvimento em diâmtero que a torne aproveitável comercialmente. Esta é a estratégia de 100% dos agricultores que exploram a candeia. É interessante notar que apesar da espécie apresentar alto retorno econômico ela não é tratada como uma cultura. Assim não se exercita o conceito de uma agricultura tecnificada, e baseada na alta produtividade, e sim o conceito de extrativismo.
Com esta estratégia o agricultor deixa que seu povoamento viva sempre em stress, com um número de plantas por hectare sempre superior ao que o sítio tem capacidade para suportar. Desta maneira o ciclo de corte é aumentado e rentabilidade do proprietário reduzida. Basta observar na mesma figura 42(b) que plantas crescendo num maior espaçamento apresentam um maior diâmetro num menor tempo.
(a) (b)
FIGURA 42 - Retratam o desenvolvimento em diâmetro de plantas de candeia crescendo em grupo (a) e crescendo isoladas (b).
b)
Área com alta regeneração natural
A Figura 43 retrata a estrutura da regeneração de um candeal após este ser totalmente destruído em um incêndio florestal em outubro de 1999, corroborando com a posição de que com alta intensidade luminosa sobre as sementes e a chuvas logo em seguida se obtém uma lata intensidade da regeneração natural.
FIGURA
43 - Retratam a paisagem de candeia 2,6 anos após a ocorrência de um grande
incêndio florestal.
Na Tabela 40 é mostrada a estrutura da
regeneração narural de parcelas lançadas nesta área mostrando que existem em
média 96625 plantas/ha, fato que implica na total ocupação da área. Este fato
tem duas implicações:
A primeira é que com uma regeneração natural
tão intensa todos os espaços são ocupados. Este fato propicia que se possa
selecionar as plantas que se deseja conduzir para o ciclo de corte sem que
fiquem clareiras na área.
A segunda é que se nenhum manejo for
adotado na área haverá uma excessiva competição e as plantas só terão
desenvolvimento em altura e praticamente nenhum em diâmetro. Este na realidade
só começará a apresentar desenvolvimento mais significativo quando começar a
ocorrer o autodesbaste na vegetação em questão. Este fato torna a rotação da
cultura mais longa e reduz o potencial produtivo da área pelo excesso de
competição. É neste instante que a ação do manejador se faz necessária,
promovendo intervenções para que haja um controle da competição e um máximo
aproveitamento do potencial produtivo do sítio.
TABELA 40 - Estrutura horizontal e vertical do experimento com candeia área de estudo.
Espécie |
DA |
DR |
FA |
FR |
IVI |
PS1 |
PS2 |
PS3 |
PS4 |
PSR |
IVIA |
Eremanthus incanus |
96625 |
100 |
100 |
100 |
200 |
18025 |
71425 |
7175 |
0 |
100 |
300 |
DA
- Densidade absoluta; DR - Densidade relativa; FA - Freqüência absoluta; FR -
Freqüência relativa; IVI - Índice de Valor de Importância; PS1 - Posição
sociológica dos indivíduos com H < 0,03 m; PS2 - Posição sociológica dos indivíduos
com 0,03 £ H < 1,5 m; Posição
sociológica dos indivíduos com 1,5 £ H < 3 m; Posição sociológica dos indivíduos com H ³ 3 cm e com DAP < 5 cm; PSR - Posição sociológica
relativa; IVIA - Índice de Valor de Importância Ampliado.
Uma outra visão da distribuição destas plantas por unidade de área é mostrada na Figura 44, justificando que um desbaste seja feito nos candeiais com este padrão de regeneração para que se tenha um povoamento remanescente crescendo sem competição. Este fato propiciará a colheita da candeia num menor tempo, tornando-as uma opção mais viável aos agricultores.
FIGURA 44 - Distribuição da regeneração natural nas parcelas do bloco I antes da instalação dos tratamentos (Continua ...)
FIGURA 44 - Distribuição da regeneração natural nas parcelas do bloco I antes da instalação dos tratamentos (Continuação)
Na
Tabela 41 são ilustrados desbastes mostrando como a população residual ficará
após redução de plantas que permitam a implementação de um espaçamento médio de
1,0x1,5m com 6666 plantas/ha; 1,5x1,5m com 4444 plantas/ha; 2,0x1,5m com 3333
plantas/ha; 2,5x1,5m com 2667 plantas/ha; e 3,0x1,5m com 2222 plantas/ha. O
número de linhas definidos para cada tratamento foram controles para implementar
os desbastes obtidas pela razão entre o lado da parcela por exemplo 20 m e a
distância média sob influência de cada planta no espaçamento em questão. Nas
Figuras 45 e 46 são ilustradas as estruturas dos povoamentos sujeitas aos
diferentes espaçamentos médios após a execução dos desbastes.
TABELA
41 - Exemplo do controle dos tratamentos (T) sujeitos às linhas (L) de controle
em seu interior.
Número de plantas |
||||||
Linhas |
T1 (1x1,5m) |
T5 (3x1,5m) |
T3 (2x1,5m) |
T4 (2,5x1,5m) |
T6 (Test.) |
T2 (1,5x1,5m) |
L1 |
25 |
11 |
12 |
10 |
- |
14 |
L2 |
22 |
10 |
12 |
11 |
- |
15 |
L3 |
27 |
9 |
12 |
11 |
- |
14 |
L4 |
27 |
6 |
11 |
11 |
- |
14 |
L5 |
18 |
11 |
10 |
7 |
- |
14 |
L6 |
24 |
7 |
12 |
12 |
- |
11 |
L7 |
24 |
12 |
15 |
13 |
- |
15 |
L8 |
22 |
12 |
11 |
13 |
- |
15 |
L9 |
20 |
13 |
14 |
8 |
- |
16 |
L10 |
23 |
- |
9 |
11 |
- |
10 |
L11 |
37 |
- |
15 |
- |
- |
12 |
L12 |
- |
- |
- |
- |
- |
15 |
L13 |
- |
- |
- |
- |
- |
14 |
Total de plantas por cada 400m2 |
269 |
91 |
133 |
107 |
- |
179 |
FIGURA 45 - Linhas de controle, inclusive com coloração em amarelo e vermelho no campo.
FIGURA 46- Tratamentos de desbastes aplicados aos blocos com regeneração natural da candeia.
22
CRESCIMENTO DA VARIÁVEL DIÂMETRO
Na ausência de plantios de candeia que
tenham sido monitorados ao longo do tempo, e como a candeia apresenta anéis de
crescimento visíveis, pode-se então fazer uso da técnica de análise de tronco
para viabilizar algum conhecimento sobre o desenvolvimento da candeia.
A metodologia utilizada para proceder a
contagem e a medição dos anéis de crescimento foi a proposta por Baruso (1977).
Esta consiste em identificar o maior diâmetro do disco e então, no sentido
anti-horário marcar 45°. Neste ponto, faz-se uma cruz de forma ortogonal e
procede-se à medição da espessura e contagem dos anéis de crescimento para se
obter, respectivamente, o incremento em diâmetro e a idade em que este ocorreu.
No caso dos discos apresentarem forma muito diferente da circular, ou nos casos
em que os discos apresentarem defeitos que não permitam a aplicação desta
metodologia, traçaram-se raios em locais em que for possível a medição (Figura
47).
Os discos utilizados pode ser aquele retirado a 0% da altura de cada árvore o qual deve ser lixado para facilitar a identificação dos anéis de crescimento e, então, proceder à marcação dos pontos de medição. Para auxiliar na distinção dos anéis, pode-se utilizar também Phloroglucinol em solução preparada na proporção de: 1,21 g de Phloroglucinol, 40 ml de ácido clorídrico (50%) e 80 ml de álcool etílico.
FIGURA 47 - Posições de medição dos anéis de crescimento.
A análise de crescimento efetuada nas árvores cubadas rigorosamente mostrou que, em todas as classes diamétricas, o crescimento em diâmetro apresentou um aumento consistente até um ponto máximo e um consistente declínio após atingir este ponto.
Foi possível definir, também, que o
incremento médio anual (IMA) em diâmetro na base da árvore variou de 0,522 a
0,853 cm, para as classes de 7,5 e de 27,5 cm, respectivamente (Tabela 42).
Estes números indicam que a candeia, após a aplicação de tratamentos que
reduzam a sua competição, pode vir a apresentar crescimento superior a 1 cm/ano
e que em um programa de seleção de árvores matrizes e experimentos de
espaçamento e nutrição podem ser alternativas que viabilizam o uso desta
espécie em larga escala comercial. Verificou-se ainda que o crescimento das
candeias, após atingir a classe de 27,5 cm, foi muito lento.
TABELA 42 - Incremento corrente anual (ICA) em diâmetro dos anéis de crescimento da candeia retirados da base (0% da altura).
Idade |
Crescimento em Diâmetro por
Classe (mm) |
|||||
5 - 10 |
10 - 15 |
15 - 20 |
20 - 25 |
25 - 30 |
30 - 35 |
|
1 |
4,94 |
5,63 |
5,01 |
5,32 |
8,71 |
5,03 |
2 |
4,42 |
5,63 |
5,36 |
5,82 |
7,02 |
5,18 |
3 |
4,71 |
5,84 |
6,82 |
6,60 |
7,46 |
6,19 |
4 |
5,46 |
6,35 |
7,39 |
7,55 |
8,35 |
6,81 |
5 |
5,32 |
6,34 |
8,30 |
8,38 |
9,73 |
8,76 |
6 |
6,11 |
6,75 |
8,15 |
8,81 |
9,02 |
8,91 |
7 |
6,00 |
7,30 |
7,34 |
9,21 |
10,31 |
8,72 |
8 |
5,69 |
7,59 |
8,49 |
10,32 |
11,54 |
9,70 |
9 |
5,62 |
6,98 |
9,55 |
9,52 |
10,54 |
9,02 |
10 |
6,41 |
6,34 |
8,05 |
8,78 |
10,01 |
10,29 |
11 |
6,36 |
7,23 |
8,39 |
10,14 |
10,33 |
9,95 |
12 |
6,42 |
7,15 |
7,98 |
9,35 |
9,69 |
11,04 |
13 |
5,56 |
7,13 |
8,35 |
9,42 |
8,28 |
8,58 |
14 |
4,50 |
7,60 |
8,53 |
9,07 |
9,96 |
8,86 |
15 |
4,83 |
7,26 |
8,73 |
8,03 |
7,70 |
8,39 |
16 |
3,10 |
7,77 |
7,98 |
7,49 |
8,32 |
8,32 |
17 |
4,19 |
8,23 |
7,83 |
7,46 |
7,86 |
8,60 |
18 |
4,32 |
7,46 |
7,56 |
6,75 |
7,27 |
8,03 |
19 |
- |
7,27 |
6,43 |
7,14 |
7,80 |
8,07 |
20 |
- |
6,86 |
6,57 |
7,39 |
6,99 |
8,26 |
21 |
- |
6,16 |
6,53 |
7,87 |
6,97 |
7,64 |
22 |
- |
5,98 |
6,55 |
7,41 |
7,61 |
7,68 |
23 |
- |
5,23 |
5,50 |
6,26 |
7,34 |
7,76 |
24 |
- |
- |
6,79 |
6,22 |
7,77 |
8,26 |
25 |
- |
- |
6,88 |
6,44 |
9,67 |
7,52 |
26 |
- |
- |
6,64 |
6,39 |
7,81 |
7,12 |
27 |
- |
- |
6,05 |
5,69 |
7,97 |
7,84 |
28 |
- |
- |
6,05 |
3,42 |
7,82 |
7,65 |
29 |
- |
- |
4,65 |
- |
7,12 |
8,42 |
30 |
- |
- |
- |
- |
8,03 |
6,47 |
31 |
- |
- |
- |
- |
7,93 |
7,17 |
32 |
- |
- |
- |
- |
8,87 |
6,47 |
33 |
- |
- |
- |
- |
10,99 |
5,22 |
34 |
- |
- |
- |
- |
7,25 |
4,90 |
35 |
|
- |
- |
- |
- |
6,28 |
36 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,26 |
37 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,37 |
38 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,51 |
39 |
- |
- |
- |
- |
- |
5,57 |
40 |
- |
- |
- |
- |
- |
5,11 |
41 |
- |
- |
- |
- |
- |
5,93 |
42 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,59 |
43 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,05 |
44 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,13 |
45 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,64 |
46 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,85 |
47 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,38 |
48 |
- |
- |
- |
- |
- |
6,25 |
49 |
- |
- |
- |
- |
- |
4,78 |
50 |
- |
- |
- |
- |
- |
4,18 |
IMA |
5,22 |
6,79 |
7,19 |
7,58 |
8,53 |
7,25 |
Estes números indicam que a candeia, após a aplicação de tratamentos que reduzam sua competição, pode vir a apresentar crescimentos superiores a 1 cm/ano. Mostra ainda que um programa de seleção de árvores matrizes e experimentos de espaçamento e nutrição podem ser uma alternativa que viabilize o uso dessa espécie em larga escala comercial.
Ainda com relação à Tabela 42, observou-se que a idade média das plantas na classe de 7,5 cm foi de 18 ano, de 23 anos para a classe de 12,5 cm, em torno de 28,5 anos para a classe de 17,5 e 22,5 cm, de 34 anos para a classe de 27,5 cm e de 50 anos para a classe de 32,5 cm.
Estes números aparentemente altos foram obtidos das árvores cubadas rigorosamente que estavam em competição com outras espécies, ou com outras árvores da própria candeia.
Pode-se observar, ao analisar a primeira classe diamétrica, que a ausência de tratamentos que reduzam a competição entre as plantas e aumentem a incidência de luz sobre a candeia são fatores indutores de um crescimento lento. Pode-se observar, também, que a passagem de árvores da classe diamétrica de 27,5 para 32,5 cm é muito vagarosa, muito provavelmente já refletindo o estádio de senescência a que esta espécie está sujeita, principalmente por se tratar de uma espécie pioneira.
Os fatos mencionados anteriormente são ilustrados na Figura 48, seja através dos dados quantificados na análise do tronco, seja através do modelo ICA=β0+β1I+β2I2, em que IC é o incremento corrente em diâmetro, I a idade em anos e βis parâmetros estimados pelo método dos mínimos quadrados.
FIGURA 48- Comportamento do incremento corrente anual em diâmetro (ICA) na classe de diâmetro 7,5 cm (a), 12,5 cm (b), 17,5 cm (c), 22,5 cm (d), 27,5 cm (e) e 32,5 cm (f) para a candeia.
23
O POTENCIAL DA CANDEIA PLANTADA
Baseada na experiência dos pesquisadores da UFLA em relação a vegetação nativa da candeia e nas primeiras avaliações de desenvolvimento após plantio serão realizadas uma série de testes de sensibilidade para definir o potencial econômico da espécie. Nesta análise de sensibilidade será considerado o espaçamento 3,0x1,5m, e duas taxas de incremento médio anual em diâmetro das plantas na idade prevista de corte de 7 anos (Tabela 43).
TABELA 43 - Ilustra potencialidade econômica da candeia.
Espaç |
DAP Esperado (cm) |
IMAD (cm/ano) |
Volume /árvore m3 |
No
de arvores (menos
falhas e
mortas = 10%) |
Volume (m3/ha) |
Volume (mst/ha) |
Renda (R$
70,00/mst) |
Taxa
de Juros
(%) |
VPL (R$/ha) |
TIR (%) |
3
x 1,5 |
7,37 |
1,05 |
0,01759 |
2.000 |
35,2 |
80,256 |
5.617,92 |
4% |
2.914,81 |
28,91 |
|
|
|
|
|
|
|
|
7% |
2.236,18 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
10% |
1.694,49 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
13% |
1.259,50 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
16% |
908,21 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
19% |
622,98 |
|
|
12,36 |
1,76 |
0,04475 |
2.000 |
89,5 |
178,100 |
12.467,00 |
4% |
7.524,20 |
44,72 |
|
|
|
|
|
|
|
|
7% |
6.013,99 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
10% |
4.807,48 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
13% |
3.838,06 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
16% |
3.054,65 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
19% |
2.418,12 |
|
24
CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS DA CANDEIA
A madeira de candeia tradicionalmente foi empregada na construção naval, construção de canoas, lenha, postes e como moirão para cercas. Nos últimos anos, além destes usos a candeia tem sido usada para a extração de óleo essencial, o qual apresenta altos teores de alfabisabolol, um composto de grande importância econômica, usado pelas indústrias de medicamentos e cosméticos.
Apesar de ser uma espécie florestal importante como geradora de renda em diversos municípios mineiros contraditoriamente, muito pouco se conhece sobre a forma com que seus produtos (moirão para cerca e óleo essencial) são comercializados, o preço de venda destes produtos, os produtores e os consumidores de candeia, bem como outros aspectos referentes a cadeia de comercialização da madeira desta espécie.
24.1 A cadeia de comercialização
dos produtos da candeia
Para caracterizar a cadeia de
comercialização dos produtos da candeia é preciso distinguir as espécies Eremanthus incanus e Eremanthus erythropappus. A
primeira, popularmente conhecida como “capituda”, é utilizada principalmente
como moirão na construção de cercas que delimitam propriedades rurais e/ou que
dividem pastagens internas das mesmas, devido a sua grande durabilidade. A segunda
espécie, popularmente conhecida como “cheirosa” é utilizada como moirão para
cerca e também para a produção de óleo, cujo principal princípio ativo é o
alfabisabolol, utilizado na fabricação de medicamentos e cosméticos.
24.1.1 Cadeia de comercialização
de moirões da espécie Eremanthus incanus
A Figura 49 mostra como ocorre a
comercialização dos moirões desta espécie de candeia. O processo inicia com o
corte da árvore pelos extratores, que normalmente são trabalhadores rurais e
pequenos produtores rurais.
a)
Extratores de candeia
Os trabalhadores rurais são pessoas
não-proprietárias de terras que, na maior parte do tempo, dedicam-se a retirada
de candeia em terra de terceiros. Eles residem em zonas rurais e urbanas dos
municípios onde a candeia ocorre com abundância.
Os pequenos produtores rurais dedicam parte
de seu tempo as atividades agropecuárias em sua propriedade e parte a extração
de candeia em terras próprias ou em terras de terceiros.
Para cortar a candeia o mais comum é os
extratores usarem o machado, mas há situações em que eles usam motosserra. O
baldeio da madeira até a beira das estradas normalmente é feito com muares
(burros).
Os extratores são contratados pelos proprietários de terras onde há candeia e/ou por atacadistas de candeia, que fazem o pagamento por dia de trabalho ou em função da quantidade de moirões cortados e baldeados até a beira da estrada, sendo esta a maneira mais usada.
O salário pago por dia de trabalho varia entre regiões e mesmo em determinado município. Por exemplo, no município de Morro do Pilar, MG, o salário diário de um trabalhador varia de R$ 6,00 a R$ 12,00 (referencia: maio/2001). Já o preço pago pela dúzia de moirões colocada na beira da estrada varia de R$2,00 a R$ 5,00 (referencia: maio/2001). Este valor depende do diâmetro dos moirões, da quantidade de moirões existentes por unidade de área, da proximidade das estradas para onde os moirões serão baldeados, da topografia da área, e de outras dificuldades encontradas para cortar e retirar a madeira de dentro do candeal.
Utilizando machado um trabalhador consegue cortar de 8 a 20 dúzias de moirões por dia, sendo este rendimento dependente das condições mencionadas anteriormente. Para baldear a madeira até a beira da estrada utilizando tropa de 3 burros o rendimento é de 15 a 30 dúzias por dia. Cada burro transporta de 8 a 15 moirões, dependendo do diâmetro dos mesmos e das condições do terreno.
FIGURA
49 - Cadeia de comercialização de moirões da espécie Eremanthus incanus.
Para a produção de moirões, as árvores a serem cortadas devem ter pelo menos uma grossura variando de “garrafa” (7 cm de diâmetro) a “litro” (10 a 12 cm de diâmetro). Abaixo deste diâmetro o moirão não tem boa aceitação pelo mercado devido a sua baixa durabilidade, uma vez que a madeira tem pouco cerne e muito “branco” (alburno). Já quando o moirão vai ser usado como “esticador”, o ideal é que sua grossura seja pelo menos igual a de um garrafão (15 cm de diâmetro).
A renda mensal que um extrator de candeia consegue
obter cortando as árvores com machado e retirando os moirões até a estrada ou
até a entrada da propriedade usando uma tropa de 3 burros é estimada em
R$560,00, equivalente a 3,11 salários mínimos (Salário mínimo vigente =
R$180,00). Para conseguir esta renda o trabalhador tem que receber R$3,50 por
dúzia de moirão colocado na beira da estrada, retirar 8 dúzias de moirão por
dia e trabalhar 20 dias por mês.
b) Grandes produtores rurais
São fazendeiros capitalizados que
geralmente têm caminhões para transportar a candeia. Há casos em que o produtor
rural além de explorar candeia em sua propriedade compra candeia de outros
proprietários de terra de seu município e algumas vezes dos municípios
vizinhos.
A compra de candeia de outros proprietários é feita na base de madeira em pé ou madeira já explorada e colocada na beira da estrada.
Os grandes produtores rurais contratam os extratores para realizar a exploração de candeia em sua propriedade e em propriedades de terceiros.
A candeia é vendida para os atacadistas de candeia ou diretamente aos consumidores (fazendeiros). No primeiro caso, a madeira pode ser vendida em pé ou já explorada e colocada na beira da estrada (“na porteira da fazenda”). No segundo caso, a candeia é vendida em diversos municípios mineiros e de outros estados.
No caso de o produtor rural possuir caminhão, há duas formas
mais utilizadas para venda de candeia: a) o produtor contrata um motorista e
lhe paga cerca de R$150,00/caminhão/viagem para que ele venda a candeia (60 a
80 dúzias). O produtor fixa o preço pelo qual o motorista deve vender a madeira
(de R$ 25,00 a R$ 60,00 a dúzia, dependendo do diâmetro dos moirões e da
distância percorrida até o mercado consumidor). As despesas de viagem correm
por conta do produtor; b) O produtor disponibiliza seu caminhão a determinado
motorista e lhe vende uma carga de candeia por um preço que varia de R$ 20,00 a
R$ 50,00 a dúzia. O motorista tem autonomia para vender os moirões ao
consumidor final pelo preço que desejar, mas as despesas de viagem são por sua
conta.
Estimar a renda obtida
com a venda de candeia pelos grandes produtores rurais é difícil devido a
grande variação existente nas informações referentes a tamanho de propriedade,
área das propriedades ocupada com candeia, preços de venda de moirão, etc.
Contudo, para ter uma noção do montante de recursos que a candeia gera a este
componente da cadeia de comercialização, estimou-se a renda de um produtor
rural do município de Morro do Pilar, MG, que no ano de 2001 extraiu cerca de
12.000 dúzias de moirão de uma propriedade de 1.210 hectares, sendo cerca de
70% ocupada com candeia. Ele possui 6 caminhões e em média emprega 6 motoristas
e 15 trabalhadores nas fases de corte, extração e carregamento/descarregamento
dos caminhões. Considerando um preço de venda médio de R$ 30,00/dz para o
moirão entregue na fazenda do consumidor estima-se que o produtor tenha obtido
uma renda anual de R$360.000,00 com a venda dos moirões. Deve-se ressaltar que
trata-se de uma renda bruta não sendo dela descontados os custos com pessoal,
transporte, documentação, etc.
c) Atacadistas de candeia
São
pessoas que comercializam candeia e que normalmente possuem caminhão, utilizado
para o transporte de diversas mercadorias, mas a atividade principal é o transporte
de candeia. Compram a madeira de produtores rurais e a vendem em diversos
municípios mineiros e de outros estados. A área de abrangência do atacadista
pode envolver vários municípios onde a candeia ocorre em abundância.
Nos
casos em que a madeira é adquirida em pé, o preço situa-se na faixa de R$5,00 a
R$ 8,00. Já se a madeira for adquirida na beira da estrada o preço pago varia
de R$ 8,00 a R$ 15,00.
Os caminhões com candeia se deslocam para
diversas cidades mineiras (principalmente do sul de minas e do triângulo
mineiro) e de outros estados (principalmente de São Paulo e do Espírito Santo)
onde estacionam próximo a sindicatos rurais, cooperativas agrícolas,
estabelecimentos comerciais que vendem produtos agropecuários, praças e vias de
tráfego intenso e aguardam a chegada dos compradores. A negociação é feita
diretamente entre o comprador (normalmente fazendeiros da região) e o
caminhoneiro. A preferência do atacadista é pela venda de toda a carga a um só
comprador, mas na maioria dos casos são vendidos lotes de diversos tamanhos
(dúzias) a vários fazendeiros. Normalmente a entrega dos moirões é feita na
propriedade do comprador.
O preço de venda da dúzia de moirões varia de R$ 25,00 a R$ 60,00 e depende de fatores como diâmetro dos moirões, época do ano e distância percorrida pelo caminhoneiro.
A época em que há mais procura por moirões é no início do plantio da safra agrícola quando há necessidade de isolar as áreas para evitar acesso de animais domésticos nos plantios. Contudo, a comercialização de moirões ocorre o ano inteiro, havendo paralização apenas em épocas de chuvas intensas que danificam as estradas rurais e impedem o acesso dos caminhões aos candeais para a retirada da madeira. Alguns atacadistas possuem pátios para estocar moirões e assim garantir um fluxo mais constante do produto no mercado.
A renda que determinado
atacadista obtém com a comercialização da candeia depende de fatores como preço
de compra e venda da madeira, quantidade de caminhões usados na atividade,
estocagem ou não de madeira, etc.
Conforme já mencionado,
há três maneiras mais usadas pelos atacadistas para adquirir o moirão: compra
de moirão em pé no candeal; compra de moirão colocado na beira da estrada;
compra de moirão colocado no pátio de estocagem. No primeiro caso o preço de
compra da dúzia de moirão varia de R$ 5,00 a R$ 8,00; no segundo caso a
variação é de R$ 8,00 a R$ 15,00; no terceiro caso o preço varia de R$ 12,00 a
R$ 20,00.
Para obter uma
estimativa da renda deste segmento da cadeia, considerou-se como referência o
caso de um atacadista que possui apenas um caminhão para transportar candeia e
que não dispõe de pátio para estocar candeia, ou seja, o moirão sai direto da
propriedade para o consumidor. Ele adquire a candeia colocada na beira da
estrada pelo preço médio de R$ 11,00/dz e a vende aos consumidores finais
(produtores rurais) por R$ 30,00/dz. Considerando a venda mensal de 3 caminhões
de candeia com uma carga de 70 dúzias por caminhão, obtém-se R$ 3.990,00/mês,
equivalente a uma renda anual de R$47.880,00.
d) Consumidores ou mercado terminal
Constituem o último e maior segmento da
cadeia de comercialização. Trata-se, principalmente, de fazendeiros de diversas
cidades mineiras e de outros estados que compram os moirões de candeia dos
caminhoneiros ou diretamente dos produtores rurais. Os moirões são usados
principalmente para a construção de cercas divisórias de pastagens, de plantios
agrícolas e limites da propriedade.
O preço de compra é negociado diretamente com o vendedor e o pagamento normalmente é feito a vista. O mais comum é não haver contrato formal de compra e venda entre as partes, ou seja, toda a transação é verbal.
e)
Margem de comercialização
Para uma melhor
apreciação sobre a percentagem de ganho que fica para cada um dos participantes
da cadeia, estimou-se a margem de comercialização, que é entendida como a
diferença entre o preço do produto nos diversos níveis da cadeia de
comercialização.
O cálculo da margem de
comercialização da candeia, estimada para os extratores, grandes proprietários
de terra e atacadistas, baseou-se na média dos preços recebidos pela dúzia de
candeia por estes membros da cadeia, durante o ano de 2001, conforme mostra a
Tabela 1.
No caso dos grandes
proprietários de terra, decidiu-se pela estimativa de sua margem de
comercialização com base apenas na produção de moirões de candeia, ou seja,
considerou-se que eles vendem a candeia colocada na beira da estrada aos
atacadistas, não participando, portanto, do processo de venda diretamente aos
consumidores. De maneira geral, esta é a situação que ocorre com maior
frequência na região de estudo.
Os preços recebidos pelos participantes da cadeia de
comercialização pela venda de moirões de candeia e as margens de margens de
comercialização de cada participante são apresentados na Tabela 1 e na Figura
50, respectivamente. Nota-se que a maior margem de comercialização corresponde
aos atacadistas, os quais ficam com 63,33 % do valor total pago pelos
consumidores. Por outro lado os proprietários de terra onde há candeia e os
extratores obtiveram margens de comercialização de 25,00 % e 11,67 %,
respectivamente.
TABELA
1 - Preço recebido pelos participantes da cadeia de comercialização pela venda
de moirões
Participantes
da cadeia de comercialização da candeia |
Preço da
dúzia de moirão (R$/Kg)1 |
- Extratores (PE) |
3,50 |
- Produtores rurais (PP) |
11,00 |
- Atacadistas (PA) |
30,00 |
1 PE
= preço recebido pelos extratores, para cada dúzia de moirão de candeia
colocada na beira da estrada;
PP = preço recebido pelos
produtores rurais, para cada dúzia de moirão de candeia vendida aos
atacadistas.
PA = preço recebido pelos
atacadistas, para cada dúzia de moirão de candeia vendida aos consumidores.
FIGURA
50- Margem de comercialização, em percentagem, dos diferentes participantes da
cadeia de comercialização de moirões para cerca obtidos da espécie Eremanthus incanus.
É importante observar
que no caso em que os proprietários de terra vendem moirões diretamente aos
consumidores, ou seja, sem nenhuma intermediação, como acontece muito na região
de estudo, sua margem de comercialização será ampliada de 25% para 88,33%, uma
vez que o preço de venda será de R$ 30,00 e não de R$ 11,00.
24.1.2 Cadeia de
Comercialização dos produtos da Eremanthus erythropappus
a) Extratores de candeia (trabalhadores rurais e pequenos proprietários rurais)
Os extratores de candeia já foram caracterizados na cadeia de comercialização da Eremanthus incanus. No caso da Eremanthus erythropappus aproveita-se o fuste e os galhos da planta. Assim, o extrator pode receber seu pagamento tanto em relação a quantidade de dúzias de moirões extraídos quanto em função do volume de madeira retirado, sendo esta a forma mais utilizada quando a madeira é usada para a produção de óleo.
O preço pago pelo metro estéreo (mst) de madeira colocada na beira da estrada varia de R$ 3,00 a R$ 7,00. Este valor depende do diâmetro e da altura da árvores, da densidade de árvores por unidade de área, da proximidade das estradas para onde a madeira será baldeada, da topografia da área, e de outras dificuldades encontradas para cortar e retirar a madeira de dentro do candeal.
FIGURA 51 - Cadeia de comercialização da espécie Eremanthus erythropappus.
Utilizando machado um trabalhador consegue cortar e baldear até a beira da estrada de 2 a 6 mst (moirões, galhos finos e galhos grossos) de madeira por dia, sendo este rendimento dependente das condições mencionadas anteriormente. Normalmente o baldeio da madeira é feito utilizando tropa de 3 burros.
A renda obtida com a venda de moirões para cerca já foi caracterizada quando se tratou da espécie Eremanthus incanus. Assim, no caso da Eremanthus erythropappus, o enfoque será para a determinação da renda dos participantes da cadeia de comercialização considerando o uso da madeira para a produção de alfabisabolol.
A renda mensal que um extrator de candeia
consegue obter cortando as árvores com machado e retirando a madeira até a
estrada ou até a entrada da propriedade usando uma tropa de 3 burros é estimada
em R$400,00, equivalente a 2,2 salários mínimos (Salário mínimo vigente =
R$180,00). Para conseguir esta renda o trabalhador tem que receber R$5,00 por
mst de madeira colocado na beira da estrada, retirar 4 mst de madeira por dia e
trabalhar 20 dias por mês.
b) Grandes produtores rurais
Este
segmento da cadeia de comercialização já foi caracterizado na cadeia da espécie
Eremanthus incanus. O que muda aqui é
que além de vender madeira (moirão para cerca e para óleo, galhos finos e
galhos grossos para óleo) para os atacadistas de madeira e moirões para os
fazendeiros, os grandes produtores rurais vendem madeira diretamente para as
indústrias que processam o óleo.
Normalmente,
o valor do moirão da Eremanthus
erythropappus é superior ao valor do moirão da Eremanthus incanus, já que o moirão da primeira espécie tem maior
durabilidade, uma vez que a quantidade de óleo nele existente é maior.
A
venda de madeira (moirão para cerca e/ou madeira para óleo) para os atacadistas
de candeia pode ser feita na base de madeira em pé ou madeira já explorada e
colocada na beira da estrada (“na porteira da fazenda”).
A venda para as indústrias que extraem óleo da candeia normalmente é feita com base no preço da madeira colocada no pátio da fábrica, ou seja, o frete é por conta do vendedor. O preço pago pela indústria varia principalmente em função da qualidade da madeira. Um dos parâmetros visuais mais utilizados para avaliar a qualidade da madeira é o diâmetro das peças, ou seja, peças de maior diâmetro tem maior valor. A explicação para este fato é que a concentração maior de óleo está no cerne. Assim, peças de maior diâmetro tem uma proporção maior de cerne que de “branco” (alburno). Outro parâmetro utilizado pelas indústrias para avaliar a qualidade da madeira é o teor de umidade. Madeiras secas e que já estão sem casca tendem a produzir mais óleo.
O valor pago pelas indústrias pode ser em relação ao mst de madeira ou em relação a quantidade de óleo que a madeira produz. No primeiro caso, a madeira contida no caminhão é medida (cubada) no pátio da indústria e o acerto entre o vendedor e o comprador é feito no momento da entrega. O valor do mst varia de R$ 50,00 a R$ 80,00, dependendo da distância de transporte. No segundo caso, o valor da madeira contida no caminhão só será definido após seu processamento pela indústria, quando será possível avaliar o rendimento na produção de óleo. Esta forma de pagamento tem sido a preferida pelas indústrias, uma vez que o risco de errar no momento de avaliar a madeira a ser adquirida é menor do que quando a compra é feita com base no mst de madeira. O valor pago pelo Kg de óleo varia de R$ 10,00 a R$ 15,00.
Para ter uma noção do
montante de recursos que a candeia gera aos grandes produtores rurais,
estimou-se a renda de um produtor rural, que no ano de 2001 extraiu cerca 3.600
mst de candeia de uma propriedade rural de 1.050 hectares, sendo cerca de 80%
ocupada com a espécie Eremanthus
erythropappus. Ele possui um caminhão para o transporte da madeira, que é
vendida pelo preço médio de R$ 50,00/mst a um atacadista que tem pátio para
estocagem de candeia. Com base nestas informações, sua renda bruta anual com a
candeia é estimada em R$ 180.000,00.
c) Atacadistas de candeia
Os atacadistas de candeia, comercializam madeira para óleo e para moirão de cerca. Alguns possuem pátios para estocar madeira de onde partem caminhões carregados de moirões com destino a diversas cidades mineiras e de outros estados, e madeira para óleo com destino às indústria existentes em Minas Gerais e São Paulo, as quais serão caracterizadas mais a frente.
Os atacadistas adquirem a
candeia colocada pelos vendedores nos pátios de estocagem, na beira da estrada
ou em pé no candeal. No caso de compra de madeira em pé há duas maneiras mais
utilizadas para definir o valor do candeal a ser adquirido a) o atacadista
estima o volume de madeira a ser extraído e paga ao proprietário das terras um
valor definido com base nesta estimativa; b) o atacadista retira a madeira do
candeal, empilha na beira da estrada, determina seu volume e efetua o pagamento
com base neste volume.
Os preços pagos pelo mst
de candeia para óleo são:
·
Madeira
em pé: de R$ 8,00 a R$ 20,00
·
Madeira
na beira da estrada: de R$ 15,00 a R$ 30,00
·
Madeira
no pátio de estocagem: de R$ 30,00 a R$ 50,00
O preço de venda da
madeira pelos atacadistas é igual ao preço de venda praticado pelos grandes
produtores rurais.
A renda obtida com a
comercialização da candeia por determinado atacadista depende de fatores como
preço de compra e venda da madeira, quantidade de caminhões usados na
atividade, etc.
Para obter uma
estimativa da renda deste segmento da cadeia, considerou-se um atacadista que
possui apenas um caminhão para transportar candeia. Ele adquire a candeia
colocada na beira da estrada pelo preço médio de R$ 23,00/mst e a vende para a
indústria de óleo por R$ 70,00/mst. Considerando a venda mensal de 3 caminhões
de candeia com uma carga de 40 mst por caminhão, obtém-se R$ 8.400,00/mês,
equivalente a uma renda anual de R$ 100.800,00.
d) Consumidores de moirão
Os consumidores de moirão já foram
caracterizados na cadeia de comercialização da Eremanthus incanus, razão pela qual não serão novamente tratados
aqui. Para a espécie Eremanthus erythropappus, estes
consumidores constituem um dos mercados terminais da cadeia de comercialização.
O outro mercado terminal é constituído pelos consumidores de cosméticos e
medicamentos em cuja formulação esteja contido a alfabisabolol extraído da
candeia.
e) Indústrias de extração de óleo de candeia
natural bruto e alfabisabolol
Há no Brasil cinco
indústrias que extraem o óleo de candeia natural bruto, sendo duas no estado de
Minas Gerais, duas no estado de São Paulo e uma no estado do Paraná (Tabela 2).
As duas indústrias paulistas produzem também o alfabisabolol a partir da
purificação do óleo bruto. A Figura 52 mostra detalhes das altoclaves (dornas)
e do pátio de estocagem de madeira de uma fábrica de óleo de candeia natural
bruto.
Além das 5 indústrias
mencionadas há uma indústria em Barra Bonita, Estado de São Paulo, que produz
alfabisabolol a partir de óleo bruto adquirido de terceiros.
TABELA 2 - Indústrias que extraem o óleo de candeia natural bruto e/ou
alfabisabolol.
Especificação |
Município
|
Estado |
- CITRÓLEO óleos essenciais indústria e comércio Ltda* |
Torrinha |
SP |
- PURITA óleos essenciais indústria e comércio Ltda* |
Torrinha |
SP |
- CITROMINAS óleos essenciais Ltda** |
Carrancas |
MG |
- CITROFLORA Ltda** |
Morro do Pilar |
MG |
- DESTILARIA MARIPÁ – Óleos essenciais** |
Maripá |
PR |
- DIERBERGER óleos essenciais S.A***. |
Barra Bonita |
SP |
* produção de óleo de candeia natural bruto e alfabisabolol
** produção de óleo de candeia natural bruto
*** produção de alfabisabolol
FIGURA 52 – Detalhes da altoclaves (dornas) e do pátio de estocagem de madeira
de uma fábrica de óleo de candeia natural bruto
A Citróleo e a Puritta produzem óleo de candeia natural bruto e fazem seu refinamento/beneficiamento para a obtenção de alfabisabolol. Este refino consiste em obter um óleo com características específicas de aspecto, cor, odor, densidade, índice de refração, rotação ótica, solubilidade em álcool, índice de acidez, pureza (GLC) em alfabisabolol, etc. O rendimento obtido no refino do óleo bruto varia de 65% a 75%, ou seja, cada Kg de óleo bruto gera 650 g a 750 g de alfabisabolol
A Citroflora, a Citrominas e a Destilaria Maripá não possuem estrutura para produzir alfabisabolol. Elas produzem óleo de candeia natural bruto e vendem este produto para as outras indústrias.
O preço de venda do Kg de óleo de candeia natural bruto varia de US$20.00 a US$ 27.00 (US$1.00 = R$ 2,30). Já o Kg de alfabisabolol varia de US$ 40.00 a US$ 60.00.
A Tabela 3 mostra a estimativa da capacidade anual de produção de óleo de candeia natural bruto da Citróleo, Puritta, Citroflora e Citrominas bem como a quantidade de madeira necessária para obter aquela produção. Juntas elas tem capacidade instalada suficiente para produzir 174 mil kg de óleo por ano.
Para estimar a quantidade de candeia consumida anualmente para produzir óleo, considerou-se um rendimento médio de 10 kg de óleo essencial extraído a partir de 1 m3 de madeira. Assim, são necessários cerca de 17,44 mil metros cúbicos para atender a demanda potencial das indústrias. Usando um fator de empilhamento igual a 1,92, obtém-se um volume de madeira de 33,4 mil metros estéreos.
TABELA 3 - Estimativa da capacidade anual de produção de óleo de candeia natural bruto e da quantidade média de madeira necessária para obter esta produção
Indústria |
Capacidade de
produção de óleo (Kg/ano) |
Quantidade
de madeira necessária (m3/ano) |
- CITRÓLEO |
43.200 |
4.320 |
- PURITA |
48.600 |
4.860 |
- CITROFLORA |
29.160 |
2.916 |
- CITROMINAS |
53.440 |
5.344 |
Total
|
174.400 |
17.440 |
Considerando um preço de
venda do óleo igual a US$20.00/Kg e levando em conta a capacidade média de
produção anual de óleo estimada anteriormente para cada indústria, elaborou-se
a Tabela 4. Nota-se que o faturamento anual estimado da Citrominas, a maior
produtora de óleo, é de mais de um milhão de dólares. Juntas as quatro
indústrias faturam cerca de mais de 3,5 milhões de dólares.
TABELA
4 - Renda bruta anual (ou faturamento) estimada das indústrias que produzem
óleo de candeia natural bruto
Indústria |
Faturamento
bruto anual estimado |
|
US$1 |
R$ |
|
- CITRÓLEO óleos essenciais ind. e comércio Ltda |
864,000.00 |
1.987.200,00 |
- PURITTA óleos essenciais ind. e comércio Ltda |
972,000.00 |
2.235.600,00 |
- CITROFLORA Ltda |
583,200.00 |
1.341.360,00 |
- CITROMINAS óleos essenciais Ltda |
1,068,800.00 |
2.458.240,00 |
Total |
3,488,000.00 |
8.022.400,00 |
1US$1.00 = R$ 2,30
f)
Indústrias/laboratórios
de cosméticos e medicamentos
Os compradores de alfabisabolol são indústrias/laboratórios nacionais e internacionais que usam este produto nas formulações de medicamentos e cosméticos. Deste ponto em diante a pulverização das indústrias é tão complexa que não foi possível descrevê-la neste estudo. Sabe-se apenas que cerca 70% do óleo de candeia é colocado no mercado externo e, muitas vezes retorna ao Brasil em forma de medicamento e cosmético já processado.
g) Consumidores
Os consumidores são os compradores de medicamentos e cosméticos em cuja formulação/constituição encontra-se o alfabisabolol.
h)
Margem de comercialização
O cálculo da margem de
comercialização dos participantes da cadeia foi feita em relação ao preço de
venda do Kg de alfabisabolol, ou seja, qual a percentagem do valor do Kg deste
produto que fica com cada membro da cadeia. A Tabela 5 mostra o preço recebido
por cada participante da cadeia de comercialização.
TABELA
5 - Preço recebido pelos participantes da cadeia de comercialização pela venda
de seus produtos
Participantes da cadeia de comercialização da
candeia |
Preço
recebido (R$/Kg)1 |
- Extratores
(PE) |
3,70 |
- Produtores
rurais (PP) |
17,02 |
- Atacadistas
(PA) |
51,80 |
- Indústrias produtoras
de óleo bruto (PIO) |
70,84. |
- Indústrias
produtoras de alfabisabolol (PIA) |
92,00 |
1 PE = preço recebido pelos extratores
para cortar e retirar até a beira da estrada a madeira necessária para produzir
1 Kg de alfabisabolol
PP = preço (madeira colocada na
beira da estrada) recebido pelos produtores rurais pela venda da madeira
consumida na produção de 1 Kg de alfabisabolol
PA = preço recebido pelos
atacadistas pela venda da madeira consumida na produção de 1 Kg de alfabisabolol
PIO = preço recebido pelas
indústrias que produzem óleo bruto, pela venda da quantidade deste produto
necessária para produzir 1 Kg de alfabisabolol
PIA = preço do Kg de
alfabisabolol, recebido pelas indústrias que o produzem
No caso dos grandes produtores
rurais, decidiu-se pela estimativa de sua margem de comercialização com base
apenas na produção de madeira para óleo, ou seja, considerou-se que eles vendem
a candeia colocada na beira da estrada diretamente aos atacadistas, não
participando, portanto, do processo de venda para as indústrias que produzem
óleo bruto.
A Figura 53 mostra que a
maior margem de comercialização corresponde aos atacadistas, os quais ficam com
37,80% do valor total pago pelos consumidores de alfabisabolol. Por outro lado,
a menor margem de comercialização fica com os extratores de candeia.
É importante observar
que no caso em que os proprietários de terra vendem candeia diretamente para as
indústrias de óleo, ou seja, sem nenhuma intermediação, como acontece muito na
região de estudo, sua margem de comercialização será ampliada de 14,48% para
52,28%, uma vez que o preço de venda será de R$ 51,80 e não de R$ 17,02.
FIGURA
53- Margem de comercialização, em percentagem, dos diferentes participantes da cadeia
de comercialização do alfabisabolol extraído da espécie Eremanthus eryhtropappus.
24.2 Conclusões e recomendações
O estudo possibilitou uma
boa caracterização da cadeia de comercialização da candeia até a produção do
alfabisabolol. Deste ponto em diante a pulverização das indústrias consumidoras
deste produto é tão complexa que não foi possível descrevê-la.
O estudo aponta para a importância sócio-econômica da exploração da candeia. Nas regiões em que há ocorrência de candeia, além de seu uso ser uma fonte de emprego de mão-de-obra, é uma atividade econômica rentável para os participantes da cadeia de comercialização.
A exploração da candeia para a produção de moirões e óleo vem sendo realizada a vários anos de forma irrestrita. Este fato, aliado ao pouco conhecimento do manejo desta espécie e ao preço atrativo do moirão e do óleo essencial nos mercados nacional e internacional, são os principais agentes causadores de um extrativismo exacerbado no estado de Minas Gerais, podendo no futuro colocar esta espécie em perigo de extinção.
A candeia é uma espécie florestal que ocorre em diversos municípios do estado de Minas Gerais, sendo utilizada em grande escala pelos habitantes destes municípios principalmente para a produção de moirões para cerca e para a produção de alfabisabolol, produto consumido pelas indústrias de cosméticos e medicamentos.
Em alguns municípios a exploração e o comércio de candeia são atividades importantes uma vez que constituem alternativas geradoras de renda e emprego principalmente para os produtores rurais. Diante destas evidências, torna-se necessário conhecer melhor os aspéctos sócio-econômicos em nível de agricultores, com vistas ao atendimento das metas institucionais de geração de bem-estar e renda no campo, de forma a evitar a expansão do desemprego no meio rural e a destruição dos recursos naturais. Assim, os objetivos da realização do presente diagnóstico foram:
A seleção de quantos e
quem entrevistar foi definida com base no “cadastramento de imóveis rurais do
Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), do INCRA, datado de 03/05/2001”.
Do universo de
propriedades rurais dos municípios que compõe cada região, definiu-se uma
amostra aleatória e estratificada proporcionalmente por classe de tamanho de
área das propriedades, as quais foram agrupadas em três estratos, quais sejam,
0 - 100 hectares, 100 a 500 hectares e > 500 hectares.
Na região de
Carrancas/Baependi, foram entrevistados 50 proprietários rurais, sendo 27 do
estrato com menos de 100 hectares, 18 do estrato de 100 a 500 hectares e 5 do
estrato com mais de 500 hectares, representando 54%, 36% e 10%, das
propriedades amostradas, respectivamente (Figura 55). Já na região de Morro do
Pilar/Barão de Cocais, foram entrevistados 75 proprietários rurais, sendo 44 do
estrato com menos de 100 hectares, 24 do estrato de 100 a 500 hectares e 7 do
estrato de mais de 500 hectares, representando %, % e %, das propriedades
amostradas, respectivamente (Figura 56).
As entrevistas com os produtores
rurais foram feitas in loco, mas este relatório não revela a identidade dos
entrevistados.
FIGURA
54 - Mapa do Estado de Minas Gerais com a localização dos municípios das duas
regiões onde foi realizado o estudo.
FIGURA
55 - Distribuição percentual dos entrevistados, por estrato em hectares, nos
doze municípios da região de Carrancas/Baependi.
FIGURA 56 - Distribuição percentual dos
entrevistados, por estrato em hectares, nos quinze municípios da região de
Morro do Pilar/Barão de Cocais.
A área total dos doze municípios
que compõe esta região é de 5.319 Km2. Segundo o último senso
realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a
população residente nestes municípios é de 76.010 habitantes, sendo 49,5%
homens e 50,5% mulheres (Figura 57), apresentando uma densidade demográfica de
14,3 habitantes/Km2. A maior parte da população (71,3%) reside em
áreas urbanas (Figura 58), mas os municípios de Aiuruoca e Minduri possuem
maior população rural do que urbana (Figura 59), dando uma característica
essencialmente rural a estes municípios. A população rural tem importância
significativa na demanda por produtos florestais, principalmente a lenha, para
uso energético.
FIGURA
57- Distribuição percentual da população masculina e feminina residente nos
doze municípios que compõe a região de Carrancas/Baependi.
Há 12,6% de pessoas com
mais de dez anos de idade que não sabem ler e escrever. No total há 49
estabelecimentos de ensino pré-escolar, 125 estabelecimentos de ensino fundamental
e 13 estabelecimentos de ensino médio. Existem 7 hospitais e 9 agências
bancárias.
FIGURA
58- Distribuição percentual da população residente em áreas urbanas e rurais
nos doze municípios que compõe a região de Carrancas/Baependi.
FIGURA 59- População urbana e rural, por município, na região de Carrancas/Baependi.
De acordo com dados do
INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 6.263
propriedades rurais nos doze municípios estudados (Figura 60), ocupando uma área
total de 342,3 mil hectares (Figura 61). 86,16% destas propriedades tem menos
de 100 hectares, 12,98% tem área entre 100 e 500 hectares e 0,86% tem área
maior que 500 hectares (Figura 62), prevalecendo um regime de minifúndios, ou
seja, a maior parte das propriedades rurais possui tamanho abaixo de 100
hectares.
FIGURA 60 -
Número de propriedades rurais, por município, na região de Carrancas/Baependi.
FIGURA
61 - Área total das propriedades rurais, por município, na região de
Carrancas/Baependi.
FIGURA
62 - Distribuição percentual do número de propriedades rurais, por estrato em
hectares, nos doze municípios da região de Carrancas/Baependi.
Na região, nota-se que as atividades agropecuárias estão em mãos de pessoas cuja idade média é de 54 anos. Em vista da falta de perspectivas no campo, os jovens tendem cada vez mais a migrarem para as cidades. É preciso urgentemente definir programas de fixação dos jovens no campo, principalmente entre os pequenos produtores.
O grau de escolaridade é baixo pois 2% dos entrevistados são analfabetos e 42% não completaram o 1o grau (Figura 63). Isto indica que os agricultores estão pouco propensos a adotarem técnicas melhoradas de produção.
FIGURA 63 - Nível de escolaridade dos entrevistados.
A maior parte dos entrevistados (70%) reside na propriedade juntamente com seus familiares (Figura 64), havendo em média 5,23 pessoas por propriedade. O número de pessoas que vivem na propriedade tende a aumentar a medida em que o tamanho da propriedade diminui.
FIGURA 64 - Local de residência dos
entrevistados
Segundo os entrevistados, os principais problemas que enfrentam são: falta de capital de giro, de assistência técnica, de tecnologia, de crédito subsidiado e de incentivo do governo. Além disso, consideram que os insumos estão muito caros e os preços dos produtos que eles produzem tem baixo valor de mercado.
Em termos de área, a pecuária é a atividade mais importante, pois cerca 62% da área total dos entrevistados está destinada a esta atividade. Porém, ao que parece, não está sendo desenvolvida corretamente. Isto porque, as pastagens nativas ainda ocupam um índice expressivo das terras (34%), e a área ocupada por capineiras (0,70%) é quase inexpressiva (Figura 65).
FIGURA 65 - Uso da terra nas propriedades
amostradas.
O milho é a cultura temporária mais expressiva na região. A seguir vem o feijão e o arroz (Figura 66). As culturas temporárias ocupam 5,6% da área total dos entrevistados. Considerando-se outras áreas que apresentam potencial de aproveitamento, este índice poderá ser ampliado, uma vez que os entrevistados de todos os estratos, tem interesse, se houver apoio, em incrementar o cultivo de, principalmente, milho e feijão. Em vista dos altos preços dos insumos, as dificuldades climáticas, falta de mecanização, entre outras, a atuação das prefeituras, apoiando e subsidiando tais culturas, pode elevar a produção/produtividade significativamente.
A produção de hortaliças é baixa na região, restringindo-se basicamente ao consumo doméstico. As olerícolas mais frequentes nas propriedades visitadas são, pela ordem: abóbora, couve, alface, repolho, chuchu, beterraba e jiló. É preciso incentivar mais a formação de hortas caseiras na região, para complementação alimentar e até para comercializar, já que alguns agricultores estão interessados nesta atividade.
FIGURA 66 - Principais produtos agrícolas produzidos nas propriedades amostradas.
As culturas permanentes como o café e as plantas frutíferas ocupam uma área pequena nas propriedades visitadas (0,5%). A fruticultura na região é basicamente para consumo familiar. As frutas mais comuns detectadas nos pomares domésticos foram, em ordem decrescente de freqüência nas propriedades: limão, laranja, manga, banana, abacate, mexerica e jabuticaba. Entre os 50 entrevistados 18 manifestaram interesse em iniciar e/ou incrementar pomares em suas propriedades. Já no caso do café, apenas um produtor manifestou interesse em iniciar e/ou incrementar esta atividade em sua propriedade. Este desinteresse pela atividade é um reflexo do baixo preço atual do café.
O índice de reflorestamento (0,8%) por parte do entrevistados, é inexpressivo. Deve-se incentivar o reflorestamento e o florestamento através de mudas e orientação técnica, já que um número expressivo de produtores manifestaram interesse na produção de madeira. A criação de um programa de florestamento e reflorestamento pode propiciar, além do atendimento às exigências de preservação ambiental e de encostas, o aumento da capacidade de suporte para a produção de madeira, exploração apícola, essências, etc. Tal atividade pode resultar, a médio prazo, em uma alternativa econômica significativa para todos os produtores dos 12 municípios amostrados.
A área ocupada com o cultivo da cana de açúcar (0,70% da área total) é destinada ao trato animal e produção de cachaça.
Um fato importante é que, nas propriedades visitadas, a área ocupada com candeia representa 7,50% da área total. Este índice mostra a presença marcante da candeia nos municípios amostrados. É de se supor que programas relacionados ao uso desta espécie tenham êxito na região, já que 78% dos entrevistados manifestaram interesse em iniciar/incrementar o plantio e/ou o manejo da candeia.
A bovinocultura na região é um misto carne e leite. Outros produtos pecuários como o queijo e a manteiga tem pouco significado econômico para os entrevistados, exceto no caso de um produtor que produziu 144.000 Kg de queijo no último ano agrícola (2001).
A comercialização não aparenta ser um problema, exceto pelos baixos preços pagos aos produtores, problema este que é nacional. A saída possível para aumentar a renda dos produtores é incrementar a produtividade com o apoio de entidades privadas ou governamentais. Sugere-se colocar em andamento um Programa de Desenvolvimento da Pecuária. Deverá estar voltado principalmente para o melhoramento genético, melhoria de pastagens, manejo do rebanho e suplementação alimentar nos períodos de seca.
A suinocultura na região é incipiente e de características rústicas, exceto no caso de um produtor que produziu 2.000 arrobas de carne de porco no último ano agrícola. A comercialização de excedentes não é expressiva e a maioria da produção é para consumo familiar. Os poucos produtores dispostos a iniciar/incrementar a atividade necessitam, principalmente, de maior orientação e assistência técnica para melhoramento e alternativas de arraçoamento.
A avicultura de corte e postura não desperta interesse maior dos produtores entrevistados. Alguns agricultores criam aves para auto-consumo de carne e ovos, na chamada “avicultura de fundo de quintal”.
O número de equinos/muares amostrados indica a existência, na média, de cerca de 11,22 animais de tração e/ou sela por propriedade. Este fato, aliado ao expressivo numero de implementos de tração animal e carroças indica que é preciso orientar os proprietários sobre melhoramento genético, adestramento, alimentação e manejo do rebanho equino, cuja importância e utilidade no contexto regional é fundamental. A venda de equinos/muares é pequena e corresponde apenas aos excedentes.
Outro fato que pode estar associado ao grande número de equinos/muares encontrados é que há bastante candeia nesta região e, normalmente os extratores de candeia utilizam estes animais para retirar a madeira de dentro do candeal.
No
que se refere às benfeitorias existentes nas propriedades amostradas, chamam a
atenção as seguintes situações:
Cochos para sal mineral: o número de cochos sem cobertura é maior que o de cochos cobertos. O fato significa que, provavelmente, acontece uma perda significativa de minerais nos períodos chuvosos. Coberturas simples, de baixo custo, poderiam ser recomendadas via EMATER-MG.
Silos: no total existem 45 silos nas 50 propriedades visitadas. Por se tratar de uma região onde a pecuária é significativa, este número é reduzido. Este fato pode significar que os produtores tem dificuldades para alimentar os rebanhos na seca. Pode-se observar, inclusive, que muitos produtores valem-se de cana picada e capim para alimentar o gado. Silos de trincheira e de superfície são de baixo custo e podem garantir alimentação farta para os rebanhos. Incentivo e apoio para a construção de silos deve ser uma ação prioritária.
Quanto aos Paióis observou-se que na sua maioria são rústicos, o que implica em armazenamento inadequado, com perdas significativas causadas por pragas e roedores. Paióis simples e eficientes já desenvolvidos e amplamente divulgados pelos orgãos de pesquisa/extensão, devem ser objeto de uma campanha de difusão, a ser coordenada pelas instituições locais.
Os alambiques (5), engenhos (5) e serrarias (6) encontrados comprovam que a produção de cachaça, rapadura e madeira tem certa expressividade na região.
A maior parte da tração mecânica (tratores e implementos) existente na região, encontra-se nas propriedades maiores. Por exemplo, dos 24 tratores de pneu existentes, 15 são de propriedades com mais de 100 hectares.
Implementos de tração animal (arado, sulcador e plantadeira) e manual (plantadeira e pulverizador costal) também estão presentes em diversas propriedades. Carroças e carro de bois são utilizados em um número expressivo de propriedades, independente da classe de área.
Segundo o volume da aquisição de insumos
informados pelos entrevistados, pode se inferir o seguinte:
·
Arraçoamento:
o arraçoamento do gado bovino é suficiente para uma produção de leite
econômica. Considerando apenas os farelos, rações e milhos adquiridos tem-se um
índice de, aproximadamente, 3.856 Kg em arraçoamento por dia para 2245 matrizes
(vacas) ou seja, média diária de 1,71 Kg/vaca. Certamente esta relação é maior
se for levado em consideração o milho produzido na própria propriedade que é
usado para a alimentação do rebanho.
·
Vacinas: pelos dados sobre compra de doses
contra aftosa (são necessárias duas doses por ano), cerca de 89% do rebanho foi
vacinado. No caso das demais vacinas específicas os números indicam que o
rebanho foi vacinado de madeira razoável.
A análise da orientação na compra de insumos indica falta de assistência técnica, pois 68% dos entrevistados alegam decidir o uso de insumos por conta própria, o que revela amadorismo. Somente os técnicos é que devem indicar o que, quanto e como usar, principalmente produtos veterinários, fertilizantes, rações e defensivos.
A maioria dos entrevistados (88%) exploram suas terras há mais de 5 anos, em média. Apenas 40% comprou suas terras, o que sugere uma baixa migração regional. Cerca de 38% dos entrevistados herdou suas terras (Figuras 67 e 68), mostrando que na região também a certo grau de tradição na agropecuária, mesmo porque a maior parte dos amostrados (68%) não desenvolvem outras atividades econômicas fora da propriedade.
FIGURA 67 - Tempo de exploração das propriedades pelos proprietários
atuais.
FIGURA 68 - Forma de aquisição
da propriedade pelos proprietários atuais
Apenas 42% dos entrevistados é filiado à
cooperativas (Figura 69) e 60% deles é sindicalizado (Figura 70). É necessário
que os sindicatos e cooperativas locais e regionais realizem um trabalho de
filiação, mobilização e conscientização maior.
FIGURA 69 - Participação dos
entrevistados em cooperativas.
FIGURA 70 - Participação dos
entrevistados em sindicatos.
No último ano agrícola 24% dos produtores
entrevistados utilizou o crédito rural (Figura 71). A importância do crédito
rural para o desenvolvimento agropecuário sugere o estudo de uma sistemática de
crédito rural via cooperativas, ou um sistema de financiamento baseado na
equivalência produto, coordenado pelas entidades regionais, em apoio aos
produtores que não têm condições de tomar crédito junto aos bancos.
FIGURA 71 - Utilização de crédito rural pelos produtores no último ano agrícola.
Cerca de 36% dos entrevistados trabalha apenas com mão-de-obra familiar em suas propriedades (Figura 72). Nas propriedades com mais de 500 hectares toda a mão-de-obra utilizada é contratada.
Em relação a mão-de-obra contratada, a maior parte (70%) trabalha de forma permanente nas propriedades, sendo o restante contratada de forma temporária para a execução de tarefas em épocas especificas ao longo do ano (Figura 73). Trabalhadores braçais, retireiros e tratoristas constituem o tipo de mão-de-obra mais requisitado pelos entrevistados (Figura 74).
FIGURA 72 - Tipo de mão-de-obra
usada na propriedade.
FIGURA 73 - Percentual da mão-de-obra permanente e temporária contratada pelos proprietários entrevistados.
FIGURA
74 - Participação percentual dos tipos da mão-de-obra contratada pelos
proprietários entrevistados.
Há
pouca assistência técnica nos municípios pesquisados. A EMATER – MG, técnicos
particulares, dos sindicatos e do IEF-MG visitaram, no total apenas 30
propriedades (60%) (Figura 75). Por essa razão, acredita-se, é que 21
entrevistados não adotam qualquer prática de conservação de solos. O fato
indica que é preciso uma união de esforços de entidades regionais para a
promoção conjunta de eventos, ações de orientações e assistência técnica com
maior frequência e intensidade.
FIGURA 75 - Categorias de técnicos que visitaram as propriedades dos entrevistados, em percentagem.
A área total dos quinze
municípios que compõe esta região é de 9.682 Km2. Segundo o último
senso realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a
população residente nestes municípios é de 316.491 habitantes, sendo 50,87%
homens e 49,13 % mulheres (Figura 76), apresentando uma densidade demográfica
de 32,7 habitantes/Km2. Quase 80% da população reside em áreas
urbanas (Figura 77), mas os municípios de Nova União, Taquaruçu de Minas,
Santana do Riacho, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato Dentro, Bom Jesus
do Amparo, São Gonçalo do Rio Abaixo e Santo Antônio do Rio Abaixo possuem
maior população rural do que urbana, dando uma característica essencialmente
rural a estes municípios (Figura 78). A população rural tem importância
significativa na demanda por produtos florestais, principalmente a lenha, para
uso energético.
FIGURA
76- Distribuição percentual da população masculina e feminina residente nos
quinze municípios que compõe a região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.
A taxa de alfabetização
dos quinze municípios é de 89,4%, havendo um total de 108 estabelecimentos de
ensino pré-escolar, 284 estabelecimentos de ensino fundamental e 36
estabelecimentos de ensino médio. No setor de saúde a situação é bem precária,
havendo apenas 9 hospitais. O número total de agências bancárias é de 79.
FIGURA
77 - Distribuição percentual da população residente em áreas urbanas e rurais
nos quinze municípios da região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.
FIGURA
78 - População urbana e rural, por município, na região de Morro do
Pilar/Barão de Cocais.
O número de propriedades
rurais dos municípios é de 9.291 (Figuras 79 e 80), sendo que deste total
91,15% tem menos de 100 hectares, 7,75% estão no estrato de 100 a 500 hectares
e 1,10% estão acima de 500 hectares (Figura 81), prevalecendo um regime de
minifúndios, já que a maior parte das propriedades rurais possui tamanho abaixo
de 100 hectares (INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
FIGURA 79 - Número de propriedades
rurais, por município, na região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.
FIGURA
80 - Área total das propriedades rurais, por município, na região de Morro do
Pilar/Barão de Cocais.
FIGURA
81 - Distribuição percentual do número de propriedades rurais, por estrato em hectares,
nos quinze municípios da região de Morro do Pilar/Barão de Cocais.
Na região, nota-se que as atividades agropecuárias estão em mãos de pessoas cuja idade média é de 51 anos. Em vista da falta de perspectivas no campo, os jovens tendem cada vez mais a migrarem para as cidades. É preciso urgentemente definir programas de fixação dos jovens no campo, principalmente entre os pequenos produtores.
O grau de escolaridade é baixo pois 56% dos entrevistados não completaram o 1o grau (Figura 82), por isso estão pouco propensos a adotarem técnicas melhoradas de produção.
FIGURA 82 - Nível de
escolaridade dos entrevistados.
Quase a metade dos entrevistados reside na propriedade juntamente com seus familiares (Figura 83), havendo em média 5,65 pessoas por propriedade. Em nenhuma das propriedades com mais de 500 hectares há membros da família residindo na propriedade.
FIGURA 83 - Local de residência
dos entrevistados.
Segundo os entrevistados,
os principais problemas que enfrentam são: falta de capital de giro, de
assistência técnica, de tecnologia, de crédito subsidiado e de incentivo do
governo. Além disso, consideram que os insumos estão muito caros e os preços
dos produtos que eles produzem tem baixo valor de mercado.
Em termos de área, a pecuária é a atividade mais importante, pois cerca 27,41% da área total dos entrevistados está destinada a esta atividade, sendo a maior parte constituída de pastagem artificial (Figura 84).
FIGURA 84 - Uso da terra nas
propriedades amostradas.
O milho é a cultura
temporária mais expressiva na região. A seguir vem o feijão e a mandioca
(Figura 85). As culturas temporárias ocupam 5,06% da área total dos entrevistados.
Considerando-se outras áreas que apresentam potencial de aproveitamento, este
índice poderá ser ampliado, uma vez que 37,33% dos entrevistados, tem
interesse, se houver apoio, em incrementar o cultivo de culturas temporárias
como o milho e o feijão. Em vista dos altos preços dos insumos, as dificuldades
climáticas, falta de mecanização, entre outras, a atuação das prefeituras,
apoiando e subsidiando tais culturas, pode elevar a produção/produtividade
significativamente.
A produção de hortaliças é baixa na região, restringindo-se basicamente ao consumo doméstico. As olerícolas mais frequentes nas propriedades visitadas são, pela ordem: couve, quiabo, abóbora, alface, chuchu, jiló e urucum. É preciso incentivar mais a formação de hortas caseiras na região, para complementação alimentar e até para comercializar, já que alguns agricultores estão interessados nesta atividade.
FIGURA 85 - Principais produtos agrícolas produzidos
nas propriedades amostradas.
As culturas permanentes como o café e as plantas frutíferas ocupam uma área pequena nas propriedades visitadas (0,66%). A fruticultura na região é basicamente para consumo familiar. As frutas mais comuns detectadas nos pomares domésticos foram, em ordem decrescente de freqüência nas propriedades: banana, laranja, manga, limão, abacate e mexerica. 42,67% dos entrevistados manifestaram interesse em iniciar e/ou incrementar pomares em suas propriedades. Já no caso do café, apenas 9,33 dos produtores manifestaram interesse em iniciar e/ou incrementar esta atividade em sua propriedade.
A área ocupada com reflorestamento representa 10,22% da área total das propriedades amostradas. Este índice é significativo e enfatiza a necessidade de promover mais orientação técnica em relação a formação e manejo de florestas plantadas afim de aumentar a produção e a produtividade das área já reflorestadas. A criação de um programa de florestamento e reflorestamento pode alcançar bons resultados já que 29,33% dos entrevistados manifestaram interesse em iniciar/incrementar atividades relacionadas ao florestamento/reflorestamento de áreas em suas propriedades.
A
área ocupada com o cultivo da cana de açúcar (0,76% da área total) é destinada
ao trato animal e produção de cachaça.
Nas propriedades amostradas 25% da área é ocupada com candeia, o que demonstra a importância desta espécie nos municípios estudados. É importante desenvolver programas relacionados ao manejo adequado de candeia afim de conter a exploração desordenada a que esta sujeita. Programas de incentivo ao plantio de candeia têm possibilidade de sucesso já que 37,33% dos entrevistados manifestaram interesse neste tipo de atividade.
O número de reprodutores, apurado junto aos entrevistados, indica uma boa relação touro/matriz (1/13,9).
Nas 75 propriedades amostradas são produzidos diariamente 2.992 litros de leite, o que dá uma produção diária média por propriedade de 39,9 litros. A produção mensal de queijo é bem significativa, situando-se em torno de 70,6 Kg/propriedade amostrada. Outros produtos pecuários como a manteiga e o requeijão também tem razoável significado econômico para os entrevistados.
A comercialização não aparenta ser um
problema, exceto pelos baixos preços pagos aos produtores, problema este que é
nacional. A saída possível para aumentar a renda dos produtores é incrementar a
produtividade com o apoio de entidades privadas ou governamentais.
No último ano agrícola foram produzidas 1.443 arrobas de carne de porco nas propriedades amostradas, sendo a maior parte para o consumo familiar. A comercialização de excedentes foi feita, principalmente em feira livre (76,23%).
Alguns agricultores criam aves para auto-consumo de carne e ovos, na chamada “avicultura de fundo de quintal”. Quando há algum excedente, vendem em feiras livres e para agricultores vizinhos.
O número de equinos/muares amostrados indica a existência, na média, de cerca de 4,71 animais de tração e/ou sela por propriedade. O fato de haver bastante candeia na região pode ser uma das explicações para a existência deste número significativo de animais, já que eles normalmente são utilizados para extrair madeira de dentro dos candeais. A venda de equinos/muares é pequena e corresponde apenas aos excedentes.
Foram produzidos quase dois mil quilos de mel no último ano agrícola, sugerindo que a região tem aptidão para esta atividade, merecendo, portanto, maior atenção por parte dos orgãos de apoio ao seu desenvolvimento.
No
que se refere às benfeitorias existentes nas propriedades amostradas, chamam a
atenção as seguintes situações:
Cochos para sal mineral: há 136 cochos sem cobertura e 48 cochos cobertos. Nos cochos sem cobertura, provavelmente, acontece uma perda significativa de minerais nos períodos chuvosos. Coberturas simples, de baixo custo, poderiam ser recomendadas via EMATER-MG.
Silos: nas 75 propriedades visitadas há apenas 8 silos. Este número reduzido pode significar que os produtores tem dificuldades para alimentar os rebanhos na seca. Pode-se observar, inclusive, que muitos produtores valem-se de cana picada e capim para alimentar o gado. Silos de trincheira e de superfície são de baixo custo e podem garantir alimentação farta para os rebanhos. Incentivo e apoio para a construção de silos deve ser uma ação prioritária.
Paióis: na sua maioria são rústicos, o que implica em armazenamento inadequado, com perdas significativas causadas por pragas e roedores. Paióis simples e eficientes já desenvolvidos e amplamente divulgados pelos orgãos de pesquisa/extensão, devem ser objeto de uma campanha de difusão, a ser coordenada pelas instituições locais.
Os 10 alambiques e os 23 engenhos encontrados comprovam que a produção de cachaça e rapadura tem muita expressividade na região.
Fornos de carvão: a produção de carvão na região é bastante expressiva, fato comprovado pela existência de 77 fornos para carbonização encontrados nas propriedades amostradas.
A tração mecânica (tratores e implementos) existente nas propriedades amostradas é pequena. Há apenas 5 tratores de pneu e 3 tratores de esteira. Implementos de tração animal (arado, sulcador e plantadeira) e manual (plantadeira e pulverizador costal) também estão presentes em diversas propriedades. Carroças e carro de bois são utilizados em algumas propriedades, em todas as classe de área.
Segundo o volume da aquisição de insumos
informados pelos entrevistados, pode se inferir o seguinte:
·
Arraçoamento:
o arraçoamento do gado bovino não é suficiente para uma produção de leite
econômica. Considerando apenas os farelos, rações e milho adquiridos, tem-se um
índice de, aproximadamente, 1.212 Kg em arraçoamento por dia para 1.265
matrizes (vacas) ou seja, média diária de 0,96 Kg/vaca. Considerando que as
45,68 toneladas de milho produzidas nas propriedades seja utilizada para
alimentação do rebanho, o arraçoamento médio diário passa para 1,06 kg/vaca,
que ainda não é suficiente para se obter uma produção de leite econômica.
·
Vacinas: pelos dados sobre compra de doses
contra aftosa (são necessárias duas doses por ano), apenas 74% do rebanho foi
vacinado. No caso das demais vacinas específicas os números indicam que o
rebanho foi vacinado de madeira razoável.
A análise da orientação na compra de insumos indica falta de assistência técnica, pois 44% dos entrevistados alegam decidir o uso de insumos por conta própria, o que revela amadorismo. Somente os técnicos é que devem indicar o que, quanto e como usar, principalmente produtos veterinários, fertilizantes, rações e defensivos.
A maioria dos entrevistados (90,67) exploram suas terras há mais de 5 anos, em média. 55% das propriedades foram compradas, o que sugere uma alta migração regional. 32% dos entrevistados herdou suas terras (Figuras 86 e 87), mostrando que na região também a certo grau de tradição na agropecuária, mesmo porque 49% não desenvolvem outras atividades econômicas fora da propriedade.
FIGURA 86 - Tempo de exploração
das propriedades pelos proprietários atuais.
FIGURA 87 - Forma de aquisição da propriedade
pelos proprietários atuais.
Apenas 8% dos entrevistados é filiado à
cooperativas e 18,7% deles é sindicalizado (Figuras 88 e 89). É necessário que
os sindicatos e cooperativas locais e regionais realizem um trabalho de
filiação, mobilização e conscientização maior.
No último ano agrícola 9,33% dos produtores entrevistados utilizou o crédito rural (Figura 90). A importância do crédito rural para o desenvolvimento agropecuário sugere o estudo de uma sistemática de crédito rural via cooperativas, ou um sistema de financiamento baseado na equivalência produto, coordenado pelas entidades regionais, em apoio aos produtores que não têm condições de tomar crédito junto aos bancos.
FIGURA 88 - Participação dos
entrevistados em cooperativas.
FIGURA 89 - Participação dos entrevistados em sindicatos.
FIGURA 90 - Utilização de crédito rural pelos produtores no último ano agrícola.
Cerca de 36% dos entrevistados trabalha apenas com mão-de-obra familiar em suas propriedades (Figura 91). Nas propriedades com mais de 500 hectares 86% da mão-de-obra utilizada é contratada.
FIGURA 91 - Tipo de mão-de-obra usada na propriedade.
Em relação a mão-de-obra contratada, a maior parte (75%) trabalha de forma temporária nas propriedades, realizando tarefas em épocas especificas ao longo do ano (Figura 92). Trabalhadores braçais, vaqueiros, retireiros, lenhadores e operadores de motoserra constituem o tipo de mão-de-obra mais requisitado pelos entrevistados (Figura 93).
FIGURA
92 - Percentual da mão-de-obra permanente e temporária contratada pelos
proprietários entrevistados.
FIGURA 93 - Participação percentual dos tipos da mão-de-obra contratada pelos proprietários entrevistados.
Há
pouca assistência técnica nos municípios pesquisados. Técnicos particulares e
técnicos do IMA visitaram 15 e 10 propriedades cada, respectivamente. No total
apenas 48% das propriedades foram visitadas (Figura 94). Esta pode ser uma das
razões para a não adoção de técnicas de conservação do solo por 61
entrevistados.
O
fato indica que é preciso uma união de esforços de entidades regionais para a
promoção conjunta de eventos, ações de orientações e assistência técnica com
maior frequência e intensidade.
FIGURA
94 - Categorias de técnicos que visitaram as propriedades dos entrevistados, em
percentagem.
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